Seguidores

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

“INICIANDO UM NOVO ANO”

Toda vez que o ano vai chegando ao fim, parece que todos vamos manifestando cansaço maior. 
Seja porque as festas se multipliquem (são formaturas, casamentos, jantares de empresas), seja porque já nos vamos preparando para as viagens de férias de logo mais. 
De uma forma ou de outra, é comum se escutar as pessoas desabafarem dizendo que desejam mesmo que se acabe logo o ano. 
Quem muito sofreu, deseja que ele se acabe e aguarda dias novos, de menos dores. 
Quem perdeu amores, deseja que ele se acabe de vez, na ânsia de que os dias que virão consigam trazer esperanças ao coração esfacelado pelas ausências. 
Quem está concluindo algum curso e deu o máximo de si, deseja que os meses que se anunciam cheguem logo, para descansar de tanto esforço. 
E assim vai. Cada um vai pensando no ano que se finda no sentido de deixar algo para trás. Algo que não foi muito bom. 
Naturalmente, muitos são os que veem findar os dias do ano com contentamento, pois eles lhe foram propícios. Esses, almejam que os dias futuros reprisem esses valores de alegria, de afeto, de coisas positivas. 
Ano velho, ano novo. São convenções marcadas pelo calendário humano, em função dos movimentos do planeta em torno do astro rei. 
Contudo, psicologicamente, também nos remetem, sim, a um estado diferente. 
Como Deus nada faz, em Sua sabedoria, sem um fim útil, também assim é com a questão do tempo como o convencionamos. 
Cada dia é um novo dia. A noite nos fala de repouso. A madrugada nos anuncia oportunidade renovada. 
Cada ano que finda nos convida a deixarmos para trás tudo de ruim, desagradável que já vivenciamos, permitindo-nos projetar planos para o futuro próximo. 
Por tudo isso, por esta ensancha que a Divindade nos permite a cada trezentos e sessenta e cinco dias, nesta Terra, pense que você pode melhorar a sua vida no ano que se anuncia. 
Comece por retirar de sua casa tudo que a atravanca. Libere-se daquelas coisas que você guarda nos armários, na garagem, no fundo do quintal. 
Coisas que estão ali há muito tempo, que você guarda para usar um dia. Um dia que talvez nunca chegue. Pense há quanto tempo elas estão ali: meses, anos... Esperando. 
São roupas, calçados, livros, discos antigos, utensílios que você não usa há anos. Libere armários, espaços. 
Coisas antigas, superadas são muito úteis em museus, para preservação da memória, da evolução da nossa História. 
Doe o que possa e a quem seja mais útil. 
Sinta o espaço vazio, sinta-se mais leve. 
Depois, pense em quanta coisa inútil você guarda em seu coração, em sua mente. 
Mágoas vividas, calúnias recebidas, mentiras que lhe roubaram a paz, traições que o deixaram doente, punhais amigos que lhe rasgaram as carnes da alma... 
Alije tudo de si. Mentalmente, coloque tudo em um grande invólucro e imagine-se jogando nas águas correntes de um rio caudaloso que as levará para além, para o mar do esquecimento. 
Deseje para si mesmo um ano novo diferente. E comece leve, sem essa carga pesada, que lhe destrói as possibilidades de felicidade. 
Comece o novo ano olhando para frente, para o alto. Estabeleça metas de felicidade e conquistas. 
Você é filho de Deus e herdeiro do Seu amor, credor de felicidade. 
Conquiste-a. Abandone as dores desnecessárias, pense no bem. 
Mentalize as pessoas que são amigas, que o amam, lhe querem bem. 
Programe-se para estar mais com elas, a fim de, fortalecido, alcançar objetivos nobres. 
Comece o ano pensando em como você pode influenciar pessoas, ambientes, com sua ação positiva. 
Programe-se para vencer. Programe-se para fazer ouvidos moucos aos que o desejam infelicitar e avance. 
Programe-se para ser feliz. O dia surge. É ano novo. Siga para a luz, certo que com vontade firme, desejo de acertar, Jesus abençoará as suas disposições. 
É ano novo. Pense novo. Pense grande. Seja feliz.


Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

"O QUE ACONTECE COM O ESPÍRITO DE UMA CRIANÇA QUE DESENCARNA."

