A questão 298 de O Livro dos Espíritos nos
informa que não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a
de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam,
isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto
mais unidos.
Devemos
compreender que um Espírito não é metade do outro. Se um Espírito fosse a
metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos. A teoria das
metades eternas encerra uma simples figura representativa da união de dois
Espíritos simpáticos. Trata-se de uma expressão usada até na linguagem vulgar e
que se não deve tomar ao pé da letra.
Quando
falamos em almas gêmeas temos a ideia de um companheiro e companheira que
encontraremos dentro de um certo tempo.
Somos
levados a este comportamento por influência da sociedade, onde cada um deve
encontrar seu par.
E falamos
nesta alma gêmea como se fosse um salva-vidas. Idealizamos e colocamos nossas
expectativas no outro, procuramos qualidades que acabam se revelando impossíveis
em nós mesmos, e esperamos que o escolhido nos satisfaça em todos os sentidos.
Buscamos nosso complemento para a vida como se estivéssemos procurando um
produto qualquer.
Criadas umas
para as outras, as almas gêmeas se buscam, sempre que separadas. A união é a
aspiração suprema e indefinível. Milhares de seres, se transviados, se
inseridos na senda do crime ou na inconsciência, experimentam a separação das
almas que os sustentam, como a provação mais ríspida e dolorosa, e, no drama
das existências mais obscuras, vemos sempre a atração eterna das almas que se
amam intimamente. Quando se encontram, no acervo dos trabalhos humanos,
sentem-se de posse da felicidade real para os seus corações a da ventura de sua
união, e a única amargura que lhes empana a alegria é a perspectiva de uma nova
separação pela morte, perspectiva essa que a luz da Nova Revelação veio
dissipar.
Nem sempre,
as almas gêmeas encontram-se no mesmo plano evolutivo. No livro Diário dos
Invisíveis, de Zilda Gama, o Espírito Victor Hugo afirma que almas criadas na
mesma era, iniciando úteis peregrinações em mundos primitivos, e, depois,
separadas em ponto diversos do globo terrestre, conservam, uma das outras,
reminiscências indeléveis.
É importante
no entanto, que fique claro o conceito de almas gêmeas: a tese é mais complexa
do que parece ao primeiro exame, mesmo porque, com a expressão "almas
gêmeas", não desejamos dizer metades eternas, e ninguém, a rigor, pode
estribar-se no enunciado para desistir de veneráveis compromissos assumidos na
escola redentora do mundo, sob a pena de aumentar os próprios débitos, com
difíceis obrigações à frente da Lei.
Vejamos
agora, o que O Livro dos Espíritos nos diz a respeito :
Pergunta 298
- As almas que devam unir-se estão, desde suas origens, predestinadas a esta
união e cada um de nós tem, em alguma parte do universo, sua metade, a que
fatalmente um dia se reunirá?
R. Não, não
há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os
espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é,
segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais
unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos, da concórdia resulta a
completa felicidade.
Pergunta 299
- Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns espíritos se
servem para designar os espíritos simpáticos?
A expressão
é inexata. Se um espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam
ambos incompletos.
Pergunta 300
- Se dois espíritos perfeitamente simpáticos se reunirem, estarão unidos para
todo o sempre, ou poderão separar-se e unir-se a outros espíritos?
R. Todos os
espíritos estão reciprocamente unidos. Falo dos que atingiram a perfeição. Nas
esferas inferiores, desde que um espírito se eleva, já não simpatiza como
dantes, com os que lhe ficaram abaixo.
Fonte: O
Livro dos Espíritos.
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