Nunca
podemos esquecer que a Providência Divina confiou a José da Galileia as vidas
de Maria e Jesus, desde a estrebaria, em Belém, onde Maria deu à luz a seu
filho em segurança. Depois disso, na fuga para o Egito, para salvar o pequeno
Jesus da morte ordenada por Herodes. Embora honrado duas vezes pela solicitação
de um anjo, José nunca se vangloriou dessa dádiva em sua vida, por ter sido de
fato uma pessoa muito humilde.
A primeira
solicitação foi quando Maria estava grávida, antes de o casal coabitar, ocasião
em que ele resolveu afastar-se secretamente de sua futura esposa, na intenção
de evitar a sua difamação. Ao pensar nisso, eis que o anjo lhe apareceu em
sonho, dizendo-lhe: "José, filho de Davi, não temas receber a Maria,
porque o que nela foi concebido é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um
filho, ao qual porás o nome de Jesus".
Já a segunda
solicitação ocorreu quando José foi avisado, outra vez em sonho, por um
Emissário Celestial, para que fugisse com sua família em direção ao Egito. Nesse
país, ele poderia ficar com a família em segurança. Foi exatamente pela sua
grandeza espiritual que José mereceu a confiança das Forças Divinas que
presidiram a vinda de Jesus à Terra.
O EXEMPLO DE
PAI
José também
não tirou qualquer vantagem do fato de ser o pai de Jesus, ao constatar a
grande admiração das autoridades do Templo pelo filho, dada a facilidade de
argumentação com que o menino, de apenas 12 anos, elucidando diversas questões
apresentadas pelos Doutores da Lei. Depois desse memorável acontecimento, no
qual ficaram evidenciadas a sabedoria e a genialidade precoce de Jesus, José
permaneceu à frente de sua carpintaria, na qual o Messias trabalhou até os 30
anos de idade.
José deu a
Jesus tudo o que um pai podia dar a um filho - o seu exemplo. Ele passou no
mundo dentro do silêncio de Deus, exemplificando a humildade, a dedicação ao
trabalho e o amor à família.
MARIA DE
NAZARÉ
Para o
Espiritismo, Jesus é "o Caminho, a Verdade e a Vida", conduzindo a
humanidade para Deus. É também o modelo de perfeição moral, cujos ensinos
vivenciados por Ele e registrados no Evangelho asseguram a todos que os
seguirem a conquista da evolução espiritual. No entanto, Jesus, mesmo na
condição de Governador Espiritual do nosso planeta, precisou de um coração
materno para recebê-lo como filho. Foi justamente à Maria de Nazaré que Deus
confiou essa missão, pelas qualidades do elevado Espírito que era, sobretudo a
humildade e o acendrado amor ao próximo.
Maria, desde
o nascimento de Jesus em plena estrebaria, até a sua morte na cruz, deu sempre
testemunho da sua fé em Deus, e da sua renúncia sem limites. Ainda no final de
sua existência, após a desencarnação do Mestre, Maria foi residir em Éfeso a
convite de João, o discípulo mais moço de Jesus. Na humilde choupana em que
passou a habitar, conhecida por "Casa da Santíssima", muitos
sofredores receberam conforto para as suas grandes dores.
Certo dia,
um dos mais aflitos pede sua ajuda, dizendo:
-
"Minha mãe, como vencer as minhas dificuldades? Sinto-me abandonado na
estrada escura da vida". Maria enviou-lhe o olhar amoroso da sua bondade,
deixando nele transparecer toda a dedicação enternecida de seu espírito
maternal, e disse carinhosamente:
- Isso
também passa! Só o Reino de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas
almas, como eterna realização do amor celestial".
JESUS VEM
RECEBÊ-LA
Ao final
desses fatos, relatados no livro Boa Nova, no capítulo dedicado à Maria, o
Espírito Humberto de Campos, pelo médium Chico Xavier, relata que ela, orando a
Deus por todos os seguidores do Cristo, que sofriam tremenda perseguição e
serviam de alimento a feras insaciáveis nos circos romanos, viu aproximar-se o
vulto de um pedinte, que lhe implorou: - "Minha mãe, venho fazer-te
companhia e receber a tua bênção".
