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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

“AS CONDENAÇÕES BIBLICAS E O ESPIRITISMO”

Os nossos irmãos que se apegam ao texto bíblico, como a única norma para a vida e a morte sempre trazem engatilhada uma sentença condenatória para o Espírita, com a agravante de ser inapelável e eterna.
Citam, inclusive, passagens da Bíblia que, segundo eles, condenam o Espiritismo.
Em duas diferentes ocasiões tive a oportunidade de refutar estas investidas contra a Doutrina Espírita.
CASO 1
Confesso que sou um ignorante, sem as luzes das letras, mas não gosto de ser levado pelo cabresto, para aceitar isto ou aquilo.
Certo dia estive presente a um diálogo travado entre dois religiosos, indiscutivelmente profundos conhecedores da Bíblia, a qual designavam por Palavra de Deus. Eu ouvia e eles falavam. Dissertavam sobre o significado de várias passagens bíblicas, demorando-se sobre o pecado, as penas eternas, a salvação e sobre a criação artesanal do Universo, por um Deus que criara o homem "à Sua imagem e semelhança". Dando por minha insignificante presença, interpelaram-me.
- E você, já aceitou a Palavra de Deus? Já leu a Bíblia?
- Já, eu sou Espírita.
- E não se deu conta da condenação dos necromantes às penas eternas?
- Meus irmãos eu não compreendi certas coisas que li na Bíblia. Em Êxodo, cap. XX, vv. 13, a Tábua dos Mandamentos que Moisés acabava de trazer do Sinai, diz: "Não matarás" e, logo a seguir, no mesmo livro, no cap. XXVII está escrito: "Assim diz o Senhor, o Deus de Israel, cada um tomará a espada sobre o lado, passai e tomai a passar pelo arraial, de porta em porta, e mate a cada um a seu irmão, cada um a seu amigo e cada um a seu vizinho". Isso é justo? Manda não matar e logo a seguir manda passar ao fio da espada, irmãos, vizinhos e amigos?
Em l Reis, cap. XXII, vv. 19 a 23, encontramos o Senhor associando-se com espírito mentiroso para enganar o Acabe e, no vv. 23 está escrito que: "Eis que o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas e o Senhor falou o que é mau contra ti."
Também nas Sagradas Palavras, encontrei no cap. II do Evangelista João, a narrativa de um Cristo espancando os que se aglutinavam no pátio do templo, vendendo pombas, enquanto desconhecia os gordos sacerdotes que o dirigiam, mesmo havendo o Mestre exortado à prática infinita do perdão.
Tudo isso e muitas outras coisas contraditórias que encontrei na Bíblia, me fazem preferir o Espiritismo, que nos ensina a confiar num Pai verdadeiramente amoroso, que não condena seus filhos ao fogo do Inferno e a nenhuma pena eterna e num Cristo manso, suave, amigo, que não espanca e não condena, mas que ensina e admoesta seus filhos à prática do bem. Por isso sou Espírita.
- Isso é uma demonstração de desconhecimento da Palavra de Deus, que só é revelada aos que creem. Creia, meu amigo e ela te será revelada.
- Crer para depois ter a revelação, é fé cega, irracional e imposta, eu prefiro receber a revelação, para então, depois de esclarecido, acreditar. Isso é fé racional, convicta, aceita, sem imposições, como ensina o Espiritismo.
E encerrou-se ali o diálogo.
CASO 2
De outra feita, um grupo de irmãos evangélicos deu-me a honra de sua presença em minha casa. Atendidos, pediram, educadamente para entrar.
- Nós sabemos que o senhor é espírita e gostaríamos de falar-lhe sobre o plano do Senhor para salvá-lo.
- Mas eu não estou perdido!
- Meu amigo, se o senhor não mudar a sua convicção religiosa, aceitando Cristo como seu Salvador, certamente perderá a sua alma.
- Onde você encontrou essa sentença? Questionei ao meu interlocutor.
- Na Bíblia, em Deuteronômio, cap. XVIII, vv. 11 e 12, o Senhor condena e ordena o lançamento fora, dos necromantes e feiticeiros, o que significa lançá-los nas chamas eternas do Inferno.
- Meus irmãos, respondi, se querem, realmente, obedecer ao mandamento bíblico, não basta a sentença de morte para os espíritas, é preciso que vocês passem a matar os necromantes e feiticeiros, corno está em Levítico, cap. XX, vv. 27, ou a cumprir o que ordena o Senhor em Êxodo cap. XXXV, vv. 2, matando os que trabalham no sábado, ou, ainda, lançando os nossos irmãos leprosos para fora das cidades, como é ordenado em Números, cap. V, vv. 1 a 4. Meus irmãos eu creio que Deus, o manancial infinito de amor e sabedoria, não se prestaria a cometer tantas maldades.
Um dos componentes do grupo, mulher inteligente e bem falante, observou que, não sendo eu agraciado com a revelação, não poderia interpretar o verdadeiro significado da Palavra de Deus.
- É verdade, respondi, eu não recebi nenhuma revelação, apenas li a Bíblia e, nela, também, no Novo Testamento eu encontrei em I Coríntios, cap. XlV, vv. 34 e 35, que a mulher deve permanecer calada e em seu lar, não lhe sendo permitido falar em público; entretanto, vejo, até com certo agrado, que a irmã não obedeceu às sentenças bíblicas, preferindo ser livre para poder propagar a sua fé. Por isso, meus irmãos, eu prefiro ser livre para pensar e escolher racionalmente a minha fé, como ensina, sem impor, a Doutrina Espírita.
Os irmãos evangélicos se foram, certamente levando consigo a certeza de que eu não teria salvação.
Revista Espírita Allan Kardec, nº 38.

