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domingo, 23 de abril de 2017

“OS SANTOS SEGUNDO O ESPIRITISMO”

Todos nós brasileiros de certa forma já ouvimos falar nos santos. Nosso calendário segue o cristianismo. Temos nele feriados, datas e festividades aos santos. E quem foram eles? Qual é a importância deles na sociedade? Qual é o papel deles no mundo espiritual?
Eles foram espíritos como nós, mas se destacaram e ficaram famosos pelos seus feitos. Uns carregavam as marcas de crucificação do Cristo, outros abriram mão de uma vida de paixões e luxo para se tornarem mais humildes e ser levar o nome de Jesus adiante. Outros foram levados ao altar por lutar (ir para a guerra) a fim de que o cristianismo não se enfraquecesse.
A Igreja Católica não tem em sua doutrina religiosa a reencarnação. E acham que esses espíritos continuam a ser como era quando aqui encarnados. acham que se o espírito foi um papa milagroso que faleceu há mais de 500 anos, ele continuaria a usar roupas de sacerdote católico.
Mas perante a Doutrina Espírita, todos nós estamos em uma vida contínua, porém com diversas existências. Sabemos também que o espírito quando necessita retornar a terra para resgatar ou com uma missão, ele reencarna. Ele Volta e não se pode dizer que ele receberá o mesmo nome, nem seguirá a mesma filosofia religiosa, e aonde (em que país, nação) ele reencarnará será relativo.
Pense comigo: vamos usar como exemplo, um santo muito popular que é São Jorge. Ele nasceu na atual Turquia e se formou no exército da Capadócia. Jorge foi casado, tinha família, e era um homem assim como nós. Sua missão seria vir na terra para defender e lutar pelo seu povo que tinha medo de falar que seguia ao Cristo. Sendo assim, reuniu um exército para defender, não para atacar. Portanto que os livros e biografias falam que Jorge apenas defendeu. Mas foi pego e decapitado.
Esse ato de fé, naquela época serviria como exemplo para os homens. Sendo assim, puseram-no no altar, canonizando-o para que os homens se espelhassem nele.
Ele desencarnou há mais de mil anos. E será que ele não teria mais reencarnado na terra?
- Claro que sim. Sob a visão da Doutrina espírita, claro que ele deve ter reencarnado. Assim como outros santos. Não que tenham reencarnado neste planeta, pois nós espíritas acreditamos que poderiam reencarnar em outros planetas também. Eles certamente tiveram essa missão. Vieram na terra para lutar para que o nome e os ensinamentos do Cristo não fosse extinto (o que não aconteceria, por isso vieram para terra).
Assim aconteceu com vários Mártires, como outro santo muito popular que é São Sebastião.
E As Orações que São feitas a Eles? São atendidas? Por quem?
Claro que são atendidas, assim como são atendidas as orações feitas a Deus, aos médicos espirituais, entre outros espíritos. São atendidos por espíritos amigos. Muitos trabalham dessa forma. Pois o espírito pode se plasmar da maneira que achar melhor. Na forma mais feliz. Isso quando se trata de um espírito mais evoluído.
A Vida de Francisco de Assis, foi uma escolha dele seguir ao cristo renunciando todas as coisas mundanas que o atrasava. Ele com certeza deve se sentir muito feliz se plasmando dessa forma.
Pode sim ter reencarnado e pode reencarnar quantas vezes achar necessário.
Muitos representantes da Igreja que ao desencarnar continuam a trabalhar com os santos. Ouvindo as Orações e Preces.
A nossa doutrina nos ensina que a dor, o sofrimento ainda se faz necessário. É um modo de aprendermos a corrigir os erros do nosso passado. E muitas vezes exigimos que os espíritos trabalhem em nosso benefício. Eles observam orações por orações e ajudam sim, mas se for contra as leis de aprimoramento do ser, eles não irão atender, pois seria ir contra as leis de Deus. a lei de ação e reação.
E As festas Realizadas para Eles?
A Doutrina espírita nos diz que os espíritos não necessitam disso.
Eles não precisam de velas, flores, balões, entre outros.
Vamos refletir um pouco:
Muitos, principalmente católicos e umbandistas no dia de cada santo atiram fogos de artifício. Lembremos que soltar fogos é muito bonito, mas não significa que o espírito necessita disso para atender às preces.
Acreditamos que as festas realizadas em nome dos santos, é uma boa ocasião para a confraternização. Mas a Doutrina Espírita não estipula nenhum calendário festivo. Nem realiza festas e procissões.
Representar esses Espíritos por Imagens. O que o espiritismo diz?
A Representação desses espíritos por imagens, vem também da Igreja católica. Os santos por serem espíritos esclarecidos, bondosos, que deram testemunho de que são acima da matéria, não ficam presos a representações nem a imagens.
Vamos lembrar que nenhum objeto tem força por si só. O que tem força é o seu pensamento. E se você acreditar que aquela imagem irá te ajudar, você acaba que irá registrar em sua mente que aquilo irá te salvar. Sendo assim, a cura, a bênção e o milagre virá. Mas não pela imagem, e sim pela sua força mental.
Aspectos positivos nas Imagens:
Uma pessoa ao olhar para a imagem de Jesus, ela toma um respeito pela imagem e pelo nome dele. Quando ela entra em um lugar que tenha a imagem de um santo, ela vai se policiar para não xingar, não falar coisas indevidas, não dispersar o assunto, não pensar em coisas que não são vinculadas a fé.
Existem Espíritos nas Igrejas?
Claro que tem espíritos nas igrejas. Lembre que Jesus disse: onde houver duas ou mais pessoas reunidas em meu nome eu me farei presente.
Muitos católicos quando vão as missas rezam, pensam em coisas boas, tentam se auto-melhorar. E como tal os espíritos se fazem presente. Aliás, em qualquer lugar onde houver pessoas os espíritos estão.
Os espíritos vão nas igrejas, abençoam as hóstias, dão passes naqueles que estão em sintonia com o bem. Por isso muitos se sentem bem indo em missas.
Além disso. Muitos buscam as igrejas para fazerem missas, corrente de orações a familiares e amigos falecidos. É claro que tem espíritos com grau de evolução baixo, que necessita de ver e sentir o calor das vozes em oração a ele. E é claro que esse espírito se sente melhor com tantas preces feitas com o coração.
É BOM LEMBRAR:
Assim como Emmanuel, mentor de Chico usava roupas romanas, porque se sentia bem. O espírito de um Papa, pode usar roupas sacerdotais. Assim como Joanna de Ângelis se plasma como freira.
Vamos lembrar que, Chico Xavier em sua Humildade, tinha imagens de santos. Não que ele as cultuava e adorava. Mas ele respeitava e gostava muito. Inclusive tinha muita fé em Nossa Senhora da Aparecida e Nossa Senhora da Abadia.
Dr.Bezerra de Menezes, o médico dos pobres, dizia que tudo o que ele fazia era em nome de Nossa Senhora.
A Doutrina Espírita não usa imagens, mas não condena aqueles que usam. Um bom espírita não condena, apenas auxilia quando solicitado.

