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segunda-feira, 20 de junho de 2011

"A EXALTAÇÃO DA CORTESIA"

As criaturas que se afeiçoam aos artifícios da preguiça, que se mascara de humildade, de covardia, que se finge de bom para melhor acomodar-se às conveniências humanas, sofrerão duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos. Pois todos  somos credores uns dos outros.
Bem aventurados os homens de trato ameno  que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de bondade e o verbo da compreensão!
Bem aventurados os filhos do equilíbrio e da gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que o solicita sem saber o que pede! Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição sem alarde para que o próximo lhes aproveite a influencia na felicidade justa de todos! Bem aventurados aqueles que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam!
Em verdade vos digo que a estes pertencerá o domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os semelhantes dentro das normas do amor e do respeito é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo.

Chico Xavier. Pelo Espírito:”Neio Lúcio.”

"A EXALTAÇÃO DA CORTESIA"

As criaturas que se afeiçoam aos artifícios da preguiça, que se mascara de humildade, de covardia, que se finge de bom para melhor acomodar-se às conveniências humanas, sofrerão duramente os instrumentos espirituais de que o mundo se utiliza para reajustar os caracteres tortuosos e indecisos. Pois todos  somos credores uns dos outros.
Bem aventurados os homens de trato ameno  que sabem usar a energia construtiva entre o gesto de bondade e o verbo da compreensão!
Bem aventurados os filhos do equilíbrio e da gentileza que aprendem a negar o mal, sem ferir o irmão ignorante que o solicita sem saber o que pede! Abençoados os que repetem mil vezes a mesma lição sem alarde para que o próximo lhes aproveite a influencia na felicidade justa de todos! Bem aventurados aqueles que sabem tratar o rico e o pobre, o sábio e o inculto, o bom e o mau, com espírito de serviço e entendimento, dando a cada um de conformidade com os seus méritos e necessidades e deixando os sinais de melhoria, de elevação, bem-estar e contentamento por onde cruzam!
Em verdade vos digo que a estes pertencerá o domínio espiritual da Terra, porque todo aquele que acolhe os semelhantes dentro das normas do amor e do respeito é senhor dos corações que se aperfeiçoam no mundo.

Chico Xavier. Pelo Espírito:”Neio Lúcio.”

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"PROCESSO REENCARNATÓRIO"



Quando ainda se encontra na condição de inquilino temporário das colônias espirituais, o Espírito se arrepende da falhas cometidas e, com o coração transbordando de boas intenções, solicita nova oportunidade reencarnatória  na qual propõe, por desejo legítimo, se recompor com desafetos do passado, reparar o mal praticado anteriormente, retomar o bem negligenciado no passado, ser bom, caridoso, paciente e compreensivo.
Neste breve espaço de tempo, entre uma existência e outra, em que  Espírito se encontra em estágio nas colônias de recuperação, sente-se fortalecido, porque as vibrações que envolvem a atmosfera dessas paragens espirituais são de amor, de equilíbrio, de bondade e compreensão.  Nessas condições, o espírito é o Juiz de si mesmo, porque é a própria consciência que identifica onde falhou, os erros cometidos, o bem que negligenciou e as oportunidades que desperdiçou.
Envergonhado, solicita a benção de mais uma experiência reencarnatória, e seu pedido será analisado cuidadosamente, planejado com muito critério para que o espírito reencarnante seja alertado para não assumir compromissos superiores às sua próprias forças. Assim funciona a misericórdia divina, pois o espírito infrator pode resgatar seu passado delituoso de forma suave, de acordo com as possibilidades de cada um.
Os instrutores encarregados do planejamento reencarnatório analisam cada petição e, juntamente com os mentores responsáveis, ponderam sobre a missão que cada um pode assumir, o que, via de regra, reduz drasticamente as pretensões das reencarnações . Porém, quando desperta na matéria, a maioria de nós tem dificuldade para cumprir o mínimo do que prometemos no plano espiritual.
As vibrações são heterogêneas e antagônicas, e, todos os dias, o espírito reencarnado é submetido a provas e tentações constantes. O benfazejo esquecimento do passado permite que possa retomar suas lições do zero e recomeçar, mas, em sua consciência, está gravado o sentimento do compromisso assumido e do dever a cumprir.
Contudo, na matéria, tudo é muito difícil, porque a maioria dos espíritos ainda não
Conseguiram se desprender as mazelas milenares que ainda se encontram arraigadas em nossos instintos adormecidos e, dessa forma, o comodismo e a indolência, a porta larga da vida, nos leva mais uma vez a negligenciar os compromissos assumidos na espiritualidade.
É muito triste verificar que existem muitos espíritos que só acordam após a visita da
dor ; que muitos de nós ainda esperem pela dor, quando muitos sofrimentos e dissabores poderiam ser evitados se nos dispuséssemos à pratica do amor, do perdão e da caridade.
Os amigos protetores no inspiram sobre a necessidade do bem, mas, na maioria das vezes, fazemos ouvidos surdos; insuflam-nos idéias felizes, mas simplesmente as dispersamos e, assim, diante das tentações da matéria, adiamos mais e mais até que chega o momento em que recebemos a visita da dor; nos resgates coletivos, nos acontecimentos dolorosos da perda de um ente querido na fatalidade de um trágico acidente, na doença incurável, para que, em espírito, possamos despertar para a realidade da vida, da evolução espiritual, que é o destino de todos nós, seja pelo amor ou pela dor.
Mensagem tirada do Livro: “O SÉTIMO SELO.”
Médium:”ANTONIO DEMARCHI”. Pelo Espírito:”IRMÃO  VIRGILIO”.