Esse Capelli

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

“ELA NÃO MORREU POR SUA CULPA.”

Lia e Marcela eram enfermeiras e amigas de longa data. Trabalhavam juntas em uma unidade de pronto atendimento, como parte da equipe que integrava as ambulâncias. Muito próximas, ajudavam uma à outra não só quando havia a necessidade de troca de seus plantões, como também em questões pessoais. Quando a filha de Lia nasceu, além da avó, o maior apoio foi o da “tia” Marcela.
Certa ocasião, Lia soube que não poderia cumprir o plantão da semana seguinte porque teria que resolver um compromisso particular. Como de costume, recorreu a sua amiga Marcela, que prontamente procurou a administração para informar que estaria no lugar da colega.
Na quarta-feira, antes de Marcela ir para a unidade, Lia ligou para amiga para contar o quanto estava feliz. A filha tinha obtido boas notas na escola, o esposo estava tendo bons resultados no novo emprego e ela tinha conseguido pegar seu carro novo naquele mesmo dia. Com o tradicional afeto, encerrou a ligação, reforçando todo o agradecimento que tinha pelo constante apoio daquela irmã de coração.
Marcela chegou ao trabalho às dezoito horas, levando a alegria daquela conversa fraternal para com seus colegas e pacientes. Assim, mesmo com toda a movimentação do plantão, nem sentiu as horas passarem. Estava muito motivada naquele dia.
Por volta de dez da noite, no entanto, sentiu um breve calafrio ao receber um chamado para embarcar em uma das ambulâncias. Não entendeu o motivo daquela sensação, mas prosseguiu em direção ao local onde fora informado que uma jovem havia se acidentado com o carro.
Ao chegar ao local, não foi difícil perceber que a ocorrência tratava-se de uma tentativa de assalto seguida de morte. Não haveria muito que fazer. Mas os profissionais de saúde se aproximaram do carro para verificar os sinais vitais da moça.
Ao chegar mais perto, o chão sumiu aos pés da enfermeira. Era Lia, sua amiga. Marcela deu alguns passos para trás e quis negar a visão do ocorrido. Sua atitude profissional deu lugar a um extravasamento emocional inesperado. Não se conteve e teve que ser amparada pelos colegas. Como poderia imaginar que aquela troca de plantão resultaria naquilo? Dali por diante, remorso e lágrimas tomaram conta de Marcela.
Meses se passaram junto à dor e à sensação de ter sido culpada pela morte da amiga: “se eu não tivesse trocado o plantão, isto não teria acontecido”. A casa de Marcela envolveu-se em pura tristeza. Tudo para ela tinha dado lugar a uma sensação dolorosa de culpa.
Mas um dia, tentando mudar aquele cenário, o seu filho pré-adolescente, ao chegar da escola, abraça a mãe no sofá e diz com lágrimas nos olhos:
– “Mãe, volta a ser feliz com a gente. Ela não morreu por sua culpa.”.
Marcela se surpreende com a frase inesperada do filho. Diante daquelas lágrimas profundas, começou a rever o sentido de sua vida esboçando-lhe um doce sorriso.
Quantos casos reais, similares a este, já não foram contados em nossas vidas. É o tripulante da aeronave que embarca no lugar do colega e desencarna em um acidente aéreo; o carro que se empresta ao filho que, em seguida, falece em uma colisão; dentre tantos outros exemplos.
Em diversas situações como estas, aqueles que foram, indiretamente, partícipes do ocorrido, ao trocarem suas posições ou cederem seus bens materiais nos diversos cenários, costumam trazer para si uma imensa culpa, como se fossem responsáveis pelo desencarne do próximo. Alguns levam por anos este sentimento, atrapalhando, até mesmo, sua vida pessoal e profissional.
Neste contexto, a Doutrina Espírita nos traz o consolo de que todos nós, antes de encarnarmos, já temos uma programação realizada para a nossa vida. De uma maneira geral, escolhemos antes do berço as expiações e provas pelas quais passaremos. Logo, já temos uma programação a cumprir, como se fosse uma “espécie de destino” [1].
Isto não inibe, todavia, o nosso livre-arbítrio. No decorrer da caminhada podemos mudar nossos rumos, acelerando o nosso progresso ou atrasando a nossa evolução. Tudo depende de nossos propósitos junto ao bem, à neutralidade ou ao mal.
Aqueles que caminham conosco estão unidos por laços de outras encarnações, pautadas na afinidade ou débitos contraídos [2]. E não, necessariamente, são responsáveis pelos fatos que ocorrem em nossas vidas.
Desencarnações como a desta história de Lia podem fazer parte de um planejamento anterior, ou ainda do livre arbítrio delituoso de terceiros. Mas a culpa não se incide na troca realizada pela amiga. De uma forma ou de outra, “o instinto do destino” de Lia a levaria até o local onde os fatos poderiam ocorrer. Este “instinto”, em outras palavras, pode ser entendido pela impressão em foro íntimo que o espírito guarda das fases pelas quais passará em sua vida. Chegado o momento, esta impressão pode, muita das vezes, ser despertada, trazendo-nos aquela sensação que denominamos de pressentimento [1].
Não somos necessariamente culpados pelo desencarne de terceiros. Isto dependerá das circunstâncias. Mas somos responsáveis por amá-los em qualquer tempo. O amor espontâneo, sem exigências, sempre nos trará a sensação de conforto por tê-los amado enquanto estavam conosco. Logo, amemos quem está ao nosso lado e quem também já deixou as vestes físicas. E nunca deixemos de amar a nós mesmos, confiantes nos desígnios da Divina Providência.
Márcio Martins da Silva Costa