GRUPO DE ESTUDOS AMIGOS DE CHICO XAVIER

“A MARAVILHOSA HISTÓRIA DE SÃO JORGE”

Hoje se celebra o dia de São Jorge em várias partes do mundo e me peguei refletindo sobre estas figuras que estiveram entre nós, com dores, dificuldades, momentos de raiva e etc.
De acordo com registros históricos, por volta do final do século III, São Jorge nasceu na Capadócia, onde atualmente fica a Turquia, ainda criança perdeu seu pai que morreu em combate, sua mãe o levou para a Palestina, onde possuía muitos bens, educando-o de acordo com sua condição para a carreira militar. Da formação militar, que percorreu com dedicação e habilidade, qualidades que levaram o imperador Diocleciano a lhe conferir título de tribuno. Além de sua educação militar, recebeu de sua família a formação cristã, desde sua infância aprendeu a temer a Deus e a crer em Jesus como seu salvador pessoal.
Com a idade de vinte e três anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Por essa época, o imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão.
Defendeu com tanta ousadia a fé em Jesus Cristo como o "Senhor e Salvador dos homens", provocou a ira do imperador que tentou fazê-lo desistir torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado ao imperador, que exigia que São Jorge renegasse sua fé, o que não aconteceu.
Em cada retorno das torturas era uma pregação feita por Jorge que conquistou mais admiração e seguidores dos princípios cristãos. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito em seu plano macabro, mandou degolar o jovem e fiel servo de Jesus no dia 23 de abril de 303.
Verdadeiro guerreiro da fé, São Jorge venceu batalhas contra as forças do mal, por isso sua imagem mais conhecida é dele montado em um cavalo branco, vencendo um grande dragão. Com seu testemunho, este grande santo nos convida a seguirmos Jesus sem renunciar o bom combate.
Todavia, se de São Jorge só possuímos os atos de martírio e mais precisamente de sua paixão, não se pode esquecer que a igreja do Oriente o chama de Grande Mártir e todos os calendários Cristãos o incluem no elenco dos seus Santos.
São Jorge, além de haver dado nome a cidades e povoados, foi proclamado padroeiro de cidades como: Gênova (Itália), de regiões inteiras Espanholas, de Portugal, da Lituânia e da Inglaterra.
Seguindo, pela evolução dos tempos, a bandeira de São Jorge chega a nossas terras brasileiras, trazida pelos brancos católicos, que ensinaram aos negros escravos e índios a sua história. O negro escravo, que não possuía a liberdade de cultuar seus orixás, associava as qualidades e virtudes dos santos com as suas crenças e fundamentos, portanto devido à bravura, o espírito de guerreiro, determinado em sua fé São Jorge tornou-se Ogum, e assim ficou firmado o sincretismo.

