P: Como é o
sofrimento de um animal quando desencarna vitimado de um câncer ou um
envenenamento?
R: Quando o
animal sofre alguma agressão física ou enfermidade grave, que resulta na perda
da vitalidade do corpo e na sua consequente morte, as lembranças do sofrimento
dos momentos derradeiros podem influir no tempo necessário para a preparação
prévia do Espírito animal reencarnante. No entanto, o sofrimento e a dor são
somente percebidos pelo corpo físico e não pelo Espírito, que não sente dor.
Esta é uma interpretação de nosso sistema nervoso, que pode ser maior para uns
e menor para outros e serve de aprendizado ao Espírito que está estagiando no
mundo físico. De qualquer modo, os animais, como Espíritos encarnados, ficam
sujeitos às dores porque, assim como nós, aprendem muito com as situações de
sofrimento, pois vivemos em um mundo primitivo e a dor ainda é comum. Eles têm
mais contato com ela do que com as alegrias neste planeta. Enfermidades como os
cânceres ocorrem mais frequentemente provocados por nós mesmos. A alimentação
inadequada, por exemplo, é uma das causas. Os envenenamentos acidentais são uma
prova para eles, que aprenderão com isso. Os envenenamentos provocados são
também aprendizados, mas estas dívidas que acumularemos precisarão ser quitadas
com eles posteriormente. O sofrimento dos animais é mais físico do que moral,
pois a sua noção moral ainda é embrionária. Somente aqueles que já possuem
rudimentos de moral (animais superiores como elefantes, golfinhos, alguns
macacos e outros) sofrem assim. Os sofrimentos físicos cessam com a morte do
corpo e as lembranças da dor são quase todas apagadas ou amenizadas. Assim que
desencarnam as dores não são mais percebidas.
P: Eu queria
saber por que sofrem tanto os animais?
R: “O corpo
é o instrumento da dor e, se não é a sua causa primeira, pelo menos é a causa
imediata. A alma tem a percepção desta dor: essa percepção é o efeito” (Livro
dos Espíritos).
Os animais
são Espíritos encarnados e estão sujeitos a muitas provas, mesmo que não tenham
consciência disso ou nem saibam o porquê de tanto sofrimento, que somente é
percebido pelo corpo por ação do sistema nervoso, portanto a dor, apesar de não
parecer, é ilusória, porque, caso os meios de sensações do corpo sejam
desativados ela deixa de existir. Se cirurgicamente retirarmos do cérebro o
centro da fome, ela deixa de existir; se retirarmos parte do hipocampo,
deixaremos de sentir medo; se aplicarmos anestésicos não há mais dor; se
rompermos os nervos que são sensíveis aos estímulos da dor ela deixa de existir
também. Como percebemos, dor e sofrimento são interpretações dadas pelo corpo.
O Espírito não sente dor.
Se existem
órgãos sensoriais no corpo é para que percebamos as sensações do mundo físico.
Se há órgãos sensoriais para dor é porque a dor tem alguma importância para o
Espírito também e a importância reside no aprendizado de como evitá-la e de
fazer evitar a dor aos outros. Exercitaremos a partir do conhecimento da
existência da dor e do sofrimento a solidariedade e a compaixão. O resultado do
aprendizado pode não ser imediato, mas surtirá o seu efeito cedo ou tarde. No
entanto, a dor que importa para evolução é aquela que vem da Natureza, “porque
vem de Deus” (Livro dos Espíritos), por isso “é necessário distinguir o que é
obra de Deus e o que é obra do Homem”. A dor imposta por um ser humano sobre um
animal será cobrada e deverá ser ressarcida quanto antes por aquele que se
tornou um devedor em relação àquele a quem fez sofrer.
P: Não
consigo entender o porquê do sofrimento dos animais se eles não têm a
consciência de seus atos, como nós, os humanos.
R: No Livro
dos Espíritos encontramos: “Como pode um espírito que em sua origem é simples e
ignorante e sem existência, sem conhecimento de causa ser responsável por essa
escolha? - Deus supre a inexperiência traçando-lhe o caminho que deve seguir,
como o fazes para uma criança desde o berço. Ele o deixa, pouco a pouco, senhor
para escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolva”.
O sofrimento
faz parte dos meios de fazer evoluir o Espírito primitivo, que com isso
desenvolverá sua consciência. À medida que os Espíritos, na condição animal por
exemplo, expandem sua consciência pela dor, expandem também sua condição de
desenvolver sentimentos relacionados ao amor ao próximo, tornando-os aptos a
entrar em outra faixa evolutiva da Humanidade.
Na verdade,
as condições que determinam o sofrimento diminuem à medida que desenvolvemos a
consciência e não ao contrário. Na condição humana ainda persiste o sofrimento
porque não atingimos o nível ideal de consciência e, quando atingirmos este
nível, a dor desaparecerá de nosso meio e somente existirá o que for relativo à
ausência da dor e do sofrimento. Sofremos e também os animais porque ainda
estamos nos exercitando para desenvolver esta consciência e, posteriormente, a
teremos desenvolvido e deixaremos de sofrer.
"O
sofrimento, nos animais, é um trabalho de evolução para o princípio de vida que
existe neles; adquirem por este modo os primeiros rudimentos de consciência."
(Léon Denis)
P: Qual a
consequência para as pessoas que maltratam os animais na Espiritualidade?
R: Vivemos
neste mundo ainda primitivo e por isso estamos em um estágio arrasado. Faz
parte do nosso aprendizado o convívio pacífico com nossos companheiros de
viagem evolutiva. Entre estes companheiros estão os animais. Muitas pessoas,
por estarem ainda em aprendizado sobre o convívio com estes companheiros
não-humanos, os vêem como seres inferiores e por isso mesmo crêem,
equivocadamente, ter direitos sobre eles. Alguns não sabem ou não acreditam que
sentem dor e sofrem. Outros sabem disso, mas se divertem infringindo-lhes dor.
De acordo com a Lei de Igualdade, os animais são tão importantes para Deus
quanto nós. Não podemos nos colocar acima deles, a ponto de tê-los como objetos
de nosso desfrute. Certamente, aquele que abusa dos animais, maltratando-os e
fazendo-os sofrer, terá de acertar suas contas antes de continuar a evoluir. A
Justiça da Terra pode não ser eficaz contra os agressores dos animais, mas a
Divina não falha. Se formos agressores teremos a oportunidade de encontrar
situações para nos redimir do mal que lhes fizemos e somente então
prosseguiremos com nossa carreira evolutiva. Não por castigo, pois Deus não
castiga ninguém, mas por Misericórdia Divina, que sempre dá oportunidade ao
faltoso de expiar seu erro e aprender com ele.
(Respostas
dadas por Marcel Benedeti, publicadas no site Comunidade Espírita.)
Fonte:Espíritas na Net
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