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

“VALEU A PENA”?

Você, que é um homem de negócios, e se diz bem sucedido, está feliz com a vida que leva?
Se você sabe dividir bem o seu tempo entre o trabalho e a família, entre as coisas da Terra e os valores espirituais, então você é alguém muito bem sucedido.
Todavia, se é daqueles que não trabalha para viver mas vive para trabalhar, chegará um dia em que você perguntará a si mesmo: Valeu a pena?
E chegará à conclusão de que não valeu a pena tanta correria, para ganhar dinheiro e não usufruir.
Vai ver que o tempo passou e o cansaço tomou conta do seu corpo.
Vai perceber que, mesmo rodeado de muita gente, você se sente só.
Um dia, você vai recolher-se no quarto e vai ter vontade de abraçar o travesseiro, porque não sobrou ninguém para abraçar.
Vai ver que foi entrando numa roda viva, que não é mais dono do tempo que dizem que é seu, e que não pode gastá-lo com qualquer um.
Vai ver que o carro já está se tornando um problema, e não um conforto, que o telefone perturba, que a gravata incomoda...
Perceberá que o seu patrimônio lhe exige tempo demais, e que acabou sendo possuído ao invés de possuir.
E, por mais que tente se livrar de tudo isso, é um escravo, embora invejado por muitos.
Vai ver que não valeu a pena passar vários anos sem férias, sem descanso.
Vai ver que não tem mais ilusões e a esperança anda com vontade de dormir...
Um dia você vai ver que passou pela vida e não viveu.
Frequentou o mundo sem saber porquê, rodou, rodou, e não saiu do lugar...
Pensou que foi, mas ficou.
Teve tudo e não sentiu nada.
Um dia, você verá que o tempo escoa tão rápido como areia fina por entre seus dedos.
E, quando chegar esse momento, você vai sentir vontade de voltar no tempo e gastar suas horas de forma diferente.
Vai querer sorrir, amar, estar com a família, misturar-se com as crianças e estender a mão ao próximo.
Vai desejar o abraço da esposa, sempre relegada a segundo plano.
Vai querer sentir a mão do seu filho acariciando lhe os cabelos...
Vai preferir uma pizza com a criançada em vez de um jantar de negócios. 
Vai desejar ser dono das horas, tirar férias, curtir tudo o que gosta...
Mas, se você deixar isto para pensar só um dia... que nunca chega, talvez você não tenha mais tempo...
Por essa razão, se você se permitiu alguns minutos para refletir sobre esta mensagem, não deixe para depois tudo o que você pode fazer agora.
Sorria, ame, curta a sua família, role no chão com seus filhos, abrace a esposa, beije sua velha mãe, diga a seu pai que o ama e gaste uma porção do seu tempo com os amigos...
Tire férias, faça um check-up, cuide da saúde, invista um pouco em você.
E aproveite para refletir sobre as coisas espirituais, já que você é um ser imortal, criado para a Eternidade...
Se você nunca sentiu o perfume de uma flor...
Jamais estendeu a mão a alguém necessitado de amparo...
Nunca observou o crepúsculo ou contemplou uma aurora...
Não tem tempo para dedicar aos familiares...
Não sai de férias há anos, para manter o serviço em dia...
Nunca emprestou um pouco do seu tempo a algum tipo de serviço social...
Então você já está morto, e ainda não percebeu.
Pense nisso, mas pense agora!
Redação do Momento Espírita


