"Influem
os Espíritos em nossos pensamentos e nossos atos?
R- Muito
mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos
dirigem."
A resposta
dada pelos Espíritos não nos deve causar estranheza, pois, se analisarmos o
assunto fazendo uma comparação com o que sucede em nossas relações sociais,
chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente sintonia com as pessoas que
nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos influenciação por meio das ideias
que exteriorizam e dos exemplos que nos dão, do mesmo modo que as influenciamos
com as nossas ideias e com a nossa conduta.
O mesmo
ocorre, naturalmente, com os habitantes do mundo espiritual, pois são eles os
seres humanos desencarnados que, pelo simples fato de terem deixado o invólucro
carnal, não mudaram as características de sua personalidade ou a sua maneira de
pensar.
Assim, somos
alvo não só da atenção dos Benfeitores e Amigos Espirituais - incluindo entre
eles os parentes e amigos desta e de outras reencarnações, os quais, vencendo o
túmulo desejam prosseguir auxiliando-nos - como também daqueles outros a quem
prejudicamos com atos de maior ou menor gravidade, nesta ou em anteriores
existências, e que nos procuram para cobrar a dívida que com eles contraímos.
Portanto, a
resposta dos Espíritos a Kardec nos dá uma noção exata do intercâmbio existente
entre os Espíritos desencarnados e encarnados, intercâmbio esse real e
constante.
O
Espiritismo torna compreensível o processo pelo qual se dá a influência dos
Espíritos no mundo corporal. Essa influência tem origem na possibilidade de
transmissão de pensamento. Para que entendamos como o pensamento se transmite,
é preciso imaginar todos os seres encarnados e desencarnados mergulhados no
fluido universal que ocupa todo o espaço, tal qual nos achamos envolvidos pela
atmosfera aqui na Terra. Esse fluido recebe um impulso da nossa vontade e ele é
o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com uma diferença: as
vibrações do ar são limitadas, ao passo que as do fluido universal se estendem
ao infinito. Portanto, quando o pensamento é dirigido a um ser qualquer na
Terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado ou de desencarnado para
encarnado, uma corrente de fluidos se estabelece entre um e outro, transmitindo
o pensamento entre eles como o ar transmite o som.
Ensina ainda
a Doutrina Espírita que por meio do perispírito é que os Espíritos atuam sobre
a matéria inerte. Sua natureza etérea não é que a isso obstaria, pois se sabe
que os mais poderosos motores se nos deparam nos fluidos mais rarefeitos e nos
mais imponderáveis. Não há, pois, motivo de espanto quando, com essa alavanca,
os Espíritos produzem certos efeitos físicos.
Atuando
sobre a matéria, podem os Espíritos manifestar-se de muitas maneiras
diferentes: por efeitos físicos, quais os ruídos e a movimentação de objetos;
pela transmissão do pensamento, pela visão, pela audição, pela palavra, pelo
tato, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc. Numa palavra, por todos os
meios que sirvam a pô-los em comunicação com os homens.
Deflui
desses ensinamentos que os Espíritos exercem influência nos acontecimentos da
vida, por meio da transmissão de pensamento e por sua ação direta no mundo
material, tudo, no entanto, dentro das leis da Natureza.
Se a
influência dos Espíritos em nossos pensamentos é de tal intensidade que,
ordinariamente, são eles que nos dirigem, é preciso saber identificar a
natureza dessa influência, a fim de que não atendamos aos alvitres dos
Espíritos imperfeitos.
"Como
distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um
Espírito Mau?
R- Estudai o
caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir."
(O Livro dos
Espíritos - Questão 464)
Os Espíritos
imperfeitos são instrumentos que servem para pôr à prova a fé e a constância
dos homens na prática do bem. Vós, como Espíritos, deveis progredir na ciência
do infinito, e por isso passais pelas provas do mal para atingir o bem. Nossa
missão é vos colocar no bom caminho e, quando as más influências agem sobre
vós, é que as atraístes pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm
vos auxiliar no mal, quando tendes a vontade de praticá-lo; eles não podem vos
ajudar no mal senão quando quereis o mal. Se sois inclinados ao homicídio, pois
bem! Tereis uma multidão de Espíritos que alimentarão esse pensamento em vós.
Mas tereis também outros Espíritos que se empenharão para vos influenciar ao
bem, o que faz restabelecer o equilíbrio e vos deixa o comando dos vossos atos.
É assim que
Deus deixa à nossa consciência a escolha do caminho que devemos seguir e a
liberdade de ceder a uma ou outra das influências contrárias que se exercem
sobre nós.
Assim,
compete exclusivamente a nós neutralizar
a influência dos Espíritos Imperfeitos. Os Espíritos Superiores são bastante
claros ao nos indicarem o maio para isso: Fazendo o bem e colocando toda a
confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e anulais o
domínio que querem ter sobre vós. Evitai escutar as sugestões dos Espíritos que
vos inspiram maus pensamentos, sopram a discórdia e excitam todas as más
paixões. Desconfiai, especialmente, daqueles que exaltam o vosso orgulho,
porque vos conquistam pela fraqueza. Eis por que Jesus nos ensinou a dizer na
oração dominical: “Senhor, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do
mal!"
O
Espiritismo trouxe ensinamentos preciosos sobre a importância da nossa atitude
mental no sentido do bem, para que não nos desviemos do caminho que nos compete
seguir rumo à perfeição, que é a nossa meta. Desse modo, é preciso aprender a
disciplinar os nossos pensamentos, a fim de atrairmos os bons Espíritos que nos
auxiliarão a percorrer esse caminho, tornando-os menos árido, e pleno de
realizações Espirituais.
Allan
Kardec- O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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