Sabino Rodrigues

sábado, 22 de abril de 2017

“TIRADENTES FOI UM INQUISIDOR EM VIDAS PASSADAS? –VISÃO ESPÍRITA”

Humberto de Campos (Irmão X) conta no livro "BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO", através da psicografia de Chico Xavier que Tiradentes foi um inquisidor em sua encarnação anterior:
Instantes antes do enforcamento, a falange de Ismael (Espírito escolhido por Jesus para auxiliar no progresso e desenvolvimento do Brasil) cercaram a alma leal e forte de Tiradentes, inundando-a de santas consolações (...) no momento que seu corpo balança, pendente das traves do cadafalso, no Campo da Lampadosa, Ismael recebia em seus braços carinhosos e fraternais a alma edificada do mártir. Ismael exclamou: “ Irmão querido, resgatas hoje os delitos cruéis que cometestes quando te ocupavas do nefando mister de inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso, com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras. Se o Brasil se aproxima da sua maioridade como nação, ao influxo do amor divino, será o próprio Portugal quem virá trazer, até ele, todos os elementos da sua emancipação política(...)”
Daí a alguns anos era o próprio Portugal que vinha trazer, com D. João VI, a independência do Brasil (...)."
OBSERVAÇÃO: A Inquisição foi criada na Idade Média (século XIII) e era dirigida pela Igreja Católica Romana. Ela era composta por tribunais que julgavam todos aqueles considerados uma ameaça às doutrinas (conjunto de leis) desta instituição. Todos os suspeitos eram perseguidos e julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que podiam variar desde prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram queimados vivos em plena praça pública. Os inquisidores questionavam os condenados e obtinham as confissões geralmente à custa da força, tortura e crueldade.

Fonte: Grupo de Estudo Allan Kardec

“A DOENÇA QUE CURA”

