Ninguém
passa pelo mundo sem um encontro com o sofrimento. A
função deste incômodo companheiro é desgastar o corpo para
abrilhantar a alma. O corpo é como uma
lagarta
que se arrasta pelo pântano em busca de detritos.
A
borboleta é a alma que busca o céu, pois tem sede de perfume e de
liberdade. O sofrimento envolve o corpo com pesado manto de aflição
deixando a alma aprisionada em um casulo.
No
casulo opera-se a transformação do corpo, que perde camadas inúteis
fazendo surgir uma pele brilhante e macia. Utilizando a resignação
a alma vai construindo asas para que possa elevar-se aos planos
sublimes.
E
espera que o tempo opere o milagre da transformação. A vida do
espírito é parecida com a vida da lagarta. Partindo da simplicidade
e da ignorância, quase sempre com a ajuda do sofrimento, chega ao
céu com suas próprias asas
Da
alimentação grosseira chega ao néctar; do corpo feio atinge a
beleza; da limitação do rastejo alcança o vôo livre. Temos a
escolha de apressar ou não a nossa metamorfose.
Voar
ou rastejar é uma decisão de cada um. Pisar na lama ou pousar em
flores é uma decisão pessoal e intransferível, pois na estrada
evolutiva cada um escolhe seu leito.
A
vida é feita de escolhas; para ganhar algo perdemos alguma coisa. A
sabedoria está em perder sempre aquilo que nos prende. A vida é uma
batalha no casulo da eternidade.
A
cada existência ficamos mais leves, pois a capa da lagarta vai se
transformando nas escamas da borboleta. De repente não mais nos
arrastaremos. Nossa leveza será surpreendida pelo vento que nos
impulsionará para cima. E quais borboletas, teremos nosso encontro
definitivo com Deus.
Luiz
Gonzaga Pinheiro.
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