 “Recomeça em outra existência.”
O desencarne de recém-nascidos, freqüentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre. A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.
Se uma criança desencarna de acidente com menos de 11 anos, ela é socorrida pelos Espíritos na mesma hora.
Os desencarnes súbitos, de uma forma geral, são muito traumáticos para o Espírito. Allan Kardec diz que no processo de desencarne, todos sofrem uma espécie de "perturbação espiritual", que pode variar de algumas horas a anos, dependendo da evolução de cada um. Nos desencarnes convencionais geralmente os Espíritos permanecem sem consciência do que lhe aconteceu por um certo tempo e, se têm merecimento, são recolhidos às colônias socorristas existentes próximas da crosta terrena. Ali são devidamente atendidos. Nos casos de desencarne de crianças, suspeita-se que sejam atendidas de imediato pela Espiritualidade, em função de estarem num estado psíquico especial, próprio da infância. Não estando de posse de todas as suas faculdades, não seria lógico admitir que ficassem em estado de sofrimento por causa dos atos da vida. Claro, a responsabilidade aumenta na medida em que a maturidade avança, criando condições para o Espírito ficar em estado de sofrimento por um tempo mais longo, se for necessário. Não há uma idade definida, que marque o início da fase adulta, assim como não há um ponto definido que separe o dia da noite. Em determinado período se confundem, mas acabam se definindo a seguir. De uma maneira geral, pode-se concluir que todos os Espíritos que desencarnam em fase infantil são imediatamente atendidos pela Espiritualidade e preparados para recomeçarem em uma nova existência.
 O Espírito, quando desencarna, permanece com os mesmos condicionamentos mentais que tinha na Terra, até que se conscientize de sua real situação. Permanecerá em estado de criança ou de adolescente, por um determinado tempo, dependendo de sua evolução, ou seja, de seu grau de entendimento, até que adquira plena consciência de sua condição e de suas necessidades. Isso, geralmente acontece com Espíritos que ainda estão em situação de pouca evolução espiritual. Por isso, nas colônias socorristas próximas à crosta terrestre, encontram-se Espíritos em condição de crianças e adolescentes. Deve-se saber, entretanto, que esta situação perdura apenas por um determinado período.
Se uma única existência tivesse o homem e se, extinguindo-se lhe ela, sua sorte ficasse decidida para toda a eternidade, qual seria o mérito de metade do gênero humano, que morre na infância, para gozar, sem esforços, da felicidade eterna e com que direito se acharia isenta das condições, às vezes tão duras, a que se vê submetida a outra metade?
Quem merece mais o Paraíso: “Uma criança que morre aos cinco anos de idade ou um idoso que morre aos 85? Diria que a criança, pois morreu inocente. Mas inocente de que? Se não fez o mal também não fez o bem. Será que se tivesse vivido também até aos 85, não teria cometido os mesmos erros de outros que viveram até esta idade?
Semelhante ordem de coisas não corresponderia à justiça de Deus. Com a reencarnação, a igualdade é real para todos. O futuro a todos toca sem exceção e sem favor para quem quer que seja. Os retardatários só de si mesmos se podem queixar. Forçoso é que o homem tenha o merecimento de seus atos, como tem deles a responsabilidade.
Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência.
Não se veem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação? Alguns não há que parecem trazer do berço a astúcia, a felonia, a perfídia, até pendor para o roubo e para o assassínio, não obstante os bons exemplos que de todos os lados se lhes dão? A lei civil as absorve de seus crimes, porque, diz ela, obraram sem discernimento. Tem razão a lei, porque, de fato, elas obram mais por instinto do que intencionalmente. Donde, porém, provirão instintos tão diversos em crianças da mesma idade, educadas em condições idênticas e sujeitas às mesmas influências? Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso? As que se revelam viciosas, é porque seus Espíritos muito pouco hão progredido. Sofrem então, por efeito dessa falta de progresso, as consequências, não dos atos que praticam na infância, mas dos de suas existências anteriores.
Assim é que a lei é uma só para todos e que todos são atingidos pela justiça de Deus.
Sabino Rodrigues

Fonte; “O Livro dos Espíritos”

domingo, 27 de dezembro de 2015

"MATERIALISMO"

