A dor é uma benção que Deus nos envia – diz-nos o verbo iluminado da
Codificação Kardequiana, e ousaríamos acrescentar que é também o remédio que
solicitamos no limiar da existência terrestre.
Espíritos enfermos e endividados, rogamos, antes do berço, os problemas
e as provações suscetíveis de propiciar-nos a alegria da cura e a benção do
resgate.
Entre votos de esperança e lágrimas de angústia, pedimos em prece o
reencontro com antigos desafetos de nossa estrada, pedimos as deformidades
orgânicas, as moléstias ocultas, as mutilações dolorosas, o pauperismo
inquietante, os golpes da calúnia, as desilusões afetivas, a incompreensão dos
mais amados e os enigmas do sofrimento junto daqueles que se erigem à posição
de nossos credores na Contabilidade Divina; entretanto, em plenitude das
energias físicas, quase sempre recuamos ante os cálices de amargura, exigindo
conforto imediatista e vantagens materiais, à feição de doentes enceguecidos
recusando o medicamento que lhes prodigalizará a recuperação, ou à maneira de
alunos preguiçosos e imprudentes fugindo sistematicamente à lição...
Lembremo-nos, pois, de que a luta é concessão celeste e de que a
dificuldade é benfeitora do coração.
Aceitamo-las no caminho, não apenas com a noção de justiça que, por
vezes, exageramos até a flagelação da secura, nem somente com o bordão da
coragem que, em muitas ocasiões, transformamos em perigosa temeridade mas,
acima de tudo, com a humildade da paciência que tudo compreende para tudo
ajudar e purificar, na jornada de nossa cruz redentora, pela qual, entre a
serenidade e o amor, encontraremos por fim a imortalidade vitoriosa.
Emmanuel
Psicografia em Reunião Publica Data – 12-9-1958
Local – Centro Espírita Uberabense
Do Livro "Através do
Tempo", de Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
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