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domingo, 12 de junho de 2016

“COMPORTAMENTO E VIDA”

O fatalismo biológico, estabelecido mediante as conquistas pessoais de cada indivíduo, não é definitivo em relação à data da sua morte.
A longevidade como a brevidade da existência corporal, embora façam parte do programa adrede estabelecido para cada homem, alteram-se para menos ou para mais, de acordo com o seu comportamento e do contributo que oferece à aparelhagem orgânica para a sua preservação ou desgaste.
Necessitando de um período de tempo em cada existência física para realizar a aprendizagem evolutiva em cujo curso está inscrito, o Espírito tem meios para abreviar-lhe ou ampliar lhe o ciclo, mediante os recursos de que dispõe e são
facultados a todos.
É óbvio que o estroina desperdiça maior quota de energias, impondo sobrecargas desnecessárias aos equipamentos fisiológicos, do que o
indivíduo prudente.
As ocorrências que lhes sucedam têm as suas causas no comportamento que se permitem.
Igualmente, a forma de desencarnar, sem fugir ao impositivo do destino que é de construção pessoal, resulta das experiências que são vividas.
O homem imprevidente e precipitado, desrespeitador dos códigos de lei estabelecidos, toma-se fácil presa de infaustos acontecimentos, que ele mesmo se propicia como efeito da conduta arbitrária a que se entrega.
Acidentes, homicídios, intoxicações, desastres de vários tipos que arrebatam vidas, resultam da imprevidência, da irresponsabilidade, do orgulho
dos que lhes são vítimas, na maioria das vezes e no maior número de acontecimentos.
Devendo aplicar a inteligência e a bondade como norma de conduta habitual, grande parte das criaturas prefere a arrogância, a discussão acesa,
o desrespeito ao dever, a negligência, tornando-
se, afinal, vítimas de si mesmas, suicidas indiretas.
Nos autocídios de ação prolongada ou imediata, a responsabilidade é total daqueles que tomam a decisão infeliz e a levam a cabo, inspirados ou
não por Entidades perversas com as quais sintonizam.
Derrapando em comportamentos pessimistas a que se aferram, a atitudes agressivas nas quais se comprazem, na fixação de ideias tormentosas
em que se demoram, em ambições desenfreadas e rebeldia sistemática, a etapa final, infelizmente, não pode ser outra. Com o gesto que supõem de
libertação, tombam, por largos anos de dor, em mais cruel processo de recuperação e desespero, para que aprendam disciplina e submissão contra
as quais antes se rebelaram.
Depreende-se, portanto, que o comportamento do homem a todo instante contribui de maneira rigorosa para a programação da sua vida.
São de duas classes as causas que influem na sua existência, dentro do determinismo da evolução humana: as próximas, desta reencarnação, na
qual se movimenta, e as remotas, que procedem das ações pretéritas. Estas últimas estabeleceram já os impositivos de reparação a que o indivíduo
não pode fugir, amenizando-os ou vencendo-os através de atuais ações do rumor, que promovem quem as vitaliza e aquele a quem são dedicadas.
As primeiras, no entanto, as da presente existência, vão gerando novos compromissos que, se negativos, podem ser atenuados de
imediato por meio de atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação.
O tabagismo, o alcoolismo, a toxicomania, a sexolatria, a glutonaria, entre outros fatores dissolventes e destrutivos, são de livre opção
anual, não incursos no processo educativo de ninguém.
Quem, a qualquer deles se vincula, padecer-lhe-á, inexoravelmente, o efeito prejudicial, não se podendo queixar ou aguardar solução de emergência.
O tabagismo responde por cárceres de várias procedências, na língua, na boca, na laringe, por
inúmeras afecções e enfermidades respiratórias, destacando-se o terrível enfisema pulmonar.
Todo aquele que se lhe submete à dependência viciosa, está incurso, espontaneamente, nessa fatalidade destruidora, que não estava no seu
programa e foi colocada por imprevidência ou presunção.
O alcoolismo é gerador de distúrbios orgânicos e psíquicos de inomináveis consequências, gerando desgraças que, de forma nenhuma
deveriam suceder. É ele o desencadeador da loucura, da depressão ou da agressividade, na área psíquica, sendo o responsável por distúrbios
gástricos, renais e, principalmente, pela irreversível cirrose hepática. Seja através da aguardente popular ou do whisky elegante, a alcoolofilia dízima multidões que se lhe entregam espontaneamente.
A toxicomania desarticula as sutis engrenagens da mente e desagrega as moléculas do metabolismo orgânico, lesando vários órgãos e alucinando todos quantos se comprazem nas ilusões mórbidas que dizem viver, não obstante
de breve duração. Iniciada a dependência que se fez espontânea, desdobrara-se à frente longos anos, numa e noutra reencarnação, para que sejam reparados todos os danos que poderiam ter sido evitados quase sem esforço.
A sexolatria gera distonias emocionais, por conduzir o indivíduo ao reduto das sensações primitivas, mantendo-os nas áreas do gozo insaciável, que o leva à exaustão, a terríveis frustrações na terceira idade, se a alcança, e a
depressões sem conta pelo descalabro que desorganiza o corpo e perturba a mente.
Além desses, são criados campos de dificuldade afetiva, de responsabilidade emocional com os parceiros utilizados, estabelecendo-se compromissos desditosos para o futuro
A glutoneria, além de deformar a organização física, é agente de males que sobrecarregam o corpo produzindo contínuas distinções gastrointestinais, dispepsias, acidez, ulcerações, alienando o homem que vive para comer, quando deveria, com equilíbrio, comer para viver.
São muitos os agentes dos infortúnios para o homem, que ele aceita no seu comportamento,
afetando-lhe a vida.
Entretanto, através de outras atitudes e conduta poderia preserva-la, prolongá-la, dar-lhe beleza, propiciando-lhe harmonia e felicidade.
Além de atingir aquele que elege esta ou aquela maneira de agir, os resultados alcançam os descendentes que, através das heranças transmissíveis, conforme as suas necessidades evolutivas, as experimentarão.
O comportamento do Espírito, no corpo ou fora dele, é responsável pela vida, contribuindo de maneira eficaz na sua programática, igualmente interferindo na conduta do grupo em que se movimenta e onde atua, como dos descendentes que de alguma forma se lhe vinculam.
As ações corretas prolongam a existência do corpo e promovem o equilíbrio da mente, enquanto as atribuladas e agressivas produzem o inverno.
Nunca será demasiado repetir-se que, assim como o homem pensa e age, edificará a sua existência, vivendo-a de conformidade com o comportamento elegido.
Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Psicografia de Divaldo Franco.