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

"PEDRO O APOSTOLO."

25 de agosto de 1936
Enquanto a Capital dos mineiros, dirigida pelos seus elementos eclesiásticos, se prepara, esperando as grandes manifestações de fé do segundo Congresso Eucarístico Nacional, chegam os turistas elegantes e os peregrinos invisíveis. Também eu quis conhecer de perto as atividades religiosas dos conterrâneos de Augusto de Lima. 
Na Praça Raul Soares, espaçosa e ornamentada, vi o monumento dos congressistas, elevando-se em forma de altar, onde os atos religiosos serão celebrados. No topo, a custódia, rodeada de arcanjos petrificados, guardando o símbolo suave e branco da eucaristia, e, cá em baixo, nas linhas irregulares da terra, as acomodações largas e fartas, de onde o povo assistirá, comovido, às manifestações de Minas católica. 
Foi nesse ambiente que a figura de um homem trajado à israelita, lembrando alguns tipos que em Jerusalém se dirigem, freqüentemente, para o lugar sagrado das lamentações, aguçou a minha curiosidade incorrigível de jornalista. 
- Um judeu?! – exclamei, aguardando as novidades de uma entrevista. 
- Sim, fui judeu, há algumas centenas de anos – respondeu laconicamente o interpelado. 
Sua réplica exaltou a minha bisbilhotice e procurei atrair a atenção da singular personagem. 
- Vosso nome? – continuei. 
- Simão Pedro. 
- O Apóstolo? 
E a veneranda figura respondeu afirmativamente, colando ao peito os cabelos respeitáveis da barba encanecida. 
Surpreso e sedento da sua palavra, contemplei aquela figura hebraica, cheia de simplicidade e simpatia. Ao meu cérebro afluíam centenas de perguntas, sem que pudesse coordená-las devidamente. 
- Mestre – disse-lhe, por fim -, Vossa palavra tem para o mundo um valor inestimável. A cristandade nunca vos julgou acessível na face da Terra, acreditando que vos conserváveis no Céu, de cujas portas resplandecentes guardáveis a chave maravilhosa. Não teríeis algumas mensagens do Senhor para transmitir à Humanidade, neste momento angustioso que as criaturas estão vivendo? 
E o Apóstolo venerável, dentro da sua expressão resignada e humilde, começou a falar: - Ignoro a razão por que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. 
Como homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galileia e, como discípulo do 
Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não poderia, 
portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus apóstolos com igual amor. 
- É conhecida, na história das origens do Cristianismo, a vossa desinteligência com Paulo de Tarso. Tudo isso é verdadeiro? 
- De alguma forma, tudo isso é verdade – declarou bondosamente o Apóstolo. – Mas, Paulo tinha razão. Sua palavra enérgica evitou que se criasse uma aristocracia injustificável, que, sem ele, teria que desenvolver-se fatalmente entre os amigos de Jesus, que se haviam retirado de Jerusalém para as regiões da Batanéia. 
- Nada desejais dizer ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos? 
- Expressão autêntica da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniquidade se tem verificado no mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças estão nele sumariamente condenadas. 
