Narra-se que
o príncipe Sidarta Gautama, após ter-se iluminado, oportunamente interrogou os
seus discípulos, indagando qual era o oposto de morte, e eles responderam que
era vida.
Após
reflexionar por momentos, o nobre mestre redarguiu, tranquilo, que o inverso de
morte é renascimento, porquanto sempre se está na vida, quer se deambule
através do corpo físico ou fora dele.
Em
realidade, a vida biológica, em face da organização molecular que se
desestrutura, experimenta, inevitavelmente, a sua desagregação, quando ocorre o
fenômeno da morte, que libera do casulo em que se enclausura o Espírito
imortal.
Viajor do
tempo e do espaço, singra os oceanos de energia, energia pensante que é, vestindo-se,
despindo-se e revestindo-se de matéria orgânica para o ministério da evolução,
em cujo curso se encontra inscrito.
A vida, no
entanto, desde quando criada por Deus, jamais se extingue, alterando-se
constantemente de expressão de acordo com os instrumentos de que se utiliza,
até lograr o estado de plenitude ou alcançar o Reino dos Céus.
A
inevitabilidade da morte biológica deve constituir grave quesito de fundamental
importância nas reflexões de todas as criaturas, tendo em vista o momento que será
por ela alcançado inapelavelmente.
A depender
das circunstâncias e dos fatores que a desencadeiam, a morte foi transformada
em tabu, como se constituísse uma verdadeira desgraça, quando é simplesmente
uma porta que se abre na direção da Realidade...
A conscientização
da transitoriedade do corpo somático, elaborado pelo Divino Amor para servir de
solo fértil para a fecundação e desenvolvimento dos atributos adormecidos no
Espírito, representa conquista valiosa para a harmonia do ser durante a
aprendizagem terrestre.
Mediante o
respeito que deve ser dedicado à estrutura orgânica, faculta-se-lhe uma
existência de equilíbrio ou de desar, que lhe proporciona libertação fácil ou
demorada, conforme a maneira como se haja dele utilizado. Assim sendo, a morte
não significa o fim da vida, mas a bênção do renascimento em outra dimensão
estuante de vibração e de progresso.
Não fora
assim e todo o projeto e realização do ser humano perderia o seu significado
grandioso, quando a desoxigenação cerebral anulasse as contínuas modificações
celulares.
O ser humano
tem como destino a conquista do Infinito, e esse logro não pode ser alcançado
em apenas uma etapa, considerando-se a incontável pluralidade de constelações
de galáxias, que o Pai criou para servir de morada para os Seus filhos...
O sentido
psicológico do existir, igualmente ficaria afetado, em face do ínfimo espaço
entre berço e túmulo, prelúdio do aniquilamento da inteligência e da razão,
tendo-se em vista a eternidade...
Morte,
portanto, é renascimento, sono momentâneo que faculta o despertar em novo campo
vibratório.
* * *
Aqueles
seres queridos que morreram, em realidade não se consumiram, conforme
estabelecem algumas correntes do materialismo, anulando a grandeza da vida.
Eles vivem e esperam por ti, acompanhando-te por enquanto e auxiliando-te na
aquisição dos tesouros imarcescíveis das virtudes espirituais.
Eles
resguardam os seres queridos, tendo a visão ampliada em torno da realidade que
ora defrontam, e gostariam que fosse alcançada pelos afetos que ficaram na
retaguarda.
Por essa
razão, encorajam-nos durante as provações, oferecem-lhes braços amigos e
inspiração contínua para que permaneçam em paz, embora o rugir das borrascas
perigosas que desabam sobre suas existências com certa frequência...
Mas nem todos
são felizes, como se pode facilmente compreender.
Cada um
desperta conservando os valores com os quais adormeceu.
Todos os
títulos de mérito ou de demérito permanecem válidos para aquele que os conduz
durante a jornada carnal ou após o seu decesso tumular.
Desse modo,
os Espíritos venturosos de hoje são aqueles que ontem se empenharam no culto
dos deveres elevados, que transformaram a existência em formoso educandário, no
qual abrilhantaram a inteligência e enterneceram o coração, transformando-se em
sinfonia viva de amor.
Aqueloutros,
porém, que da existência terrestre somente cultivaram os sentimentos negativos,
atados às paixões nefastas, profundamente vinculados aos vícios, com
dificuldade separam-se dos despojos em degradação, dando prosseguimento à alucinação
em que se compraziam.
São
infelizes e infelicitadores, porquanto se acercam das criaturas que vibram no
seu mesmo diapasão, inspirando-lhes ideias perturbadoras, intoxicando-as com os
seus fluidos deletérios, induzindo-as a situações deploráveis e submetendo-as,
muitas vezes, aos seus caprichos infelizes...
Ignorantes
dos recursos de elevação ou renegando-os, jazem no cárcere da própria insânia,
prolongando os padecimentos que os visitaram antes da desencarnação e que lhes
estiolam a alegria e a esperança...
Não ficam,
porém, eternamente nesse estado de mesquinhez e aflição, porque a misericórdia
do Pai os busca, recambiando-os aos renascimentos expiatórios através dos quais
se depuram e se renovam.
A morte,
portanto, não deve ser considerada como a desventurada ocorrência da vida, mas
sim, como a desveladora da realidade espiritual, na qual, todos se encontram
mergulhados.
Por isso
mesmo, morrer não é conquistar a ventura excelsa, caso não se tenha entesourado
antes os seus pródromos em forma de amor, abnegação e vivência digna durante a
jornada terrestre.
Cada
criatura, portanto, morre conforme vive, e desperta consoante morreu.
* * *
Não esperes
milagres da desencarnação, cujo objetivo é conduzir ao Grande Lar o aprendiz
que viajou antes na direção do educandário terrestre, onde se deve ter
aprimorado e crescido moralmente.
Cultiva o
pensamento em torno da desencarnação como bênção que um dia te alcançará, e não
te permitas temê-la.
Recorda
aqueles que se apartaram fisicamente de ti, mas que não te abandonaram,
procurando senti-los, captar-lhes os pensamentos e as emoções, quando felizes,
e, se porventura lhes perceberes as aflições, envolve-os em dúlcidas vibrações
de amor e de ternura através da sublime emanação da prece, que lhes fará um
grande bem.
Joanna de
Ângelis
Mensagem
psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã de 22.05.2009,na
residência do Sr. Josef Jackulak, em Viena.
Em
06.01.2010.
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