Não é novidade para muitos estudiosos do espiritualismo a
existência de indivíduos que possuem grande sensibilidade, e por isso acabam
captando as vibrações que emanam do ambiente e das pessoas. Pessoas assim são
chamadas de “esponjas”, pois têm um comportamento parecido com a esponja, ou
seja, têm a capacidade de sugar o líquido que entra em contato com ela. Alguns
chamam isso de “efeito esponja”, o processo de absorver do ambiente e de alguém
seus fluidos, suas energias e vibrações, em especial as negativas e
desarmônicas.
Há pessoas que frequentam certos ambientes e após algum
tempo sentem-se carregadas de energias intrusas, como se elas tivessem extraído
do ambiente uma parte das vibrações que ele contém. Alguns pesquisadores
afirmam que essa atração energética ocorre principalmente por intermédio do
chakra do plexo solar. Isso por que esse centro de força é responsável por
captar e distribuir as energias vitais em nosso corpo. Nesse processo, ele
também capta e distribui as energias negativas que são assimiladas em certos
locais, sejam igrejas, instituições públicas, residências, cemitérios, ou
qualquer outro lugar.
Ao ter contato com qualquer pessoa ocorre o mesmo: podemos
nos sentir cansados, irritadiços, com mal estar ou sonolentos, podemos sentir
um formigamento percorrendo nosso corpo, ou ainda sentir que nossa energia foi
exaurida e que ficamos com o pior que havia naquela pessoa. O outro sente-se
bem e o “esponja” sente-se muito mal. Por outro lado, é bem possível que o
indivíduo esponja seja muito necessário em nossa sociedade, pois se não fosse
sua capacidade de captar e eliminar alguns fluidos emanados de ambientes e
pessoas, haveria demasiada concentração de energias negativas num dados
ambiente, e este se tornaria muito difícil de ser frequentado.
Há necessidade de pessoas que passem de local em local
assimilando e drenando essas vibrações, caso contrário, alguns ambientes
conteriam uma excessiva carga negativa, e seus habitantes estariam fadados a
complicações e até enfermidades. Por esse motivo, algumas pessoas vêm ao mundo
com essa missão de sugar e transmutar essas energias deletérias, e com isso
assimilar os problemas dos outros e aprender alguma coisa com isso. Quando um
indivíduo esponja assimila as energias negativas de outrem, ele está tomando
para si, ao menos em parte, um pouco da experiência do outro. Dessa forma, ele
pode se colocar no lugar do outro e sentir o que o outro sente, mesmo que
apenas por alguns momentos. Isso o ajuda a assimilar experiências e conseguir
se libertar delas. Além de ajudar outras pessoas, ele aprende muito com isso.
No entanto, é muito importante que essa pessoa, muito sensível, se torne capaz
de não apenas captar as vibrações alheias, mas também anulá-las, expeli-las,
eliminá-las, ou mesmo transmutá-las, o que seria o mais recomendável. Em suma,
o efeito esponja pode ser muito positivo quando a pessoa aprende a transmutar
essas energias, pois pode ajudar muitas pessoas; por outro lado, pode se tornar
uma desgraça quando ela se identifica com os problemas dos outros e toma tudo
para si, sem conseguir transformar essas energias em algo positivo e elevado.
Alguns terapeutas padecem dessa missão. Ao entrar em
contato com os clientes, fazer uma imposição de mãos, ou mesmo apenas dialogar
com eles, sentem que, ao final da intervenção, estão exaustos e acabaram
ficando com boa parte da energia que originalmente era do atendido. Isso ocorre
principalmente com pessoas que trabalham práticas de cura por imposição de
mãos. As mãos podem emanar energias benéficas e elevadas, mas também podem
ajudar a aspirar ou chupar as mazelas e aflições de outros. O terapeuta atento
e bem treinado precisa saber como transmutar esta condição para que não fique
retendo as moléstias de outrem.