- E no capítulo dos milagres? 
- Não é propriamente milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus 
atos foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se referem os 
Evangelistas são profundamente verdadeiras. 
E, como quem retrocede no tempo, o Apóstolo monologou: 
- Em Carfanaum, perto de Genesaré, e em Betsaida, muitas vezes acompanhei o Senhor nas suas abençoadas peregrinações. Na Samaria, ao lado de Cesareia de Felipe, vi suas mãos carinhosas dar vistas aos cegos e consolação aos desesperados. Aquele sol claro e ardente da Galileia ainda hoje ilumina toda a minha alma e, tantos séculos depois de minhas lutas no mundo, ao lado de alguns companheiros procuro reivindicar para os homens a vida perfeita do Cristianismo, com o advento do Reino de Deus, que Jesus desejou fundar, com o seu exemplo, em cada coração... 
- Os filósofos terrenos são quase unânimes em afirmar que o Cristo não conhecia a evolução da ciência grega, naquela época, e que as suas parábolas fazem supor a sua ignorância acerca da organização política do Império Romano: seus apóstolos falam de reis e príncipes que não poderiam ter existido. 
- A ação do Cristo – retrucou o Apóstolo – vai mais além que todas as atividades e investigações das filosofias humanas. Cada século que passa imprime um brilho novo à sua figura e um novo fulgor ao seu ensinamento. Ele não foi alheio aos trabalhos do pensamento dos seus contemporâneos. Naquele tempo, as teorias de Lucrécio, expandidas alguns anos antes da obra do Senhor, e as lições de Filon em Alexandria, eram muito inferiores às verdades celestes que Ele vinha trazer à Humanidade atormentada e sofredora... E, quando a figura venerada de Simão parecia prestes a prosseguir na sua jornada, inquiri, abruptamente: 
- Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil? 
- Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar, e dirigida dos espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã. 
- E estais igualmente associado às festas do segundo Congresso Eucarístico Nacional? – 
perguntei. 
Mas, o bondoso Apóstolo expressou uma atitude de profunda incompreensão, ao ouvir as minhas derradeiras palavras. 
Foi quando, então, lhe mostrei o rico monumento festivo, as igrejas enfeitadas de ouro, os movimentos de recepção aos prelados, exclamando ele, afinal: 
- Não, meu filho!... Esperam-me longe destas ostentações mentirosas os humildes e os desconsolados. O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é para mim uma ironia muito amarga... Nestes templos faustosos não há lugares para Jesus, nem para os seus continuadores... 
- E que sugeris, Mestre, para esclarecer a verdade? 
Mas, nesse momento, o Apóstolo venerando enviou-me um gesto compassivo e piedoso, continuando o seu caminho, depois de amarrar, resignadamente, o cordão das sandálias.

Da obra: Crônicas de Além Túmulo. Ditado pelo Espírito Humberto de
Campos, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.
Recebida em Pedro Leopoldo a 19 de abril de 1935.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

"A INFLUENCIA ESPIRITUAL NA VIDA CONJUGAL."

