É muito difícil vencer os aflitivos cuidados da vida humana. Para onde se voltam nossos olhos,
encontramos a guerra, a incompreensão, a injustiça e o sofrimento. No templo,
que é o lar do Senhor, comparecem o orgulho e a vaidade nos ricos, o ódio e a
revolta nos pobres. Nem sempre é possível trazer o coração puro e limpo, como
seria de desejar, porque há espinheiros, lamaçais e serpentes que nos rodeiam.
Entretanto, a ideia do Reino Divino é assim como a semente minúscula do trigo. Quase imperceptível é
lançada à terra, suportando-lhe o peso e os detritos, mas, se germina, a
pressão e as impurezas do solo não lhe paralisam a marcha. Atravessa o chão escuro e, embora dele
retire em grande parte o próprio alimento, o impulso de procurar a luz de cima
é dominante. Desde então, haja sol ou chuva, faça dia ou noite, trabalha sem
cessar no próprio crescimento e, nessa ânsia de subir, frutifica para o bem de
todos.
O aprendiz que sentiu a felicidade do avivamento interior, qual
ocorre à semente de trigo, observa que longas raízes o prendem às inibições terrestres...Sabe que a
maldade e a suspeita lhe rondam os passos, que a dor é ameaça constante;
todavia, experimenta, acima de tudo, o impulso de ascensão e não mais consegue
deter-se.
Age constantemente na esfera de que se fez peregrino, em favor do
bem geral.
Não encontra seduções irresistíveis nas flores da jornada. O reencontro
com a Divindade, de que se reconhece venturoso herdeiro, constitui-lhe objetivo
imutável e não mais
descansa na marcha, como se uma luz consumidora e ardente lhe torturasse o
coração. Sem perceber, produz frutos de esperança, bondade, amor e salvação,
porque jamais recua para contar os benefícios de que se fez instrumento fiel.
Em razão disso, ainda que o discípulo guarde os pés encarcerados
no lodo da terra, o trabalho infatigável no bem , no lugar em que se encontra,
é o traço indiscutível de
sua elevação.
Conhecemos as arvores pelos seus frutos e identificamos o operário do Céu pelos
serviços em que se exprime.
Quantos àqueles que conhecem os sagrados princípios da caridade e não os praticam: Estes, representam
sementes que dormem, apesar de projetadas no seio dadivoso da terra. Guardarão
consigo preciosos valores do Céu, mas jazem inúteis por muito tempo. Estejamos, porém,
convictos de que os aguaceiros e furacões passaram por elas, renovando-lhes a
posição no solo, e elas
germinarão, vitoriosas, um dia. Nos campos de nosso Pai, há milhões de almas
assim, aguardando as tempestades renovadoras da experiência para que se dirijam
a glória do futuro. Auxiliemo-las com amor e prossigamos, por nossa vez,
mirando a frente!
Chico Xavier. Pelo Espírito:”Neio Lúcio”.
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