Livro: Temas da Vida e da Morte

sábado, 11 de junho de 2016

“CAUSAS ESPIRITUAIS DAS DOENÇAS. PERGUNTAS E REPOSTAS PELO ESPIRITO “EMMANUEL”

1 - O que estrutura espiritualmente o corpo de carne?
Emmanuel: O corpo espiritual ou perispírito é o corpo básico, constituído de matéria sutil, sobre o qual se organiza o corpo de carne.
2 - O erro de uma encarnação passada pode incluir na encarnação presente, predispondo o corpo físico às doenças? De que modo?
Emmanuel - A grande maioria das doenças tem a sua causa profunda na estrutura semi-material do corpo espiritual. Havendo o espírito agido erradamente, nesse ou naquele setor da experiência evolutiva, vinca o corpo espiritual com desequilíbrios ou distonias, que o predispõem à instalação de determinadas enfermidades, conforme o órgão atingido.
3 - Quais os dois aspectos da Justiça?
Emmanuel - A Justiça na Terra pune simplesmente a crueldade manifesta, cujas consequências transitam nas áreas do interesse público, dilapidando a vida e induzindo à criminalidade; entretanto, esse é apenas o seu aspecto exterior, porque a Justiça é sempre manifestação constante da Lei Divina, nos processos da evolução e nas atividades da consciência.
4 - Qual a relação existente entre doenças e a Justiça?
Emmanuel - No curso das enfermidades, é imperioso venhamos a examinar a Justiça, funcionando com todo o seu poder regenerativo, para sanar os males que acalentamos.
5 - O que faz o Espírito, antes de reencarnar-se visando à própria melhoria?
Emmanuel - Antes da reencarnação, nós mesmos, em plenitude de responsabilidade, analisamos os pontos vulneráveis da própria alma, advogando em nosso próprio favor a concessão dos impedimentos físicos que, em tempo certo, nos imunizem, ante a possibilidade de reincidência nos erros em que estamos incursos.
6 - Que pedem, para regenerar-se, os intelectuais que conspurcaram os tesouros da alma?
Emmanuel - Artífices do pensamento, que malversamos os patrimônios do espírito, rogam empeços cerebrais, que se façam por algum tempo alavancas coercitivas, contra as nossas tendências ao desequilíbrio intelectual.
7 - Que medidas de reabilitação rogam os artistas que corromperam a inteligência?
Emmanuel - Artistas, que intoxicamos a sensibilidade alheia com os abusos da representação viciosa, imploramos moléstias ou mutilações, que nos incapacitem para a queda em novas culpas.
8 - Que emendas solicitam os oradores e pessoas que influenciaram negativamente pela palavra?
Emmanuel - Tarefeiros da palavra, que nos prevalecemos dela para caluniar ou para ferir, solicitamos as deficiências dos aparelhos vocais e auditivos, que nos garantam a segregação providencial.
9 - Que providências retificadoras pedem para si próprios aqueles que abraçaram graves compromissos do sexo?
Emmanuel - Criaturas dotadas de harmonia orgânica, que arremessamos os valores do sexo ao terreno das paixões aviltantes, enlouquecendo corações e fomentando tragédias, suplicamos as doenças e as inibições genésicas que em nos humilhando, servem por válvulas de contenção dos nossos impulsos inferiores.
10 - Todas as enfermidades conhecidas foram solicitadas pelo Espírito do próprio enfermo, antes de renascer?
Emmanuel - Nem sempre o Espírito requisita deliberadamente determinadas enfermidades de vez que, em muitas circunstâncias quais aqueles que se verificam no suicídio ou na delinquência, caímos, de imediato, na desagregação ou na insanidade das próprias forças, lesando o corpo espiritual, o que nos constrange a renascer no berço físico, exibindo defeitos e moléstias congênitas, em aflitivos quadros expiatórios.
11 - Quais são os casos mais comuns de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina?
Emmanuel - Encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem as provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos, irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, mostram-se na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei. Justo acrescentar que todos esses companheiros, em transitórias, mas duras dificuldades, renascem na companhia daqueles mesmos amigos e familiares de outro tempo que, um dia, se cumpliciaram com eles na prática das ações reprováveis em que delinquiram.
12 - A mente invigilante pode instalar doenças no organismo? E o que pode provocar doenças de causas espirituais na vida diária?
Emmanuel - A mente é mais poderosa para instalar doenças e desarmonias do que todas as bactérias e vírus conhecidos. Necessário, pois, considerar igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; os que passam, todas as horas em redes e leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desânimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem qualquer ligação com causas anteriores de existências passadas.
13 - Qual a advertência de Jesus para que nos previnamos dos males do corpo e da alma?
Emmanuel - Assinalando as causas distantes e próximas das doenças de agora, destacamos o motivo por que os ensinamentos da Doutrina Espírita nos fazem considerar, com mais senso de gravidade, a advertência do Mestre: “Orai e vigiai, para não cairdes em tentação”.
CHICO XAVIER – EMMANUEL
(Do livro “Leis Do Amor”, Francisco Cândido Xavier E Waldo Vieira)




sexta-feira, 10 de junho de 2016

“A BENÇÃO DO ESQUECIMENTO”