Algumas pessoas oram a Deus pedindo a cura de uma pessoa que está doente, ou oram pedindo a própria cura. Elas frequentam locais que realizam tratamentos, cirurgias e curas espirituais. Pedem milagres aos santos e algumas chegam a fazer promessas para se verem livres de alguma enfermidade. A maioria não é propensa a aceitar a doença física e passa a desejar rapidamente que venha a cura. O ser humano faz isso no intuito de evitar sua dor, seu desconforto, as limitações que as doenças podem trazer e, claro, evitar a morte.
O que as pessoas precisam compreender, entretanto, é um princípio simples da espiritualidade que diz assim:
“Toda a doença do corpo vem com o objetivo da cura de nossa alma”.
Esse princípio não é muito bem compreendido e nem mesmo aceito pela maioria. Ele implica em dizer que as patologias que se abatem sobre os seres humanos não ocorrem de forma arbitrária e acidental, mas tem uma finalidade bem específica: a doença exterior pode curar os males interiores.
O que na prática isso significa? Vamos dar o exemplo do homem que exagera em sua alimentação desregrada. Ele come toda sorte de alimentos tóxicos e não liga minimamente para isso. Sua opulência alimentar tem como objetivo faze-lo usufruir dos prazeres da comida. Ele gosta de sentir os sabores e está bastante apegado ao prazer do gosto. Como diz a frase, ele não come para viver, mas vive para comer. Burlou a ordem das coisas e passou a viver apenas para se alimentar. Sua principal atividade do dia é comer um copioso churrasco, ou um doce bastante açucarado. A sabedoria da vida pode, nesse momento, incutir-lhe uma doença no sistema digestivo a fim de obriga-lo a manter uma dieta rígida. Dessa forma, ele tem a oportunidade de se libertar do apego à comida.
Muitas pessoas descontam suas frustrações e carências na alimentação desequilibrada. Comem para preencher o vazio que existe em seu interior. A provação da doença pode obrigar essas pessoas ao desapego e a viverem mais em harmonia consigo mesmas. No momento em que elas param de usar a comida como subterfúgio psicológico, elas ficam com suas carências mais afloradas, e dessa forma, são forçadas a enxergarem a si mesmas e tomarem certas providências para se curarem interiormente.
Outro exemplo interessante que podemos citar da cura interior que vem com a doença é do workaholic, o homem que trabalha demasiadamente por medo de ficar sem dinheiro, ou pelo desejo de querer possuir e conquistar. Mais uma vez a sabedoria da vida pode ajuda-lo a se libertar desse desejo de posse ou desse medo da perda por intermédio de uma enfermidade orgânica. Vamos supor que esse homem adquira uma doença grave que o incapacite de trabalhar. Ele deverá ficar em casa e não poderá mais ir ao trabalho. Por isso, não poderá mais atender seus clientes e, pela força dos acontecimentos, ele começará a perder dinheiro. Esse homem fica assim por meses e meses. Com o tempo a sua reserva financeira vai se extinguindo e ele vê se dissipar toda a ilusória segurança que o dinheiro proporcionava.
A sabedoria da existência universal vai agindo e retirando dele o dinheiro e as posses, para que ele possa gradualmente se libertar do medo de perder e do desejo de tudo conquistar. Ele começa então a despertar para outras facetas da vida, que tem mais valor do que o dinheiro. Ele passa a ter uma visão mais desprendida, mais livre, mais espiritual e inicia uma jornada interior. Pode começar, por exemplo, a fazer cursos de autoconhecimento, a valorizar as coisas simples da vida, a não se preocupar com as miudezas efêmeras da vida humana, etc. Ele torna-se também mais humilde e mais espontâneo. A doença que antes era vista como um desastre em sua vida, como algo terrível, passa a ter outro significado. É justamente a enfermidade que vem desencadear seu processo de cura interior. Ou, como diz a máxima espiritualista, a doença exterior nos impulsiona para a cura interior.
Há muitos outros exemplos que poderiam ser citados, como por exemplo da mulher que anseia muito pela sua independência e seu o poder. Nesse momento vem uma doença e lhe mostra a sua fragilidade humana, seus limites, suas mazelas, suas imperfeições, algo que ela nunca quis aceitar. Isso a obriga a olhar para si mesma com outro entendimento e tentar lapidar seu íntimo aceitando que não detém o poder total, a capacidade total, o conhecimento total e passa a se libertar de uma patologia interior chamada prepotência. Outro exemplo é o do homem que é muito apegado ao seu corpo físico; fixado em sua beleza corporal e em seus músculos. Ele adquire uma doença que começa a atrofiar seu organismo e o obriga a ter uma outra visão de si mesmo. Nesse momento, ele pode começar a buscar uma vida mais real, com mais amor, mais compaixão, mais desapego, e deixar de dar destaque em sua vida apenas as formas físicas. Ele pode passar a ver uma pessoa não pela sua beleza externa, mas pelo que ela expressa em seu íntimo.
Há muitos outros exemplos que poderiam ser citados aqui, mas o importante é todos compreenderem o quanto as enfermidades orgânicas podem ser o caminho para nossa cura interior, para uma purificação de nossa alma. A alma humana encontra-se demasiadamente intoxicada com os venenos desse mundo. Por isso, a doença vem como uma limpeza, uma higienização de nossa mente e de nossas emoções. É como a desintoxicação que se faz através do jejum. Quando iniciamos o jejum, a tendência é o mal estar, a angústia, dores pelo corpo, etc. Tudo isso é a sabedoria da natureza iniciando o processo de desintoxicação, que causará desconforto pela eliminação das toxinas, mas depois trará uma pureza orgânica. É importante mencionar também que não é a doença em si que promove essa depuração, mas sim a forma como cada pessoa muda sua perspectiva durante e depois da doença.
Por isso, não se esqueça dessa máxima. Ao invés de ficar orando a Deus e pedindo uma cura que não virá, procure desvendar o enigma da doença. Essa doença veio para me transformar. Como posso aproveitar as lições que ela veio me transmitir? Torne-se aberto ao sagrado ensinamento da vida através da doença.
As enfermidades não são desgraças fortuitas e amaldiçoadas que vem para nos destruir… No plano do espírito, a doença é uma benção que estabelece e sinaliza o caminho a ser percorrido para nossa transformação e para a purificação de nossa alma.