"Muitos casamentos fracassam devido a essas influências nocivas de espíritos de natureza má, que começam de forma sutil, sorrateira, evoluindo para verdadeiros processos obsessivos que comprometem irreversivelmente a união conjugal.
Tanto a vítima da obsessão quanto o cônjuge, na maioria das vezes, nada percebem, porquanto os obsessores não criam o mal na vítima; apenas identificam as tendências e as estimulam de forma intensa e persistente, procurando exacerbá-las. [...]
Os espíritos obsessores sondam os pensamentos mais íntimos do indivíduo visado procurando identificar a tendência para a infidelidade. Constatando-a, passam a alimentá-la, através de sugestão mental. Em seguida, pesquisam alguma pessoa, que por ele sente alguma atração e que igualmente apresente necessidades afetivas ou determinados desejos sensuais. Dando continuidade ao 'trabalho', passam a influenciar os dois, facilitando os encontros e procurando despertar a afetividade. Os obsessores não perdem a oportunidade de sugerir novos pensamentos, verdadeiras ideias fixas, que criam as condições para a união sexual infiel, que se consuma em clima de grande emotividade, pela carga adicional dos obsessores. Segue-se um período de grandes prazeres que, entretanto, não é longo. Passada a fase de júbilo, de grandes satisfações, os obsessores mudam de tática. O que lhes interessa é o sofrimento das vítimas e não a sua felicidade. Sem a ajuda deles, as grandes emoções se reduzem, restando à vítima apenas a desilusão, a consciência do grande engano cometido." (Umberto Ferreira, Vida conjugal, p. 113-115).
A infidelidade
"[...] Desses embates multimilenárias, restam, ainda, por feridas sangrentas no organismo da coletividade, o adultério que, de futuro, será classificado na patologia das doenças da alma, extinguindo-se, por fim, com remédio adequado, e a prostituição que reúne em si homens e mulheres que se entregam às relações sexuais, mediante paga, estabelecendo mercados afetivos.
Qual ocorre aos flagelos da guerra, da pirataria, da violência homicida e da escravidão que acompanham a comunidade terrestre, há milênios, diluindo-se, muito pouco a pouco, o adultério e a prostituição ainda permanecem, na Terra, por instrumentos de prova e expiação, destinados naturalmente a desaparecer, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se harmonizarão pelo mesmo peso, na balança do progresso e da vida." (Emmanuel, Vida e sexo,15. ed., p. 94-95).
"Quando o homem e a mulher decidem casar-se, assumem o compromisso de cultivar a fidelidade por toda a vida, mas muitos não o cumprem. [...].
Em muitos casos, a infidelidade não traz maiores problemas, mas, em alguns, provoca situações verdadeiramente dramáticas, não só em relação à mulher, como também ao homem, com repercussões para o resto da vida.
A vítima da infidelidade, seja homem ou mulher, fica seriamente lesada em sua sensibilidade. Algumas se desestruturam totalmente, outras entram em depressão profunda ou se desequilibram completamente, necessitando de tempo mais ou menos longo para readquirir o equilíbrio. E o causador contrai um débito perante a justiça divina.
As consequências do ato infeliz, muitas vezes, se estendem às existências futuras, porquanto não se rompe impunemente um compromisso afetivo. [...].
O infiel lesa moralmente o cônjuge e a si próprio. Nesta época em que vivemos, não é somente por questões psicológicas, espirituais ou morais que se deve conservar a fidelidade, mas também por razões de saúde, porquanto há várias doenças transmitidas sexualmente que a comprometem."

Autor:Umberto Ferreira,

domingo, 10 de janeiro de 2016

"A DOR PARTILHADA"

Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora todas as tardes para conseguir drenar o líquido de seus pulmões.
Sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas para a janela. Os homens conversavam horas a fio.
Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, seus empregos, seu envolvimento no serviço militar, locais onde eles passava as férias.
Todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo descrevendo ao seu companheiro todas as coisas que ele podia ver do lado de fora da janela. O homem da cama do lado começou a viver para aqueles períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora. A janela dava para um parque com um lindo lago de patos e cisnes brincavam na água enquanto crianças com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores e uma bela vista da silhueta da cidade podia ser visto na distância. Quando o homem perto da janela descrevia isto tudo com detalhes requintados , o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava esta cena pitoresca . Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu um desfile que passava. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda - ele podia vê-lo no olho da sua mente como o senhor a retratava através de palavras descritivas . Dias , semanas e meses se passaram. Uma manhã , a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela , que tinha morrido tranquilamente em seu sono . Ela ficou muito triste e chamou o atendentes para que levassem o corpo . Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira ficou feliz em fazer a troca , e depois de ter certeza que ele estava confortável , ela deixou ele sozinho. Vagarosamente, pacientemente , ele se apoiou em um cotovelo para tomar o seu primeiro olhar para o mundo real. Fez um grande esforço e lentamente a olhar para fora da janela além da cama . Ele enfrentou uma parede em branco . O homem perguntou à enfermeira o que poderia ter levado seu companheiro falecido, que tinha descrito coisas tão maravilhosas fora dessa janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. Ela disse: Talvez ele só queria encorajar você.
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas . A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade quando partilhada, é dobrada.
Se você quer se sentir rico, conta todas as coisas você tem que o dinheiro não pode comprar.
"Hoje é uma dádiva, é por isso que é chamado de O PRESENTE".

Autor desconhecido

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...