Um dos postulados básicos do espiritismo é o da pluralidade das existências ou reencarnação.
A evolução dos espíritos exige inúmeras existências para aperfeiçoar-se.
Todos são criados simples e ignorantes, mas seu destino é tornarem-se anjos.
A magnitude da meta evidencia a impossibilidade de ser alcançada no curto espaço de uma vida terrena.
Um questionamento frequentemente levantado a essa ideia refere-se ao esquecimento das existências passadas.
Afirma-se que esse olvido é contraproducente.
Se já vivemos muitas vezes na terra, por que não nos lembramos?
Segundo alguns, a lembrança auxiliaria a não repetir os equívocos do passado.
Também serviria de incentivo à adoção de um patamar nobre de conduta.
Afinal, seria possível correlacionar as dores atuais a específicos erros de outrora.
Consequentemente, as criaturas teriam interesse em agir com dignidade.
A crítica parece sedutora, mas não resiste a uma análise criteriosa.
Tenha-se em mente que o esquecimento constitui a regra geral.
Raras pessoas têm, naturalmente, a lembrança de seu agir em outras existências.
A sabedoria divina certamente possui razões para assim estabelecer.
Convém recordar que a lei do progresso rege a vida.
Toda a criação está em permanente processo de evolução e metamorfose.
Na conformidade dessa lei, os espíritos não retroagem em suas conquistas.
As posições sociais mudam constantemente, mas ninguém é hoje pior do que já foi um dia.
As conquistas morais e intelectuais dos espíritos jamais são perdidas.
Assim, cada homem hoje se encontra no auge de seu processo evolutivo.
Ninguém nunca foi no passado mais bondoso ou nobre do que é agora.
Ocorre que a maioria absoluta da humanidade possui atualmente inúmeras mazelas morais.
Isso evidencia que o passado dos homens, em geral, não é repleto de nobres e belas ações.
Nesse contexto, o esquecimento das encarnações pretéritas constitui uma bênção.
No âmbito de uma única existência, quantas vezes a criatura deseja esquecer seus equívocos?
Não é fácil conviver com a lembrança de atos levianos.
Inúmeros relacionamentos periclitam pela dificuldade dos seres humanos relevarem os erros recíprocos.
E na verdade os erros são inerentes ao processo de aprender.
Não é possível sair da mais completa ignorância e transitar para a angelitude sem cometer equívocos nesse gigantesco caminhar.
Para propiciar os acertos necessários, a divindade permite o esquecimento do viver pretérito.
O que se viveu persiste na forma de intuições e tendências, simpatias e antipatias, facilidades e dificuldades.
Muitas vezes, o inimigo de ontem renasce na condição de um filho.
O esquecimento permite a transformação da mágoa em amor.
Ante o rostinho rosado e o olhar ingênuo de uma criança, torna-se possível amar a quem ontem odiávamos.
Quem outrora nos incomodava hoje nos auxilia na figura de um amigo ou irmão.
Sob a bênção do esquecimento, refundem-se as emoções e elos fraternos se estabelecem.
Assim, não é relevante lembrar o passado.
O importante é viver bem o presente.


Equipe de Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

“ESPIRITISMO E VEGETARIANISMO”