Por uma aberração da inteligência, há pessoas que não vêem nos seres orgânicos nada mais que a ação da matéria, e a esta atribuem todos os nossos atos. Não vêem no corpo humano senão a máquina elétrica; não estudaram o mecanismo da vida senão no funcionamento dos órgãos; viram-na extinguir-se muitas vezes pela ruptura de um fio, e nada mais perceberam além desse fio; procuraram descobrir o que restava, e como não encontraram mais do que a matéria inerte, não viram a alma escapar-se e nem puderam pegá-la, concluíram que tudo estava nas propriedades da matéria, e que. portanto, após a morte, o pensamento se reduz ao nada. Triste conseqüência, se assim fosse, porque então o bem e o mal não teriam sentido; o homem estaria certo ao não pensar senão em si mesmo e ao colocar acima de tudo a satisfação dos prazeres materiais; os laços sociais estariam rompidos e os mais santos afetos destruídos para sempre. Felizmente, essas idéias estão longe de ser generalizadas; pode-se mesmo dizer que estão muito circunscritas, não constituindo mais do que opiniões individuais, porque em parte alguma foram erigidas em doutrina. Uma sociedade fundada sobre essa base traria em si mesma os germes da dissolução, e os membros se despedaçariam entre si, como animais ferozes.
O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba para ele com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a idéia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a idéia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? Quem poderia ver, sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a tragar para sempre todas as nossas faculdades, todas as nossas esperanças, e ao mesmo tempo dizer: — Qual! Depois de mim, nada, nada, nada mais que o nada; tudo se apagará da memória dos que sobreviverem a mim; dentro em breve nenhum traço haverá de minha passagem pela terra; o bem mesmo que eu fiz será esquecido pelos ingratos a quem servi; e nada para compensar tudo isso, nenhuma perspectiva, a não ser a do meu corpo devorado pelos vermes!
Este quadro não tem qualquer coisa de horroroso e de glacial? A religião nos ensina que não pode ser assim, e a razão o confirma. Mas uma existência futura, vaga e indefinida, nada tem que satisfaça o nosso amor do positivo. E é isso que, para muitos, engendra a dúvida. Está certo que tenhamos uma alma; mas o que é a nossa alma? Tem ela uma forma, alguma aparência? É um ser limitado ou indefinido? Dizem alguns que é um sopro de Deus; outros, que é uma centelha; outros, uma  parte do Grande Todo, o princípio da vida e da inteligência. Mas o que é que tudo isso nos oferece? Que nos importa ter uma alma, se depois da morte ela se confunde com a imensidade, como as gotas d’água no oceano? A perda da nossa individualidade não é para nós o mesmo que o nada? Diz-se ainda que ela é imaterial. Mas uma coisa imaterial não pode ter proporções definidas, e para nós equivale ao nada. A religião nos ensina também que seremos felizes ou desgraçados, segundo o bem ou o mal que tenhamos feito. Mas qual é esse bem que nos espera no seio de Deus? E uma beatitude uma contemplação eterna, sem outra ocupação que a de cantar louvores ao Criador? As chamas do inferno são uma realidade ou apenas um símbolo? A própria Igreja as compreende nesse último sentido; mas. então, que sofrimentos são esses? Onde se encontra o lugar de suplício? Em uma palavra, o que se faz e o que se vê nesse mundo que nos espera a todos?
Ninguém costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém é um erro e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro a de nos fazer, até certo ponto, vê-lo e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não e mais uma presunção uma probabilidade sobre a qual cada um pinta à vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem. E a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitir-nos assistir, por assim dizer a todas as peripécias da sua nova vida, e, por esse meio, nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos delitos Há nisso alguma coisa de anti-religioso? Bem pelo contrário, pois os incrédulos aí encontram a fé e os tíbios, uma renovação do fervor e da confiança. O Espiritismo é o mais poderoso auxiliar da religião. E se assim acontece é porque Deus o permite, e o permite para reanimar as nossas esperanças vacilantes e nos conduzir ao caminho do bem, pelas perspectivas do futuro.

Fonte: O Livro dos Espíritos. Allan Kardec


sábado, 26 de dezembro de 2015

"O ESPIRITISMO E OS ENSINAMENTOS DE JESUS."