Maternalmente,
Maria convidou-o a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava
profunda simpatia. O peregrino comentou as bem-aventuranças divinas que
aguardam a todos os devotados e sinceros filhos de Deus.
Empolgada
com aquele mendigo que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, ela
sentiu seus olhos umedecerem de ventura, sem que conseguisse explicar a razão
de sua terna emotividade. Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos
generosas com as marcas de duas chagas e lhe falou com profundo amor:
"Minha mãe, vem aos meus braços!".
- Meu filho!
Meu filho! - as úlceras que te fizeram! - respondeu emocionada, ao reconhecer
que era o próprio Jesus que ali estava.
- Sim, sou
eu. Venho buscar-te porque meu Pai quer que sejas no meu reino a Rainha dos
Anjos.
VELANDO
PELOS AFLITOS
Por tudo
isso é que Maria, nos planos siderais, continua a velar pelos aflitos e
sofredores deste mundo, bem como pelas filhas do calvário, principalmente as
que prosseguem pregadas na cruz da ingratidão daqueles que geraram; as que
carregam nas entranhas da alma a vergonha dos filhos entregues ao crime e às
drogas; e as que renunciam à felicidade de uma vida conjugal, apagando sorrisos
e derramando lágrimas para manter a existência de um lar.
A essas
mães, Maria jamais faltou com o seu afeto, consolando-as através de seus
enviados, como Celina, Bezerra de Menezes e tantos outros, que distribuem o
suave perfume de seu infinito amor, em nome de Jesus e de Deus.
O ENCONTRO
DE MARIA COM JUDAS NO ALÉM
De forma
resumida, apresentamos o poema Retrato de Mãe, da poetisa Maria Dolores, pelo
médium Chico Xavier, do livro Momentos de Ouro, no qual o espírito de Judas,
passado muito tempo da morte de Jesus, cego no além, errava solitário...
Cansado pelo remorso, sentara-se a chorar... Nisso, nobre mulher, nimbada de
celestes esplendores, afaga a cabeça do infeliz. Em seguida, num tom de
carinho, ela lhe diz: "Meu filho, por que choras?".
- Acaso não
sabeis? - replica Judas, claramente agressivo - sou um morto e estou vivo.
Matei-me e novamente estou de pé, sem consolo, sem lar, sem amor e sem fé...
Não ouvistes falar em Judas, o traidor? Sou eu que aniquilei a vida do Senhor...
A princípio, julguei poder fazê-Lo rei, mas apenas lhe impus sacrifício,
martírio, sangue e cruz. Afastai-vos de mim... Nunca penetrais minha dor
infinita... O assunto que lastimo é unicamente meu...
No entanto,
a dama, calma, respondeu:
- Meu filho,
sei que sofres, sei que lutas, sei a dor que te causa o remorso que escutas,
venho apenas falar-te que Deus é sempre amor em toda parte... Venho por mãe a
ti, buscando um filho amado. Sofre com paciência a dor e a prova; terás, em
breve, uma existência nova... Não te sintas sozinho ou desprezado.
Judas
interrompeu-a e bradou, rude e pasmo:
- Mãe? Não
me venhais aqui com mentira e sarcasmo. Depois de me enforcar, fui procurar
consolo e força de viver ao pé da pobre mãe que me forjara o ser!... Ela me viu
chorando e escutou meus lamentos, mas teve medo e expulsou-me a esconjuros. Não
me faleis de mães, sou apenas um monstro sofredor...
- Ainda
assim - disse a dama docemente - por mais que me recuses, não me altero;
amo-te, filho meu, amo-te e quero ver-te, de novo, a vida maravilhosamente
revestida de paz e luz, de fé e elevação... Virás comigo a Terra, perderás,
pouco a pouco, o ânimo violento, terás o coração nas águas de bendito
esquecimento. Numa nova existência de esperança, levar-te-ei comigo a remansoso
abrigo, dar-te-ei outra mãe! Pensa e descansa!...
E Judas
perguntou:
- Quem sois
vós? Que me falais assim, sabendo-me traidor?
No entanto,
ela a fitá-lo, respondeu simplesmente:
- Meu filho,
eu sou Maria, sou a mãe de Jesus.
Fonte:
Correio Espírita
Gerson
Simões Monteiro
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