As primeiras
gerações cristãs eram judias. Aliás, até os apóstolos e os discípulos de Jesus
e Ele próprio eram judeus. Por isso, durante séculos, as 613 leis mosaicas
(muitas vezes confundidas com as leis divinas ou naturais) influenciaram muito
os teólogos cristãos. E as comunicações com os espíritos na Bíblia, denominados
por ela de anjos (espíritos mensageiros) eram tidas, erradamente, como sendo
comunicações com o Espírito do próprio Deus. Um exemplo disso é a entrega das
Tábuas da Lei ou dos Dez Mandamentos, as quais foram dadas a Moisés por um
espírito que era um anjo (espírito mensageiro) e não como muitos pensam pelo
Espírito do próprio Deus! (Atos 7: 30).
Moisés, no
capítulo 18 de Deuteronômio, proibiu o contato com os espíritos, porque o povo
era muito ignorante, não sabendo que, para haver tal contato, era necessária a
presença de um médium (naquele tempo, chamado de profeta). E proibiu-o, também,
porque havia comércio e charlatanice com ela. Mas em outra parte, permite-o
(Números 11: 24 a 39).
São Paulo
ensinou que há pessoas que têm esses dons espirituais (proféticos, pneumáticos
ou mediúnicos), ou seja, o poder de, entre outros, curar, de profetizar e de
falar em línguas estrangeiras desconhecidas por elas (1 Coríntios capítulo 12).
Porém, mais tarde, os teólogos passaram a ensinar que esses dons espirituais
paulinos, com os quais as pessoas nascem, eram do Espírito Santo, instituído
por eles junto com a instituição da Santíssima Trindade, oficialmente, a partir
do Primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381. Observe-se que esses
dons do Espírito Santo dos teólogos estão escritos somente no cabeçalho do
capítulo 12 de 1 Coríntios, o que quer dizer que são dos teólogos e não de são
Paulo. E segundo os teólogos, as manifestações seriam todas de espíritos maus,
se não fossem do Espírito Santo. Como ficariam, então, os espíritos
manifestantes bíblicos chamados de anjos? Se fosse verdade isso, Deus estaria
dando apoio aos espíritos maus para se manifestarem e impedindo que os bons se
manifestassem! Que Deus seria esse? Muitas coisas têm que ser revistas pelos
teólogos, uma vez que nada ficará oculto! (Marcos 4: 22). Não adianta, pois,
querer esconder a verdade, já que ela já chegou para muitos e vai chegando, aos
poucos, para todos! E atentemos para o fato de que, se Moisés proibiu o contato
com os espíritos dos mortos, é porque esse contato existe mesmo, pois ele não
era doido de proibir uma coisa que não existe!
O dogma da
comunhão dos santos é citado nas missas, mas os católicos, na sua maioria, não
sabem o seu significado. Os padres evitam falar nele, pois ele é espírita.
Segundo esse dogma, os espíritos, que foram católicos exemplares durante a sua
vida terrena, podem nos ajudar, alcançando-nos graças. E quanto aos que não
foram bons, eles sofrem, e nós é que podemos ajudá-los com preces e missas.
Esse
intercâmbio entre os dois mundos, como vimos, é proibido por Moisés
(Deuteronômio capítulo 18). E, assim, a Igreja encontrou forte resistência
contra essa doutrina da comunhão dos santos entre os cristãos do alvorecer do
cristianismo. E os teólogos tiveram que transformá-la em mais um dos seus
dogmas, obrigando a todos os cristãos a aceitarem-na.
É, pois,
óbvio que esse dogma da comunhão dos santos é muito agradável aos adeptos da
doutrina dos espíritos codificada por Kardec!
José
Reis Chaves- O Tempo.
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