O Cristo nos
deu bastantes pistas sobre o mecanismo de interação física-espiritual. Nos
ensinou a resolver as querelas com os adversários enquanto no caminho para que
não nos coloquemos sob a ação obsessiva; Nos informou que a vida continua,
apesar das vinculações do amor ou ódio, demonstrando que mágoas ou apegos são
fortes empecilhos a vida terrena; E, finalmente, coroou a Sua passagem no plano
terrestre provando que a morte é uma ilusão, que a vida espiritual é
continuação e consequência imediata do período reencarnatório precedente.
O
detalhamento ficaria para o Consolador, conforme o Cristo nos disse, “Mas o
Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.
(João, XIV: 15 a 17 e 26) ”. Através da obra Kardequiana, a relação entre os
planos seria pormenorizada na moral, filosofia e ciência.
Kardec nos
informa claramente da pluralidade das vidas, da continuidade da consciência
após a morte, bem como, das consequências da Lei de Causa e Efeito. A tríade do
estudo deste mês.
A
reencarnação, através da bondade e justiça divina, nos faceia aos antigos
opositores, companheiros de relações malfadadas, irmãos os quais os débitos
amontoaram-se reciprocamente, onde nem tudo resolveu-se, um ou outro, talvez
ambos, não tenham seguido a lição da reconciliação com o adversário, mencionada
no primeiro parágrafo.
A não
resolução de questões, por vezes mínimas, as quais martelam a mente encarnada
ou desencarnada, são a principal causa das tormentas entre indivíduos de planos
diferentes. Quando entendermos que o “depois” pode não acontecer, enquanto não
assimilarmos que a morte do corpo é como o ladrão que bate à porta sem
esperarmos, muitas lágrimas serão vertidas em sofrimento.
Durante
atendimentos mediúnicos, alguns em nome do amor, podemos entender como o
desequilíbrio culposo ou apegado remete criaturas às sensações tormentosas.
Vários são os casos de maridos e esposas desencarnados a ladear os antigos
cônjuges; Mães a transferir a angústia da saudade aos filhos de outro plano;
Filhos, encarnados, a continuar a relação simbiótica, dependente, com os
genitores no plano espiritual. Não à toa o Mestre nos diz para deixar os mortos
enterrar os mortos.
Tenhamos a
consciência que nossas ações, muitas vezes, promovem a angústia nos entes que
se foram, pelo fato dos mesmos não estarem totalmente preparados para a nova
realidade do espírito. Desejam interferir, muitas das vezes com o intuito de
ajudar, mas acabam por, inconscientemente, aumentar o grau de dor.
O amor em
desequilíbrio muito mais prejudica, fere e protela resoluções do que auxilia.
Devemos nos
preparar para este cenário entendendo que também, um dia, estaremos do lado
espiritual. Quando despertamos na verdadeira vida, como reagiremos? Quais serão
nossas prioridades e apegos? As paixões do espírito estarão controladas? As
querelas resolvidas? As culpas sanadas? Teremos a consciência do bom uso do
tempo em favor da respectiva missão, evitando, assim, os desencarnes dolorosos
do remorso e da não conformação com o encontro com a morte?
Quanto
trabalho a fazer em tão pouco tempo...
Cuidar do
espírito, preparar-nos para a entrada no plano etéreo, é a causa de estarmos
todos neste corpo limitador da consciência. O mapa da boa preparação já foi
esmiuçado pelo Cristo e Kardec.
Por outro
lado, sabemos que antigos amores, amigos e companheiros nos acompanham do outro
lado. O amor é irresistível e atravessa todas as barreiras de tempo e espaço,
não podemos culpar-lhes por sensibilizarem-se com nossos erros e dificuldades,
naturais na fase de aprendizes a qual nos encontramos. Mas é importante que a
ação destes irmãos não cause prejuízos a si ou a outrem que por ventura se
coloquem como obstáculos em nossas vidas.
Todo débito
contraído merece ser ressarcido.
Por isso,
oremos, oremos pelos que não mais nos acompanham a jornada, contudo, tenhamos a
oração da tranquilidade, e não da angústia; A prece que visa o reencontro
feliz, sem culpas ou remorsos, suscitando o futuro que reserva a continuidade
de convivência a todas as criaturas que se amam, após os hiatos da vida carnal.
É necessário estarmos conectados, porém, conforme a condição de cada um, para
que a ação desequilibrada, de um ou outro, não afete ou interfira nas
programações terrenas planejadas para a resolução de ajustes naturais da
existência, resultando nas inconsequências e dilatando, ainda mais, os períodos
de separação.
Deixai os
mortos enterrarem os mortos.
Fonte:
Correio Espírita- Por-Pedro Valiati.
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