Amigos, no estudo sobre a espiritualidade de nossos irmãos animais, não é sempre que se encontra bons materiais. Na minha concepção, material bom é aquele que possui informações com bons argumentos, ou seja, justificativas lógicas.
Quando o assunto em pauta é a alimentação sem carne, a divergência, mesmo no meio espírita, é grande. Há alguns dias, deparei-me com um vídeo sobre a espiritualidade dos animais. Gostei. Entretanto, quando o palestrante começou a abordar sobre vegetarianismo, os argumentos foram fracos e diversas vezes equivocados.
Diante disto, gostaria de abordar o tema de maneira saudável e dividi-lo com vocês. A matéria abaixo foi publicada na revista Animais Doutrina e Espiritualidade – nº7 (Editora Mythos).
Assunto muito polêmico e de pouca reflexão no meio espírita é o vegetarianismo. Quando digitado “vegetarianismo e espiritismo” em sites de busca, são dezenas de milhares de resultados encontrados. Por outro lado, contam-se nos dedos das mãos os centros espíritas que trazem esta reflexão ao público.
Diante da procura por este assunto, pode-se concluir que muitos são os interessados nesta reflexão, mas poucos são os coordenadores espíritas que se submetem a estudar profundamente o assunto e levar a posição do ESPIRITISMO aos espíritas.
Muitos questionariam: o espírita é obrigado a seguir o vegetarianismo? A resposta, obviamente, é não. O Espiritismo nada obriga e é, acima de tudo, uma filosofia de vida, não aplica o dogma como base religiosa.
Talvez, a pergunta mais sensata seria: o espírita deve refletir sobre a possibilidade de tornar-se vegetariano? A resposta, logicamente, é sim.
O Espiritismo muito nos instrui sobre esta possibilidade desde Kardec: “Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação? Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros” (questão 724 do Livro dos Espíritos – LE). 
Hoje, a maioria dos espíritas é onívora (consome tanto seres do reino animal como do vegetal), ou por falta de oportunidade de reflexão, ou por apoiar-se na famosa máxima “a carne nutre a carne” (questão 723 do LE).
A pergunta é simples e direta: por quanto tempo mais o espírita apoiar-se-á apenas nesta frase, e quanto tempo mais levará para tirar conclusões sensatas sobre o tema diante de tantas obras espíritas que revelam a realidade sobre o assunto?
Claramente, a frase citada serve aos espíritas que se colocam a favor de uma alimentação em que a carne tenha lugar garantido, e só! Não se leva em conta a época em que foi escrito, qual era a situação do homem em termos de conhecimentos nutricionais em comparação aos dias de hoje.
Tanto esta frase de 1857, quanto a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, extinta TV Tupi, em 1971, em que ele parecia instruir uma alimentação com carne para a maioria das pessoas, são justificáveis para a época. Seria leviano da parte dos Espíritos afirmar que o Espiritismo condenava o consumo de carne, pois eram escassas as informações sobre as alternativas nutricionais em substituição à carne; o que não mais se aplica nos dias de hoje.
Nos dois exemplos citados, está fortemente evidenciada a NECESSIDADE do consumo de carne para a manutenção da vida saudável, o que não é mais justificado, pois existem diversas pesquisas científicas provando ser possível uma vida saudável sem o consumo de animais. São diversos exemplos de pessoas, atletas, crianças e idosos vegetarianos e saudáveis. Então, por que ainda comer carne?