Os ensinamentos de Jesus são fontes de vida, de luz para nossas almas; eles nos capacitam a encontrar o caminho a seguir, a tomar as melhores e mais sábias decisões, e podem ser aplicados a tudo em nossa existência. Jesus foi quem nos revelou as leis imutáveis do Pai e, mais do que com as palavras, o fez com seus atos. Seu comportamento, sua vida, suas lições nos consolam, nos esclarecem e nos fazem caminhar com equilíbrio em todas as situações. Mas é preciso que lhes penetremos o significado, não ficando apenas na superfície da palavra em si ou dando voltas em interpretações teóricas. Suas revelações são grandiosas demais para nós e por isso, se queremos compreendê-las, precisamos tentar praticar o que ele ensinou. Só assim se tornarão vivas dentro de nós e nos ajudarão a entender a finalidade de nossa existência e a encontrar esperança para o futuro, quando não mais estivermos nesse planeta.
A Doutrina Espírita está calcada na moral cristã, em sua mais pura essência. Pois ela lança uma nova luz sobre os ensinamentos do Cristo, e é neles alicerçada. Alguns aspectos das lições do mestre não puderam ser inteiramente revelados por falta de maturidade dos homens de seu tempo, e por isso foram ditos de forma velada.
Jesus foi bem claro quando disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará.”
A qual verdade estaria o Mestre se referindo? Certamente a nada que Ele ensinara, porque disse “conhecereis”, ou seja, no futuro. E nem Ele, nem seus seguidores apresentaram algum novo conhecimento que poderia representar tal verdade.
Isto está cristalinamente claro.
Quando disse “A verdade vos libertará”, deixou claro que seus seguidores se encontravam e continuariam se encontrando prisioneiros de algum engano, até que o conhecimento da verdade, no futuro, viesse libertá-los. Isto, porque, seus seguidores não estavam preparados para conhecer toda a verdade.
Tais aspectos são agora aclarados em sua totalidade pelo espiritismo, que mais do que tudo, busca com seus postulados a regeneração do homem e sua ligação mais estreita com o criador; não pelo medo das ameaças de condenação a um inferno interminável, e sim pela compreensão da sua essência imortal, da sua responsabilidade na construção do próprio futuro e da presença constante do amor divino a ampará-lo em sua trajetória.
Porque muitas pessoas criticam o espiritismo? Porque tem medo! Medo de admitir que não sabem tudo, que precisam abrir a mente e o coração para buscar entender as questões espirituais em profundidade. Temem também o que é novo e desconhecido. A religião tem interesses a preservar; se as pessoas raciocinarem melhor sobre Deus e sua criação, se discutirem e procurarem assimilar os ensinamentos de Jesus em sentido pleno e se, acima de tudo procurarem vivê-los, o poder e a autoridade das religiões se enfraquecerão. Elas têm muito a perder com a expansão da Doutrina dos Espíritos, que nada mais é do que o resgate dos valores cristãos primitivos de amor, caridade, fraternidade desinteressada e, por conseguinte, da verdadeira espiritualidade. Esses valores, não apenas ditos, mais vividos, são poderosas forças capazes de transformar a Humanidade.
O Perdão às ofensas, a caridade para com os inimigos, o amor e tudo o mais que Jesus nos ensinou são atitudes contrárias aos interesses do culto ao egoísmo e ao orgulho que se desenvolveu na terra, sob o olhar complacente das instituições humanas. Jesus morreu porque ameaçou interesses fundamentais arraigados nos homens daquela época; o espiritismo junto com seus seguidores é criticado e discriminado por razões semelhantes.
Aqueles que querem a qualquer preço impor sua vontade, que se deixam dominar pelo orgulho, pela arrogância, pela falta de humildade, acabam espalhando dor e sofrimento nos caminhos por onde passam, magoando e ferindo aqueles que não se submetem aos seus propósitos.
É contra essa conduta insana que lutamos, para que o Amor triunfe sobre o egoísmo e a humildade vença o orgulho. Somente assim seremos felizes.


SANDRA CARNEIRO pelo Espírito “LUCIUS”

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"QUEM É JESUS PARA OS ESPÍRITAS."