(Hugo Lapa)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

“O REMORSO NA VISÃO ESPÍRITA”

Muitas pessoas imaginam que não há grandes diferenças entre o remorso e o arrependimento. No livro Aborto à Luz do Espiritismo, Eliseu Florentino da Mota Jr., escreve que “dentre as causas determinantes das anomalias psíquicas, é indubitável que o remorso assume especial relevância, porquanto, ao contrário do arrependimento, que é o primeiro passo para a reabilitação diante de um erro cometido, ele determina o surgimento do complexo de culpa, levando a pessoa que eventualmente tenha errado a crises nervosas, chegando mesmo à loucura”.
Dessa forma, podemos entender claramente essa diferença, deixando para reflexão o quanto o remorso é prejudicial para o indivíduo.
No livro O Céu e o Inferno, capítulo VI, intitulado “Criminosos Arrependidos”, Allan Kardec descreve o contato feito com um jovem padre de nome Verger que havia assassinado em 3 de janeiro de 1857, Monsenhor Sibour, arcebispo de Paris, quando saia da Igreja de Saint-Étienne-du-Mont. Verger foi condenado à morte e em 30 de janeiro executado. Em nenhum momento mostrou-se arrependido do seu crime. Ele foi evocado no mesmo dia de sua execução e três dias depois. Nestes contatos, quando Verger foi indagado “Qual a vossa punição?”, ele respondeu: “sou punido por que tenho consciência da minha falta, e para ela peço perdão a Deus; sou punido porque reconheço a minha descrença nesse Deus, sabendo agora que não devemos abreviar os dias de vida de nossos irmãos; sou punido pelo remorso de haver adiado o meu progresso, enveredando por caminho errado, sem ouvir o grito da própria consciência que me dizia não ser pelo assassínio que alcançaria o meu desiderato. Deixei-me dominar pela inveja e pelo orgulho; enganei-me e arrependo-me, pois o homem deve esforçar-se sempre por dominar as más paixões – o que, aliás, não fiz”.
Quando tiramos a vida de alguém estamos retardando nossa evolução e a do outro, se ele não souber perdoar. Além do mais, é muito triste chegar ao Mundo Espiritual e sentir na consciência a dor e a vergonha de saber que mais uma oportunidade de crescimento foi perdida.
Apesar de tudo, de tantas e tantas quedas, Deus nos dá a oportunidade de reparação dos erros cometidos através das vidas sucessivas, porque Ele espera de nós, pacientemente, que aprendamos a colocar em prática os ensinamentos morais de Jesus. Esses ensinamentos se iniciam no lar, no seio da família, onde existem personalidades diversas, entendimentos diversos para um mesmo assunto, espíritos comprometidos com a lei de amor que solicitaram na espiritualidade a chance de reconciliação e reparação de faltas no aprendizado do perdão. Por fim, aprendemos a duras penas que todo ato indigno de nossa parte contra nossos irmãos termina sendo prejudicial a nós mesmos.
André Luiz no livro Nosso Lar, descreve as palavras de consolo do benfeitor Clarêncio: “Aproveita os tesouros do arrependimento, guarda a bênção do remorso, embora tardio, sem esquecer que a aflição não resolve problemas”.
Elizeu Florentino cita em seu livro que uma pessoa que cometeu aborto, por exemplo, e está profundamente arrependida desse ato, pode ser levada, pelo arrependimento, à ação benéfica de trabalhos beneficentes em prol de crianças carentes e até mesmo à adoção, o que faz com que melhore sua autoestima e sua situação junto à Lei divina, enquanto que o remorso, sem levar a criatura a agir, acaba por criar nela anomalias psíquicas graves.
No livro “Pensamento e Vida” (2), o Benfeitor Espiritual Emmanuel discorre sobre a Culpa, esclarecendo-nos: “Quando fugimos ao dever, precipitamo-nos no sentimento de culpa, do qual se origina o remorso, com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da alma.”.
Quer dizer o Benfeitor que quando nos deixamos levar pelo erro e passamos a caminhar pelos descaminhos da vida infringimos as Leis Naturais, e como estas leis estão inscritas em nossa consciência, imediatamente nossa consciência se intranquiliza gerando desconforto espiritual proporcional ao nosso entendimento em relação à Justiça Divina.