Kardec sempre nos instruiu ao estudo científico, filosófico e doutrinário, e ainda citou que fé inabalável é aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. (KARDEC, citado por Nardi). Nós, espíritas, não podemos mais justificar o consumo da carne dos animais, porque “a carne nutre a carne”, pois segundo a ciência e o próprio Espiritismo, isto não serve mais como argumento nesta discussão. 
Se em 1971 Chico Xavier parecia aconselhar o consumo dos outros animais, em 1943, André Luiz em Missionários da Luz já dava indícios de que a nossa inteligência podia trabalhar em prol de uma alimentação vegetariana e esclarecia:
“(…) esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos proteicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.”
Esquecemos que em O Consolador em 1997 1941 (antes mesmo da participação de Chico Xavier, juntamente com Emmanuel no programa Pinga Fogo em 1971), Emmanuel foi incisivo ao CONDENAR o consumo de carne:
“A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade ABSOLUTA dos matadouros e frigoríficos. ”
Sob justificativas antigas, em que os conhecimentos eram quase nulos sobre a nutrição vegetariana, muitos espíritas ignoram os mais recentes relatos mediúnicos que apontam o atraso espiritual da humanidade em comer carne de irmãos “menores”.
Parece que a maioria dos espíritas lendo obras como as citadas, consideram e guardam em seus corações o que lhe é útil; o que não é, como a causa dos animais para grande parte, é como se descartasse imediatamente após sua leitura. Afinal, não lhe interessa. É como aquele que se diz espírita, buscando o Centro apenas para tomar o passe e não participa dos estudos, palestras, ações de solidariedade. Vive-se superficialmente o Espiritismo, utilizando-se apenas do que lhe parece agradável.
O vegetarianismo entre os espíritas é uma semente que até pouco tempo atrás não possuía a terra fofa e preparada para seu cultivo, mas que agora começa a encontrar condições para ser semeada.
Como disse o sábio Chico Xavier no programa Pinga Fogo, há aproximadamente 40 anos: 
“Se nós estamos ainda subordinados à necessidade de valores proteicos que recebemos da carne, nós não devemos entrar em regimes vegetarianos de um dia para outro e sim educar o nosso organismo para realizarmos essa adaptação (…). Para dispensarmos este tipo de concurso dos animais, precisamos tempo (…)”
E ainda sugeriu o auxílio de um profissional para aqueles que gostariam de abster-se da carne, sinalizando que, já naquela época, era possível a alimentação sem o massacre que, ainda hoje, acontece nos matadouros e frigoríficos, por vontade do ser humano.
Deixemos bem claro que ser vegetariano não implica em ser bom, e não ser, não implica em ser ruim. Entretanto, sem dúvidas, quando se deixa de comer nossos irmãos, a sintonia com energias elevadas se dá mais facilmente. Lembrando uma citação de Babajiananda, um sábio irmão: "Não é deixando de comer carnes que o ser se espiritualiza, é se espiritualizando que ele deixa de comer carnes.”
Tudo na vida é adaptação. Segundo A Gênese em 1868, “(…) à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue.”
Já temos muita informação sobre o assunto em epígrafe, sendo cada um capaz de discernir o certo do errado, o bom do ruim. Cada ser é único e responde a novas revelações de maneiras diferentes. Muitos estão preparados, muitos ainda não. Segundo Jesus Cristo, “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, aqueles que ainda não, certamente um dia terão. Aí está o que chamamos de progresso e evolução espiritual.
Segundo o Irmão X, psicografado por Chico Xavier:
“Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”