Pouca gente sabe o que realmente é Jesus para os espíritas, sem contar os que fantasiam em torno de conjecturas vazias, por total desconhecimento. Personalidade mais comentada de todos os tempos, Jesus, por sua importância, ensejou a fragmentação da História em duas partes — antes da sua vinda e depois de sua passagem pela Terra.
Os espíritas não costumam cultuar imagens, muito menos a imagem de Jesus na cruz, abatido, vitimado pela incompreensão dos homens. Para eles, o Jesus real é “um ser iluminado, belo, forte, irradiando amor de uma forma ampla e total, como um verdadeiro sol cujos raios se direcionam para todos os lados e atingem a todas as pessoas do Universo. Médico, psicólogo, pedagogo, consolador, redentor, Jesus nunca usou de uma classificação dicotômica da humanidade — os condenados a um futuro terrível num inferno eterno, em função de seus erros, e os eleitos, os únicos a se salvar, em função da sua fidelidade. Assim, os espíritas veem esse tal de inferno apenas como um estado íntimo da consciência. Nada de demônios, nada de Pai vingativo. Esse conceito encerrou-se com Moisés — teve valor somente a seu tempo, quando a humanidade exigia o tratamento do olho-por-olho-dente-por-dente. A partir de Jesus, Deus passa a ser infinitamente bom e misericordioso.
Quando se diz que Jesus é o caminho, o espírita entende que uma estrada leva sempre a algum lugar. Ao classificar-se o mestre como caminho, afirma Emmanuel, afasta-se a possibilidade de uma estrada sem proveito. Aceitando a receita de Jesus, caminhar em sua companhia “é aprender sempre e servir diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho construtivo, em todos os momentos da vida, é a jornada sublime da alma, no rumo do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação”. Zonas com estradas desativadas, sem serviço, sem transporte, refletem economia paralítica. Assim arremata Emmanuel:1 “Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançar a legítima prosperidade espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação”. Nada de inferno. E toda estagnação é temporária, até que o espírito desperte. Disso tem certeza o espírita. Esse despertar, comumente, acontece sobre o aguilhão da dor, em função da sábia lei divina de causa e efeito.
O destino de todos nós? A perfeição. Todos, sem exceção verão a Deus, alcançarão os patamares maiores da evolução. E mais, independentemente da religião que abraçaram. O que manda é a prática indiscriminada do Amor, com maiúscula, e não a escolha da prática religiosa, rotulada.
Jesus, para o espírita, não é Deus. O mestre chamou a si mesmo de Filho do Homem, filho de Deus. Sempre se referia: “meu Pai que está no céu. “A distância, em medidas de perfeição, que existe entre Jesus – pela sua superioridade moral – e nós mesmos é que nos faz imaginá-lo como Deus... Compreensível que para nós ele seja quase isso, um Deus.
A prática do perdão, mecanismo expresso no Pai-Nosso como condição para o perdão do Pai, e a máxima “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, são a receita maior para rumarmos sem delongas na direção do Criador.
A regra áurea do “fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem” não foi trazida por Jesus. Ela datava de muitos séculos passados. Buda a citava, os gregos, os persas, os chineses, os egípcios, os hebreus, até os romanos: “A lei gravada nos corações humanos é amar os membros da sociedade como a si mesmo”.2 A grande diferença é que Jesus vivenciou essa regra áurea, “em plenitude de trabalho, abnegação e amor”.
A maioria dos espíritas concorda com Gandhi quando ele diz que a mais pura essência do cristianismo está no Sermão da Montanha (é lá que Jesus nos ensina a orar, por meio do Pai-Nosso). Se todo acervo da sabedoria humana sobre a Terra fosse destruído, só restando o Sermão da Montanha, “as gerações futuras teriam nele toda a beleza e sabedoria necessárias para a vida”, disse o grande estadista hindu.
Aliás, o espírita entende também que Gandhi, Buda, Lutero, Chico Xavier, Tereza de Ávila, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Santo Agostinho, os profetas que constam das escrituras sagradas e tantos outros, todos, sem exceção, foram colaboradores do Cristo, na sua estratégia de estabelecer o Reino de Deus na Terra. Todos foram, em maior ou menor grau, “inspirados pelos planos mais altos da vida”. Tudo faz parte de um trabalho árduo e constante para a instalação definitiva do amor entre os homens. Afinal, Jesus é o diretor espiritual desse planeta e espera a colaboração de todos para a redenção da Humanidade. Nisso, até nós, na nossa pequenez, estamos incluídos. Operários do Cristo, nas mínimas coisas.
Ref.: 1-          “O caminho”, em Vinha de luz, psicografado por Francisco Xavier, FEB.
2-        “A regra áurea”, Caminho, verdade e vida, idem.


 Escrito por Ary Marques Brasil   

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...