No livro “O Consolador”, Emmanuel responde a pergunta acima dizendo que “O remorso é a força que prepara o arrependimento, como este é a energia que precede o esforço regenerador”, ou seja, o remorso é a primeira reação que se dá na mente do espírito, e por isso mesmo continua o Benfeitor: “Choque espiritual nas suas características profundas, o remorso é o interstício para a luz, através do qual recebe o homem a cooperação indireta de seus amigos do Invisível, a fim de retificar seus desvios e renovar seus valores morais, na jornada para Deus.”.
Esta reação produzirá um segundo sentimento, que é o Arrependimento, e Emmanuel, ainda em “Pensamento e Vida” nos diz que “o arrependimento, incessantemente fortalecido pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abscesso mental, envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o convívio.”.
Depreende-se, das respostas do Benfeitor, que o choque espiritual, na condição de remorso, é benção para a renovação, que se dará com a ajuda dos amigos espirituais, mas a permanência no estado de remorso ou arrependimento pode aprofundar a crise deflagrada, produzindo efeitos funestos em nós e no entorno social.
Falando de arrependimento não poderíamos deixar de buscar a opinião dos espíritos encarregados da Codificação e em “O Livro dos Espíritos” encontramos, na questão de número novecentos e noventa, a seguinte indagação de Allan Kardec: “O arrependimento se dá na vida física ou na espiritual?” Ao que os Espíritos Superiores respondem: “Na vida espiritual; mas também pode ocorrer na física, quando chegais a compreender a diferença entre o bem e o mal.”.
O arrependimento, portanto, será mais ou menos profundo consoante o entendimento moral do espírito, esteja ele encarnado ou desencarnado.
Em sequência, na questão novecentos e noventa e um, o Codificador aprofunda o assunto: “Qual a consequência do arrependimento na vida espiritual?” e a resposta é a seguinte: “O desejo de uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o impedem de ser feliz e por isso anseia por uma nova existência em que poderá reparar suas faltas.”.
Completando o assunto, Allan Kardec refere-se à vida física perguntando na questão novecentos e noventa e dois: “E o arrependimento ainda na vida física?” obtendo a seguinte resposta: “É um começo de progresso, já na vida presente, se houver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência aponta um erro e mostra uma imperfeição, sempre se pode melhorar.”.
O remorso pode ser entendido, então, como o primeiro sinal de que algo inadequado foi perpetrado. E, como a lei de ação e reação se encarrega de apresentar o resultado do erro ao seu produtor para que seja corrigido em todas as suas consequências, o melhor a se fazer é criar, de imediato, as condições de reparo enquanto se tem as possibilidades nas mãos, evitando-se a necessária corrigenda, em futuro indefinido, permanecendo na consciência a condição de devedor e a consequente intranquilidade íntima sempre traduzida por estado de infelicidade.
O tempo de que dispomos em uma existência não é eterno e amanhã pode ser muito tarde para tentarmos corrigir as faltas cometidas. Devemos ter em mente que o momento de agir é agora e que quanto mais tarde acordarmos para a necessidade do perdão, mais comprometidos com a Lei divina estaremos no futuro. Vitor Ronaldo Costa, em seu livro Gerenciando as Emoções, explica que “se alguém alimenta um sentimento de culpa, em decorrência de um mal cometido intencionalmente, o bom-senso recomenda que se busque a solução do impasse na prática inadiável de uma atitude enobrecida. A anulação do remorso sugere a tomada de duas providências essenciais: o cultivo da humildade e o pedido de perdão”.
Pensemos nisso
Antonio Carlos Navarro-.-Rede Amigo Espírita

Texto original publicado na Revista Internacional de Espiritismo, edição nº 02, ano 2002.

𝗖𝗢𝗠𝗢 𝗢𝗦 𝗥𝗘𝗟𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗢𝗦 𝗙𝗜𝗖𝗔𝗠 𝗔𝗧𝗥𝗘𝗟𝗔𝗗𝗢𝗦 𝗡𝗔𝗦 𝗥𝗘𝗘𝗡𝗖𝗔𝗥𝗡𝗔𝗖̧𝗢̃𝗘𝗦.

Os ajustes dos relacionamentos problemáticos de outras existências. Pelas reencarnações os espíritos têm a oportunidade de reestabelecer os ...