“A transição
planetária do homem ou do Planeta, não passa pelo Apocalipse do Evangelista
João, e sim, por uma modificação gradativa do comportamento humano, em relação
a hábitos, pendores e tendências e, principalmente no abandono pelo ser humano,
dos vícios, desejos e paixões.”
Talvez uma
das maiores dificuldades dos pensadores, filósofos, cientistas e até dos
evangélicos, que lidam diariamente com a Bíblia Sagrada seja entender ou
decifrar o que o Apóstolo João quis dizer com o seu livro Apocalipse, o último
das Sagradas Escrituras. Isolado na Ilha de Patmos, onde se refugiou por livre
e espontânea vontade, esse grande amigo e discípulo de Jesus e de Maria deixou
escritas palavras e frases enigmáticas, envolvidas de mistérios profundos, e,
por mais que queiramos associar o que ele disse aos fatos atuais ou aos fatos
que acontecerão, fica muito difícil por causa da linguagem obscura e
ininteligível, correspondendo talvez a um código que dificilmente será
decifrado.
Fui
evangélico durante sete anos na minha mocidade, e li avidamente a Bíblia de
ponta a ponta, detendo-me atentamente ao Apocalipse de João. Assim como assisti
diversas palestras com oradores cultos espiritualistas, inclusive uma com um
companheiro espírita PhD em física quântica, que havia feito um estágio na
NASA, instituição que cuida da política espacial dos Estados Unidos. Nenhum
desses oradores conseguiu explicar o que realmente representa esse livro do
apóstolo João.
Especula-se
que o Apocalipse estaria ligado à Transição Planetária e que estariam contidos
nesse livro os sinais que indicariam “o final dos tempos”. Mas tudo isso não
passa de alegorias e figurações, com interpretações de todos os tipos, e
ninguém que seja realmente sério se arriscaria a dizer que o Apocalipse é a
chave dos mistérios evolutivos.
Pelo tempo
que a Bíblia Sagrada circula pelo mundo, sendo considerada o livro mais vendido
e, por consequência, o mais lido, seria quase impossível que, até os dias
atuais, ninguém tivesse conseguido destrinçar esses enigmas e segredos
guardados a sete chaves no livro do João. Tudo indica que o livro Apocalipse
seja uma obra mediúnica, o que não significa que tenha credibilidade, porque
depois de muitos anos morando sozinho na Ilha de Patmos, o Evangelista João
poderia perfeitamente ter perdido a noção das coisas e ter sido influenciado
por entidades perturbadoras e zombeteiras que o teriam orientado para escrever
um livro tão polêmico. Aliás, o único que dificilmente é lido e comentado, nem
mesmo pelos evangélicos ou católicos, que em síntese, se sentem incapazes, de
descrever o que nele está contido; apesar de comentarem abertamente todos os
outros livros da Bíblia Sagrada.
A Doutrina
Espírita não faz nenhuma referência ao Livro Apocalipse, e Alan Kardec evitou
falar de um assunto tão polêmico, que só confundiria as mentes dos adeptos da
Doutrina do Consolador, como também não se interessou pelas profecias do Mago
Nostradamus, outro que conseguiu embaralhar a mente de milhares de pessoas, com
premonições que nunca se efetivaram. Adivinhar o futuro, através da premonição
ou voltar ao passado, através da retrognição, não é uma tarefa fácil, e somente
profetas de alto porte de iluminação conseguem fazer isso – e, quando o fazem,
têm sempre um fim altruístico, sem segredos, sem enigmas, mas colocando todos a
par do que vai acontecer ou do que já aconteceu.
Nas
palestras que Divaldo Pereira Franco realiza, ele se imanta a entidades
enobrecidas e sábias, discorrendo sobre o passado distante, com todas as
minúcias que constam os livros, com datas e números de acontecimentos que estão
registrados na História Universal, mas não faz nenhuma previsão do futuro, nem
fala por enigmas ou segredos, porque sabe que isso não acrescentaria
absolutamente nada nos corações daqueles que desejam simplesmente aprender, e
se possível de uma forma direta e inconfundível.
Resumindo, a
Transição Planetária do homem ou do Planeta não passa pelo Apocalípse do João,
e sim por uma modificação gradativa do comportamento humano, que é o único
responsável pelo seu destino, um caçador de si mesmo, numa busca incansável e
incessante pela sua origem que é Deus, que em síntese nos fornece todas as
potencialidades necessárias à nossa iluminação. Esses recursos divinos, porém,
são embrionários, estão em germe e precisam ser aflorados pela força do
trabalho, pela bondade, paciência, caridade, renúncia, compaixão, solidariedade
e compartilhamento.
Djalma
Santos-Correio Espirita
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