O corpo físico é destruído com a morte e o novo
corpo, em uma nova encarnação não tem nenhuma relação com o antigo.
Entretanto, o Espírito se reflete no corpo. E embora seja apenas matéria,
é modelado pelas qualidades do Espírito, que lhe imprimem um
certo caráter, principalmente ao semblante, sendo pois com razão que se
apontam os olhos como o espelho da alma, o que quer dizer que o rosto,
mais particularmente, reflete a alma. Porque há pessoas excessivamente
feias, que, no entanto, têm alguma coisa que agrada, quando encarnam um
Espírito bom, sensato, humano, enquanto há belos semblantes que nada te
despertam, ou até mesmo provocam a tua repulsa. Poderias supor que só os
corpos perfeitos envolvem Espíritos mais perfeitos que eles, quando
encontras, todos os dias, homens de bem sob aparências disformes? Sem uma
parecença pronunciada, a semelhança dos gostos e das tendências pode dar,
portanto, aquilo que se chama um ar de conhecido.
Comentário
de Kardec:
O corpo que
reveste a alma numa nova encarnação, não tendo nenhuma relação necessária com o
anterior, pois que pode provir de origem muito diversa, seria absurdo supor-se
uma sucessão de existências ligadas por uma semelhança apenas fortuita. Não
obstante, as qualidades do Espírito modificam quase sempre os órgãos que servem
para as suas manifestações, imprimindo no rosto, e mesmo no conjunto das
maneiras, um cunho distintivo. É assim que, sob o envoltório mais humilde, pode
encontrar-se a expressão da grandeza e da dignidade, enquanto, sob o hábito do
grande senhor, se vêem, algumas vezes, a da baixeza e da ignomínia. Certas
pessoas, saídas da mais ínfima posição, adquirem sem esforço os hábitos e as
maneiras da alta sociedade, parecendo que reencontram o seu elemento, enquanto
outras, malgrado seu nascimento e sua educação, estão ali sempre deslocados.
Como explicar esse fato de outra maneira, senão pelo reflexo daquilo que o
Espírito foi?
Fonte: O Livro dos
Espíritos. Allan Kardec
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