A ideia da
reencarnação tem encontrado enorme resistência entre os cristãos de todo o
mundo, apesar da sua profunda lógica e justiça. Muitas pessoas acreditam em
vida após a morte mas não acreditam na Reencarnação.
Sabe-se que
nos primórdios do cristianismo a ideia da reencarnação, era aceita, e chegou a
ser ensinada por alguns “pais da Igreja
como Orígenes, Plotino e Clemente de Alexandria. Até mesmo Santo
Agostinho, em (Confissões, I, cap. VI), escreveu: “Não teria eu vivido em outro
corpo, ou em outra parte qualquer, antes de entrar para o ventre de minha mãe?”
Mas quando o
cristianismo instituiu-se, assumindo o formato da Igreja Católica,
acomodando-se ao paganismo de Roma, adotando e adaptando algumas das suas práticas,
tais como os rituais, a hierarquia, as imagens, etc., afastando-se do modelo
ensinado por Jesus que era o da simplicidade, da pobreza e do amor acima de
tudo, precisou eliminar aquela ideia. Se não o fizesse, acabaria
desestruturando seu edifício e perdendo o bastão do próprio poder, porque a
reencarnação é um conhecimento que liberta. Já não seria a Igreja a detentora
das chaves do Céu. Seu poder se esvairia como fumaça se os fiéis não mais
pudessem ser atemorizados com as ameaças das chamas do inferno, ou atraídos
pelas glórias e delícias do Céu.
Então, todos
os cristão, sob pena de serem tachados de hereges, foram forçados a acreditar
no dogma que afirma ser o espírito criado na concepção.
Quem não
acreditasse, quem discordasse da Igreja era passado a fio de espada ou jogado
nas fogueiras da inquisição.
Tal crença,
incutida no psiquismo dos fiéis ao longo dos séculos (sempre acompanhada do
medo de pecar e sofrer por isso terríveis castigos e conseqüências) criou
poderosas algemas do pensamento, que foram se cristalizando mais e mais a cada
nova encarnação ocorrida num meio cristão. Tanto que, hoje, o simples fato de
tentar questionar algum dogma da Igreja católica ou das evangélicas deixa o
fiel apavorado, pelo medo de estar cometendo terrível pecado e ter de pagar por
ele. Pois colocaram na mente das pessoas que todos os dogmas da Igreja foram
criados sob orientação de Deus.
Mas Jesus
disse: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará.”
A qual
verdade estaria o Mestre se referindo? Certamente a nada que Ele ensinara,
porque disse “conhecereis”, ou seja, no futuro. E nem Ele, nem seus seguidores
apresentaram algum novo conhecimento que poderia representar tal verdade.
Isto está
cristalinamente claro.
Quando disse
“A verdade vos libertará”, deixou claro que seus seguidores se encontravam e
continuariam se encontrando prisioneiros de algum engano, até que o
conhecimento da verdade, no futuro, viesse libertá-los. Isto, porque, seus
seguidores não estavam preparados para conhecer toda a verdade.
Em Mat.11:14,
essa assertiva é confirmada por Jesus, quando, referindo-se a João Batista,
diz: “Se puderdes compreender, ele mesmo é Elias que devia vir”. Observe-se que
o Mestre tinha dúvidas sobre a capacidade de entendimento dos discípulos,
porque disse: “Se puderdes compreender...”
Não há
qualquer arranjo teológico que possa mostrar outra verdade libertadora que veio
depois de Jesus, a não ser o conhecimento da reencarnação e da lei de causa e
efeito, trazida pelo espírito que se assinou como A Verdade, apresentando na
seqüência todo um universo de informações que foram magnificamente codificadas
por Allan Kardec. (V. O Livro dos Espíritos)
Convém
observar também que as verdades que o Mestre ensinou não eram de molde a
libertar alguém. Uns dirão que elas libertam do pecado, mas o mundo cristão
continua tão “pecador” como sempre. Portanto, se alguém analisar estas questões
em profundidade e sem as amarras do condicionamento psicológico a que nos
referimos anteriormente, acaba ficando maravilhado com tamanha lógica e tal
demonstração da sabedoria e de amor do nosso Criador, ao criar a lei que
determina a evolução dos seres através das vidas sucessivas.