Alguns mestres espirituais mais desenvolvidos
espiritualmente são capazes de haurir as energias dos outros, e até mesmo
trazer para si suas enfermidades. No livro “Vivendo com os Mestres do Himalaia”
Swami Rama conta que, certa vez, seu mestre foi chamado para tratar um caso de
lepra que estava quase tirando a vida de um menino da região. Seu mestre havia
enviado o discípulo, o próprio Swami Rama, mas ele foi incapaz de tratar o
garoto. Então o mestre foi ao local e se postou diante do menino.
Repentinamente, a doença do menino foi desaparecendo e o mestre começou a
apresentar os mesmos sintomas. O mestre então saiu do local e colocou as mãos
sobre uma árvore, passando para ela a doença. A árvore pereceu e o mestre
voltou ao local onde estava a criança. Todos puderam observar que a criança já
não mais apresentava os sintomas da doença, e foi diagnosticada como curada.
Outro caso de uma pessoa que parecia absorver dos outros
suas moléstias era o Padre Pio de Pietrelcina. Dizem que Padre Pio fez um
pedido a Jesus desejando que lhe fosse dada a graça de pegar para si mesmo o
sofrimento dos outros. Após esse dia, Padre Pio ficava constantemente doente, e
começaram a aparecer em várias partes da Itália casos de pessoas que haviam
sido supostamente curadas após orar pedindo ajuda ao Padre. Aparentemente, Padre
Pio era capaz de absorver o sofrimento e a doença dos outros e senti-los em si
mesmo, e assim, trabalhava essas moléstias em seu interior e ele mesmo se
curava.
Esses exemplos servem para ilustrar como é de fato possível
uma pessoa chupar, sugar e reter as energias externas, de lugares e pessoas.
Isso é particularmente verdadeiro dentro de uma família. Um dos membros de uma
família pode ser um sensitivo com essa incrível capacidade, e pode não apenas
tomar para si as energias dos familiares, como concentrar nele mesmo toda a
problemática do seu núcleo familiar. É muito possível que alguns familiares
sintam isso e inconscientemente passem a depositar neste elemento todas as
dificuldades e turbulências que caracterizam o drama familiar. Neste caso, o familiar
pode começar a ser colocado na posição de bode expiatório, e tudo de sórdido e
disfuncional que há na família seja transferido para um membro, geralmente o
mais fragilizado e mais sensível. De qualquer forma, não se deve acreditar que
toda pessoa com sensibilidade do tipo “esponja” seja necessariamente
transformada no bode expiatório, mas algumas vezes isso acaba ocorrendo.
O fato é que há elementos de uma família que são
transformados no depósito de todo o lixo emocional de uma família, e isso acaba
os prejudicando severamente e pode até mesmo abrir caminho para doenças e
quadros sintomáticos de transtornos mentais. Isso ocorre por que os familiares
não desejam admitir seus problemas, seus desgostos, os dissabores de sua vida,
e mesmo sua infelicidade, e por isso passam a jogar tudo numa só pessoa, e
fazê-la como bode expiatório, ou como depósito do lixo emocional familiar.
Fazem dela o responsável por tudo o que lhes ocorre de ruim, e por isso
colocam-no numa posição de inferioridade diante dos demais. Há também
familiares que se aproveitam da fragilidade de alguns parentes para auferir
alguma vantagem dele, seja financeira ou emocional, exercendo um poder e usando
a pessoa como suporte que os impede de decair e ir para o fundo do poço (onde
provavelmente já se encontram sem saber).
Algumas pessoas desejam colocar o outro para baixo para se
sentirem por cima. Ao invés de se erguerem com suas próprias pernas, com seus
próprios meios e recursos, eles recusam esse esforço e passam a desejar
rebaixar o parente para que possam sentir-se, ou ter a ilusão de estarem por
cima. Nem é preciso dizer que isso é um dos caminhos mais rápidos para a
frustração, posto que ilusoriamente estamos nos valendo de nossa posição e da
fraqueza do outro para deter o controle de nossa descontrolada e turbulenta
existência.
Autor: Hugo Lapa
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