"PROCESSO REENCARNATÓRIO"



Quando ainda se encontra na condição de inquilino temporário das colônias espirituais, o Espírito se arrepende da falhas cometidas e, com o coração transbordando de boas intenções, solicita nova oportunidade reencarnatória  na qual propõe, por desejo legítimo, se recompor com desafetos do passado, reparar o mal praticado anteriormente, retomar o bem negligenciado no passado, ser bom, caridoso, paciente e compreensivo.
Neste breve espaço de tempo, entre uma existência e outra, em que  Espírito se encontra em estágio nas colônias de recuperação, sente-se fortalecido, porque as vibrações que envolvem a atmosfera dessas paragens espirituais são de amor, de equilíbrio, de bondade e compreensão.  Nessas condições, o espírito é o Juiz de si mesmo, porque é a própria consciência que identifica onde falhou, os erros cometidos, o bem que negligenciou e as oportunidades que desperdiçou.
Envergonhado, solicita a benção de mais uma experiência reencarnatória, e seu pedido será analisado cuidadosamente, planejado com muito critério para que o espírito reencarnante seja alertado para não assumir compromissos superiores às sua próprias forças. Assim funciona a misericórdia divina, pois o espírito infrator pode resgatar seu passado delituoso de forma suave, de acordo com as possibilidades de cada um.
Os instrutores encarregados do planejamento reencarnatório analisam cada petição e, juntamente com os mentores responsáveis, ponderam sobre a missão que cada um pode assumir, o que, via de regra, reduz drasticamente as pretensões das reencarnações . Porém, quando desperta na matéria, a maioria de nós tem dificuldade para cumprir o mínimo do que prometemos no plano espiritual.
As vibrações são heterogêneas e antagônicas, e, todos os dias, o espírito reencarnado é submetido a provas e tentações constantes. O benfazejo esquecimento do passado permite que possa retomar suas lições do zero e recomeçar, mas, em sua consciência, está gravado o sentimento do compromisso assumido e do dever a cumprir.
Contudo, na matéria, tudo é muito difícil, porque a maioria dos espíritos ainda não
Conseguiram se desprender as mazelas milenares que ainda se encontram arraigadas em nossos instintos adormecidos e, dessa forma, o comodismo e a indolência, a porta larga da vida, nos leva mais uma vez a negligenciar os compromissos assumidos na espiritualidade.
É muito triste verificar que existem muitos espíritos que só acordam após a visita da
dor ; que muitos de nós ainda esperem pela dor, quando muitos sofrimentos e dissabores poderiam ser evitados se nos dispuséssemos à pratica do amor, do perdão e da caridade.
Os amigos protetores no inspiram sobre a necessidade do bem, mas, na maioria das vezes, fazemos ouvidos surdos; insuflam-nos idéias felizes, mas simplesmente as dispersamos e, assim, diante das tentações da matéria, adiamos mais e mais até que chega o momento em que recebemos a visita da dor; nos resgates coletivos, nos acontecimentos dolorosos da perda de um ente querido na fatalidade de um trágico acidente, na doença incurável, para que, em espírito, possamos despertar para a realidade da vida, da evolução espiritual, que é o destino de todos nós, seja pelo amor ou pela dor.
Mensagem tirada do Livro: “O SÉTIMO SELO.”
Médium:”ANTONIO DEMARCHI”. Pelo Espírito:”IRMÃO  VIRGILIO”.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

"A ORDEM DO MESTRE"



 
Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
- João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
- Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no século VI da era cristã.
- Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que me interessa em te argüindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
- Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a manjedoira, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança. Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um mel divino no coração piedoso de Maria!...
Retrocedendo no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças de Vossa idade, a fuga nos braços carinhosos da Vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o Vosso e nosso Pai, preparando-Vos para o desempenho da missão única que Vos fez abandonar por alguns momentos os palácios de sol da mansão celestial para descer sobre as lamas da Terra.
- Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas atinentes à minha doutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos inconoclastas em 787 e tanto contrariaram os homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação  dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem lhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jovem, Marcos por um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.
- E os meus representante, João, que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor.
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
- Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que falavam em vosso nome na Terra.
- Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres, meu João, para solucionar tão amargo problema?
- Já não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-Amado, se traficam com o objeto sagrado da vossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável, há mais de cinqüenta anos, o Espiritismo veio, com as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.