Fernanda-Animais e o Espiritismo

quarta-feira, 8 de junho de 2016

“O QUE É LICITO PEDIR AO ESPIRITISMO”

Há pessoas que procuram na religião a satisfação utilitarista. Acreditam que a religião deverá lhes dar a vitória, o sucesso, a felicidade para essa vida, e a salvação eterna para a outra. Hoje, algumas seitas religiosas pregam isso abertamente, e convidam os que querem deixar para traz a infelicidade, o fracasso, a se unirem a elas.
Algumas pessoas chegam a dizer, que resolveram mudar de religião, para serem felizes. No dia a dia dos centros espíritas temos deparados com essa situação. Muitos o procuram no desejo de obter benefícios imediatos, como: curas, enriquecimento, conquistas amorosas, anular um desafeto, e outras coisas mais.
Contudo, a finalidade do Espiritismo não é o de arranjar a vida das pessoas. Os espíritos superiores, embora nos amem e nos auxiliem, não são serviçais à nossa disposição para os pequenos interesses humanos.
Quando as pessoas insistem nesses pedidos, e não percebem o extraordinário novo campo de visão que se lhe abre à frente, acabam por perder a proteção dos bons espíritos, e os maus, os ignorantes tomam conta da situação, pois estão sempre prontos a atender a todos os pedidos, mesmo os injustos. Esses espíritos podem satisfazer certos pedidos, porém cobram muito caro a satisfação concedida.
Quando Jesus de Nazaré ofereceu a Água Viva do Evangelho para a mulher samaritana, afirmando que quem bebesse da água que ele oferecia nunca mais teria sede, a mulher pediu para que o Rabi Galileu lhe desse da tal água, porque assim ela não precisaria buscá-la diariamente. Ela não compreendeu que o Mestre não a isentava do trabalho, das lutas evolutivas, do aperfeiçoamento, mas alargava os seus horizontes espirituais.
O que devemos procurar no Espiritismo? Devemos procurar a elevada compreensão do processo que é a vida. O Espiritismo oferece essa compreensão. Ele é, no dizer de Herculano Pires, a plataforma para as novas conquistas da humanidade.
É proibido, então, à mãe que chora a perda de seu filhinho, buscar notícias que a console? É proibido ao homem que vê a esposa doente, em risco de vida, pedir a cura ou a esperança? Aquele que não consegue um emprego e precisa sustentar a família não pode pedir aos espíritos que o ajude a se empregar? O homem de negócios que está atormentado pelos fracassos sucessivos, não pode ir buscar orientação junto a uma casa espírita? Nada disso é proibido, e é natural que o centro espírita preste esse socorro e vários outros, mas é preciso que ensine a libertação, ou seja, o conhecimento espírita. É preciso que compreendam que os espíritos não fazem pelo homem, aquilo que ao homem compete fazer.
É comum ao ser humano, o desejo de se ver liberto das dores, angústias e dificuldades. É comum procurarem meios mais ou menos mágicos para resolver seus problemas. No Espiritismo não poderia ser diferente. Quase sempre, aqueles que se decepcionam com a Doutrina Espírita e a abandonam, são os que querem soluções mágicas. Não existem soluções sem esforços, luta, trabalho.
Não raro a dor, o problema aparentemente insolúvel, é o chamamento para uma nova postura, um novo caminho, um novo ideal. O fato de sermos espíritas ou médiuns, não nos dá privilégios, e sim responsabilidades. Não feche os olhos para a luz. Não peça o que o Espiritismo não lhe pode dar, e não se decepcionará com ele.



Amílcar Del Chiaro Filho


𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...