Os textos
das Sagradas Escrituras são ricos em elementos necessários para o nosso
entendimento das coisas divinas. Como é do conhecimento de todos, enquanto o
Velho Testamento expõe a tradição dos hebreus, seus mestres, reis e profetas, o
Novo Testamento retrata a vida, obra e ensinamentos do Mestre Jesus. Ele afasta
a opressão contida nas leis civis feitas pelo próprio Moisés e clarifica as
leis morais, que são os Dez Mandamentos, ditados por Deus. Há, no Novo
Testamento, a nítida substituição do olho por olho, dente por dente, pelas
mensagens de perdão e de amor a Deus e ao próximo. Além disso, Jesus veio
mostrar que a morte não existe e que a alma sobrevive ao corpo carnal.
A
imortalidade da alma é fato incontestável e definitivamente demonstrado pelo
Mestre quando de Sua passagem pelo planeta.
"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda
que morra viverá" - (João 11:25).
Infelizmente
em pleno alvorecer de uma nova era, muitos homens ainda permanecem atrelados às
velhas concepções, com medo da verdade, receosos de rever conceitos e
reestruturar posturas.
Permanecem
na superficialidade das coisas, sem compreenderem as verdades que a Bíblia
verdadeiramente ensina, a racionalidade confirma e a própria ciência já começa
a aceitar.
Na Bíblia, a
condenação da comunicação com os Espíritos aparece no Velho Testamento, em
citações tais como estas:
"Não
vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis,
contaminando-vos com eles: Eu sou o Senhor vosso Deus" - (Levíticos
19.31).
Contudo, no
próprio Velho Testamento, a prática da comunicação com os mortos é citada como
tendo a aprovação de Moisés.
"Porém
no arraial ficaram dois homens; o nome de um era Eldade, e o nome do outro Medade;
E repousou sobre eles o Espírito (porquanto estavam entre os inscritos, ainda
que não saíram à tenda), e profetizavam no arraial.
Então correu
um moço, e o anunciou a Moisés, e disse: Eldade e Medade profetizam no arraial.
E Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus mancebos escolhidos,
respondeu, e disse: Senhor meu, Moisés, proíbe-lho.
Porém Moisés
lhe disse: Tens tu ciúmes de mim? Oxalá todo o Povo do Senhor fosse profeta,
que o Senhor lhes desse o seu Espírito!
Depois
Moisés se recolheu ao arraial, ele e os anciãos de Israel" - (Números
11.26-30).
Jesus, no
Novo Testamento, não só não condena a comunicação com os mortos, como a pratica
e confirma.
"Seis
dias depois, toma Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os
conduziu em particular a um alto monte,
E
transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas
vestes se tornaram brancas como a luz.
E eis que
lhes aparecerem Moisés e Elias, falando com ele" - (Mateus 17.1-3).
Um dos
pontos em que se fundamentam os que condenam tais práticas é a palavra de
Moisés no Velho Testamento. Necessário analisarmos a questão à luz da razão.
Se as leis
civis de Moisés utilizadas para o controle do povo judeu, como a condenação da
comunicação com os Espíritos, devem ser obedecidas na atualidade, então por que
não devemos também apedrejar adúlteras ou cortar as mãos dos ladrões como tais
leis também exigem? Evidente que seria um contrassenso para os dias atuais.
Além do
mais, há que se considerar as razões pelas quais o legislador hebreu determinou
tal lei. Ele necessitava de mais rigor para disciplinar um povo naturalmente
rebelde e distante das coisas divinas.
Moisés
precisou coibir tal coisa, porque a prática da consulta aos mortos tinha se
tornado uma constante entre o povo e naturalmente o abuso deu vazão a toda
sorte de problemas decorrentes dos aproveitadores da ignorância humana. E
depois, convenhamos: se ele proibiu a evocação dos mortos, certamente era
porque eles poderiam vir até nós. Não se proíbe algo que não existe.
Por outro
lado, há no Velho como no Novo Testamento, inúmeras citações de claras
situações onde se praticava com muita naturalidade a evocação dos Espíritos. E
isto é completamente desconsiderado pelos que condenam a Doutrina Espírita. Se
as Escrituras funcionam como autoridade nesse campo, porque não o é em outros?
O que não
pode ser aceito pelo homem da atualidade é que seja feito um julgamento (e
condenação) de uma religião ou crença, baseado na parcialidade da Lei com
propósitos de conveniência. A verdade não tem diferentes faces e o verdadeiro
cristão deve seguir o modelo de Jesus e se espelhar nos seus ensinamentos,
vivenciando o amor e respeito aos seus semelhantes.
Portal do
Espírito: Grupo Espírita Bezerra de Menezes.
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