Humberto de Campos
(Recebida em Pedro Leopoldo a 20 de dezembro de 1935)

Do livro Crônicas de Além Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


"A ORDEM DO MESTRE"



 
Avizinhando-se o Natal, havia também no Céu um rebuliço de alegrias suaves. Os Anjos acendiam estrelas nos cômoros de neblinas douradas e vibravam no ar as harmonias misteriosas que encheram um dia de encantadora suavidade a noite de Belém. Os pastores do paraíso cantavam e, enquanto as harpas divinas tangiam suas cordas sob o esforço caricioso dos zéfiros da imensidade, o Senhor chamou o Discípulo Bem-Amado ao seu trono de jasmins matizados de estrelas.
O vidente de Patmos não trazia o estigma da decrepitude como nos seus últimos dias entre as Espórades. Na sua fisionomia pairava aquela mesma candura adolescente que o caracterizava no princípio do seu apostolado.
- João – disse-lhe o Mestre – lembras-te do meu aparecimento na Terra?
- Recordo-me, Senhor. Foi no ano 749 da era romana, apesar da arbitrariedade de frei Dionísios, que colocou erradamente o vosso natalício em 754, calculando no século VI da era cristã.
- Não, meu João – retornou docemente o Senhor – não é a questão cronológica que me interessa em te argüindo sobre o passado. É que nessas suaves comemorações vem até mim o murmúrio doce das lembranças!...
- Ah! sim, Mestre Amado – retrucou pressuroso o Discípulo – compreendo-vos. Falais da significação moral do acontecimento. Oh!...se me lembro... a manjedoira, a estrela guiando os poderosos ao estábulo humilde, os cânticos harmoniosos dos pastores, a alegria ressoante dos inocentes, afigurando-se nos que os animais vos compreendiam mais que os homens, aos quais ofertáveis a lição da humildade com o tesouro da fé e da esperança. Naquela noite divina, todas as potências angélicas do paraíso se inclinaram sobre a Terra cheia de gemidos e de amargura para exaltar a mansidão e a piedade do Cordeiro. Uma promessa de paz desabrochava para todas as coisas com o vosso aparecimento sobre o mundo. Estabelecera-se um noivado meigo entre a Terra e o Céu e recordo-me do júbilo com que Vossa Mãe vos recebeu nos seus braços feitos de amor e de misericórdia. Dir-se-ia, Mestre, que as estrelas de ouro do paraíso fabricaram, naquela noite de aromas e de radiosidades indefiníveis um mel divino no coração piedoso de Maria!...
Retrocedendo no tempo, meu Senhor bem-amado, vejo o transcurso da vossa infância, sentindo o martírio de que fostes objeto; o extermínio das crianças de Vossa idade, a fuga nos braços carinhosos da Vossa progenitora, os trabalhos manuais em companhia de José, as vossas visões maravilhosas no Infinito, em comunhão constante com o Vosso e nosso Pai, preparando-Vos para o desempenho da missão única que Vos fez abandonar por alguns momentos os palácios de sol da mansão celestial para descer sobre as lamas da Terra.
- Sim, meu João, e, por falar nos meus deveres, como seguem no mundo as coisas atinentes à minha doutrina?
- Vão mal, meu Senhor. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, efetuado para combater o cisma de Ario em 325, as vossas verdades são deturpadas. Ao arianismo seguiu-se o movimento dos inconoclastas em 787 e tanto contrariaram os homens o Vosso ensinamento de pureza e de simplicidade, que eles próprios nunca mais se entenderam na interpretação  dos textos evangélicos.
- Mas não te recordas, João, que a minha doutrina era sempre acessível a todos os entendimentos? Deixei aos homens a lição do caminho, da verdade e da vida sem lhes haver escrito uma só palavra.
- Tudo isso é verdade, Senhor, mas logo que regressastes aos vossos impérios resplandecentes, reconhecemos a necessidade de legar à posteridade os vossos ensinamentos. Os evangelhos constituem a vossa biografia na Terra; contudo, os homens não dispensam, em suas atividades, o véu da matéria e do símbolo. A todas as coisas puras da espiritualidade adicionam a extravagância de suas concepções. Nem nós e nem os evangelhos poderíamos escapar. Em diversas basílicas de Rávena e de Roma, Mateus é representado por um jovem, Marcos por um leão, Lucas por um touro e eu, Senhor, estou ali sob o símbolo estranho de uma águia.
