É comum as
pessoas me procurarem perguntando sobre a morte de entes queridos. Uma das
perguntas mais comuns é se elas poderiam ter feito algo para evitar a morte das
pessoas que amam, pois sentem muito sua falta.
A resposta a
essa pergunta é simples… não. Elas não poderiam evitar, em hipótese alguma. Mas
por que não seria possível evitar a morte de uma pessoa? A morte não pode ser
evitada porque ela já está determinada desde quando a pessoa nasceu. Tão logo o
espírito encarnado cumpra determinadas tarefas e viva certas experiências na
matéria, sua existência material passa a se tornar desnecessária e o espírito
deve ir embora.
O ser humano
prefere acreditar que tem poder para intervir em tudo. Ele quer acreditar que é
poderoso e que suas ações podem mudar as coisas do mundo. Ele quer acreditar
que é o senhor do seu destino e, e não apenas isso, mas também que é o senhor
do destino de outras pessoas. Sem a ideia do poder, o ser humano sentir-se-ia
enfraquecido e perdido. No entanto, é preciso compreender que o poder que temos
não é o poder material; não é o poder da carne; não é o poder para interferir
nos acontecimentos do mundo. O único poder que temos é sobre nós mesmos.
Não adianta
tentar mudar algo externamente; não adianta buscar evitar ou provocar certas
circunstâncias; não é possível acreditar que temos o poder de salvar ou deixar
uma pessoa morrer. Quando uma pessoa desencarna, a hora dela chegou e nada pode
ser feito para evitar isso. Não importa o quanto você seja forte; não importa o
quanto você seja sábio; não importa as influências políticas que você tem; não
importa quantos médicos você conhece e tampouco quanto dinheiro você tem.
Quando conseguimos “salvar” a vida de alguém, por exemplo, de um afogamento, só
fomos bem sucedidos no resgate porque ainda não era a hora do seu desencarne.
Caso fosse o momento dela ir embora, nenhum poder humano seria capaz de
salva-la.
Pelo
contrário. Supondo que uma pessoa precisasse morrer e nos fosse dado o poder de
intervir e mante-la na matéria por mais tempo, isso a prejudicaria imensamente.
Vamos imaginar que uma pessoa está indo embora de um país para trabalhar em
outro país. Ela precisa daquele emprego, pois vai incrementar seu currículo,
ela terá um experiência inédita e muito preciosa para sua carreira, além de
ganhar mais e assim poder comprar sua casa própria. Agora imagine que existe
uma pessoa apegada a ela e que não deseja essa distância. O que aconteceria se
essa pessoa queimasse as passagens e a impedisse de ir? Ela estaria destruindo
uma oportunidade valiosa de crescimento profissional de alguém que ama.
O mesmo
ocorre com aqueles que tentam impedir a morte de alguém cuja estadia na matéria
já se findou. Ela estaria prejudicando agudamente aquele espírito de seguir sua
jornada evolutiva, ir a outras regiões cósmicas mais sutis para trabalhar,
aprender, se desenvolver, ter novas experiências, etc. Portanto, nosso egoísmo
em desejar prender alguém que precisa ir pode atrapalhar consideravelmente a
evolução do seu espírito, da mesma forma que os pais podem atravancar o
desenvolvimento do filho quando obstam sua saída de casa para morar sozinho. O
ser humano muitas vezes se comporta como uma criança mimada, que bate o pé e
grita quando suas vontades não são atendidas. Os mestres sempre ensinaram que
devemos seguir a vontade de Deus, como fez Jesus quando disse: “Pai, que seja
feita a Sua vontade e não a minha”.
Muitas
pessoas se culpam por não terem evitado a morte de um parente. Elas acreditam
que, se tivessem levado a pessoa antes a um hospital; se tivessem socorrido
mais rápido; se tivessem prestado mais atenção; se tivessem certos
conhecimentos de primeiros socorros; se não tivessem sido negligentes com a
pessoa; se fossem mais espertas, mais inteligentes, mais dinâmicas em algum
momento, teriam sido capazes de salvar a pessoa. A grande verdade, que poucos
desejam aceitar, é que ninguém salva ninguém; cada pessoa se salva por si só. É
imenso o número de pessoas que perdem suas vidas tentando salvar outras pessoas
e acabam esquecendo de si mesmas. Passam suas vidas tentando resgatar o outro
do abismo em que ele se encontra, e acabam caindo nesse mesmo abismo, não
salvando o outro e ainda perdendo a si mesmas por puro apego.
É preciso
deixar o outro viver a sua vida da forma como ele deseja viver, de acordo com
suas escolhas e seus objetivos. Mesmo que o outro aparentemente fique mal,
perca tudo, fique doente, se destrua… se isso ocorreu, é porque precisava
ocorrer. A autodestruição era necessária para seu avanço espiritual, com base
em suas escolhas. Vamos entender de uma vez por todas que não é algo ruim as
pessoas sofrerem as consequências de suas escolhas. Ao contrário, é algo
extremamente positivo, pois quem padece no futuro de acordo com o que escolheu
no passado vai aprender e se purificar. Seria o mesmo que queimar uma plantação
de jiló que nosso filho semeou alegando que o jiló não lhe trará renda. Se ele
escolheu plantar o jiló, é necessário permitir que ele colha o jiló. Se ele não
colher, não enfrentará as consequências de seus próprias atos e não aprenderá
certas lições. Isso não é algo a se evitar, até porque não pode ser evitado. É
algo que deve ser aceito como parte da nossa evolução.
Portanto,
não se culpe por não ter conseguido salvar alguém de sua morte ou mesmo salvar
alguém em vida. O momento da morte não vem por acaso. Era para ocorrer
exatamente daquela forma. Aquele acidente que a pessoa sofreu e que a levou,
precisava acontecer; aquela doença que ceifou sua vida, precisava vir e
purifica-la; aquele caminhão que a atropelou precisava atropela-la para ela se
libertar; aquela queda que o levou a morte era necessária a sua elevação; se
não fosse necessária, acredite, não teria ocorrido, pois nada, absolutamente
nada em todo o cosmos ocorre por acaso. O acaso é mera ilusão de nossa mente
que ainda não compreende a vida.
O acaso não
existe em todo o universo; se algo ocorreu, é porque precisava ocorrer. Ninguém
deve se culpar por não ter conseguido evitar algo. A culpa é o efeito de um
delírio de grandeza e poder. Acreditamos que somos poderosos suficientes para
decidir sobre a vida e a morte de alguém; acreditamos que sabemos melhor do que
Deus quando alguém deve morrer ou quando alguém deve continuar na matéria. Nada
além de uma fantasia humana de onipotência; a mesma fantasia que fez o ser
humano cair na matéria e que o mantém até hoje sofrendo.
(Hugo Lapa)
Muito esclarecedor, porém gostaria de esclarecer uma questão, sou parente de pastor evangélico, vejo-o constantemente orando por cura física de doenças terríveis. Muitas são curadas! Preciso de esclarecimentos. Grata
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