Essa sim é
uma verdade realmente libertadora. Quem acredita na reencarnação e na lei de
causa e efeito sente-se realmente livre, dono de si mesmo e único responsável
pelos próprios passos, sabendo, no entanto, que tudo que semear, terá de
colher.
Jesus nunca
disse que alguém vai para o inferno porque acredita nisso ou naquilo, mas
sempre ensinou a vivência dos valores da alma.
À ideia da
reencarnação, é também encontrada em quase todos os sistemas religiosos do
mundo, mesmo entre as tribos selvagens mais afastadas umas das outras; em todos
os continentes da Terra e desde os povos mais antigos. Isto mostra que essa
ideia não foi inventada. É como se ela tivesse surgido junto com o ser humano,
um conhecimento do próprio espírito.
Grandes
pensadores como Pitágoras, Sócrates e Platão, tinham-na como fundamento
filosófico.
Mas as
idéias da reencarnação e da lei de causa e efeito (carma) também estão
expressas em vários momentos na própria Bíblia.
No episódio
da transfiguração, depois que Jesus conversou com Moisés e Elias na presença de
Pedro, Tiago e João, estes lhe perguntaram: “Por que dizem os escribas ser
necessário que Elias venha primeiro? Ao que o Mestre respondeu dizendo: Elias
certamente a de vir e restabelecerá todas as coisas: digo-vos, porém, que Elias já veio, mas eles não o conheceram.
Antes fizeram dele quanto quiseram. Então os discípulos entenderam que Ele falava
de João Batista” (Mateus 17:12 e 13).
Ora, se
Elias foi também João Batista, isto só pode ter se dado mediante a
reencarnação, porque diante de Jesus no momento da transfiguração ele
apresentou-se em sua antiga forma, quando fora profeta do Velho Testamento.
Em Mat.
16:13 e 14 se diz: “E Jesus perguntou aos seus discípulos: Quem dizem os homens
que eu sou? E responderam: uns, João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias
ou algum dos profetas”.
Ora, como
poderia ser Jesus algum desses profetas do Antigo Testamento, a não ser pela
reencarnação?
O pensamento
de que João Batista era Elias reencarnado e que os Profetas podiam reviver na
terra, encontra-se em muitas passagens dos Evangelhos. Se essa crença fosse um erro, Jesus não teria
deixado de combatê-la , como combateu tantas outras. Longe disso, Jesus a
confirmou com toda a sua autoridade e colocou-a como ensinamento e como uma
condição necessária quando disse: Ninguém pode ver o reino de Deus se não
nascer de novo . E insistiu. Não vos espantei se vos digo que é preciso
que nasçais de novo.
Já com
Nicodemus, que era doutor da lei ,um intelectual da época o Mestre foi mais explícito, mais
claro:
Nicodemos perguntou a
Jesus: Como pode renascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no
ventre de sua mãe para nascer uma segunda vez??
Jesus
respondeu : Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer da água e
do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que nasceu da carne é
carne. O
que nasceu do espírito é espírito não te admires de eu dizer:
“Necessário vos é nascer de novo” (João 3:6).
Estas
palavras: “Se um homem não renascer da água e do espírito”, foram interpretadas
pelas religiões no sentido da
regeneração pela água do batismo. Porém
os textos primitivos traziam simplesmente: “Não renascer da água e do espírito“, enquanto em
algumas traduções, a expressão do
espírito foi substituída por do espírito santo, o que não corresponde mais ao
mesmo pensamento.
A mesma
interpretação; aliás, é confirmada por Jesus quando disse: O que nasceu da
carne é carne e o que nasceu do espírito é espírito, as quais dão a exata
diferença entre o espírito e o corpo. Indica claramente que só o corpo procede
do corpo e que o espírito é independente
dele.
Portanto, o
conhecimento da reencarnação é a verdade que liberta.
Fonte: “O Evangelho Segundo o Espiritismo” O
Livro dos Espíritos”.
Allan Kardec
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