- E os meus representante, João, que fazem eles?
- Mestre, envergonho-me de o dizer. Andam quase todos mergulhados nos interesses da vida material. Em sua maioria, aproveitam-se das oportunidades para explorar o vosso nome e, quando se voltam para o campo religioso, é quase que apenas para se condenarem uns aos outros, esquecendo-se de que lhes ensinastes a se amarem como irmãos.
- As discussões e os símbolos, meu querido – disse-lhe suavemente o Mestre – não me impressionam tanto. Tiveste, como eu, necessidade destes últimos, para as predicações e, sobre a luta das idéias, não te lembras quanta autoridade fui obrigado a despender, mesmo depois da minha volta da Terra, para que Pedro e Paulo não se tornassem inimigos? Se entre meus apóstolos prevaleciam semelhantes desuniões, como poderíamos eliminá-las do ambiente dos homens, que não me viram, sempre inquietos nas suas indagações? ... O que me contrista é o apego dos meus missionários aos prazeres fugitivos do mundo!
- É verdade, Senhor.
- Qual o núcleo de minha doutrina que detém no momento maior força de expressão?
- É o departamento dos bispos romanos, que se recolheram dentro de uma organização admirável pela sua disciplina, mas altamente perniciosa pelos seus desvios da verdade. O Vaticano, Senhor, que não conheceis, é um amontoado suntuoso das riquezas das traças e dos vermes da Terra. Dos seus palácios confortáveis e maravilhosos irradia-se todo um movimento de escravização das consciências. Enquanto vós não tínheis uma pedra onde repousar a cabeça, dolorida os vossos representantes dormem a sua sesta sobre almofadas de veludo e de ouro; enquanto trazíeis os vossos pés macerados nas pedras do caminho escabroso, quem se inculca como vosso embaixador traz a vossa imagem nas sandálias matizadas de pérolas e de brilhantes. E junto de semelhantes superfluidades e absurdos, surpreendemos os pobres chorando de cansaço e de fome; ao lado do luxo nababesco das basílicas suntuosas, erigidas no mundo como um insulto à glória da vossa humildade e do vosso amor, choram as crianças desamparadas, os mesmos pequeninos a quem estendíeis os vossos braços compassivos e misericordiosos. Enquanto sobram as lágrimas e os soluços entre os infortunados, nos templos, onde se cultua a vossa memória, transbordam moedas em mãos cheias, parecendo, com amarga ironia, que o dinheiro é uma defecação do demônio no chão acolhedor da vossa casa.
- Então, meu Discípulo, não poderemos alimentar nenhuma esperança?
- Infelizmente, Senhor, é preciso que nos desenganemos. Por um estranho contraste, há mais ateus benquistos no Céu do que aqueles religiosos que falavam em vosso nome na Terra.
- Entretanto – sussurraram os lábios divinos docemente – consagro o mesmo amor à humanidade sofredora. Não obstante a negativa dos filósofos, as ousadias da ciência, o apodo dos ingratos, a minha piedade é inalterável... Que sugeres, meu João, para solucionar tão amargo problema?
- Já não dissestes, um dia, Mestre, que cada qual tomasse a sua cruz e vos seguisse?
- Mas prometi ao mundo um Consolador em tempo oportuno!...
E os olhos claros e límpidos, postos na visão piedosa do amor de seu Pai Celestial, Jesus exclamou:
- Se os vivos nos traíram, meu Discípulo Bem-Amado, se traficam com o objeto sagrado da vossa casa, profligando a fraternidade e o amor, mandarei que os mortos falem na Terra em meu nome. Deste Natal em diante, meu João, descerrarás mais um fragmento dos véus misteriosos que cobrem a noite triste dos túmulos para que a verdade ressurja das mansões silenciosas da Morte. Os que já voltaram pelos caminhos ermos da sepultura retornarão à Terra para difundirem a minha mensagem, levando aos que sofrem, coma esperança posta no Céu as claridades benditas do meu amor!...
E desde essa hora memorável, há mais de cinqüenta anos, o Espiritismo veio, com as suas lições prestigiosas, felicitar e amparar na Terra a todas as criaturas.

Humberto de Campos
(Recebida em Pedro Leopoldo a 20 de dezembro de 1935)

Do livro Crônicas de Além Túmulo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...