Você
certamente já ouviu falar na marca da Besta do Apocalipse. Milhões de pessoas
acreditam que a marca da Besta é um chip que será instalado compulsoriamente na
mão direita ou na testa de todas as pessoas. Há vídeos que tratam do assunto,
no Youtube, com mais de um milhão de visualizações.
Esse chip
realmente existe. Há projetos, desde a década de 90, de unir todos os
documentos e outras informações relevantes, como o grupo sanguíneo, por
exemplo, num chip subcutâneo. Hoje já existe essa tecnologia e ela já é usada
por pessoas e por animais.
O chip é
instalado em animais, como o gado, para consumo humano, para facilitar o
rastreamento do animal, caso ele se perca, e para reunir informações sobre a
sua origem e os cuidados com a sua criação – o que chamam de controle de
qualidade.
Nos humanos,
além de reunir documentos e outras informações, o chip contém os seus dados
bancários e permite o rastreamento no caso de sequestro. A ideia é que com o
tempo o chip substitua o monte de documentos que nós somos obrigados a fazer:
RG; CPF; carteira de habilitação; certificado de reservista, para os homens;
comprovante de residência; declaração do imposto de renda; e, principalmente,
todos os dados bancários: o chip vai dispensar o uso dos cartões magnéticos.
Você vai ao
mercado e ao passar pelo caixa o valor da sua compra será debitado
automaticamente da usa conta. Isso dispensará completamente o uso do dinheiro
físico. Não existirá mais dinheiro físico, só dinheiro virtual.
Esse
sistema, como toda tecnologia, tem seus prós e contras. Os prós é que a vida se
torna cada vez mais prática. Não precisaremos confeccionar documentos:
receberemos um número ao nascer e esse número irá nos acompanhar durante toda a
existência. Teremos mais segurança, pois a qualquer momento será possível
identificar a nossa localização por satélite. Também será possível descobrir a
localização e grande parte das atividades dos criminosos, facilitando a sua
captura. Isso acabaria com o narcotráfico da maneira como ele funciona hoje,
pois o narcotráfico lida com dinheiro vivo, já que não pode declarar esses
valores. O mesmo aconteceria com o terrorismo.
Mas isso
também oferece alguns pontos desfavoráveis: será possível todos nós sermos cada
vez mais manipulados.
Você recebe
o seu salário. Os organismos de controle, sejam eles governamentais ou
financeiros, vão saber tudo sobre você: quanto você gasta, quando você gasta, o
que você consome, com quem você consome, que lugares você frequenta, quanto
tempo você permanece nesses lugares, enfim, não haverá mais segredos.
Hoje já é
possível saber muito sobre você. O Facebook, por exemplo, mostra, na sua linha
do tempo, as coisas que você mais costuma acessar. No final do Governo Dilma,
por exemplo, só o que aparecia no Facebook eram notícias e comentários a
respeito do Governo, seja contra ou a favor. As pessoas não deixaram de postar
outras coisas. Mas como você deu atenção a isso algumas vezes, foi isso que o
Facebook passou a mostrar para você. O mesmo acontece com as propagandas no
Facebook e no Google. As propagandas que aparecem para você seguem o seu padrão
de procura na internet. Se você pesquisar sobre carros, por exemplo, logo irão
aparecer anúncios de carros nos sites que você abrir.
– Mas o que
a Besta do Apocalipse tem a ver com isso?
Para milhões
de pessoas, o chip é a marca da Besta mencionada no livro do Apocalipse, que é
o último livro da Bíblia.
Mas as
pessoas que acreditam que a marca da Besta é o chip estão se baseando nessa
passagem do Apocalipse:
“A todos, os
pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que
lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que
ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta
ou o número do seu nome.” Apocalipse 13:16-17
Num primeiro
momento, lendo apenas essa passagem do Apocalipse, podemos ter a impressão de
que realmente o chip tem todas as características da marca da Besta: Quando o
chip for implantado (se realmente ele for implantado como uma coisa
generalizada) ninguém poderá fazer qualquer transação comercial sem ter o chip.
Ou seja, ninguém poderá comprar ou vender se não tiver o chip – quem não tiver
o chip estará excluído da sociedade formal, pois não poderá ter emprego nem
comprar nem vender nada – não poderá fazer nada que envolva dinheiro: a solução
seria voltar ao escambo, o antigo sistema de trocas de produtos.
Mas vamos
analisar melhor essa passagem do Apocalipse para ver se realmente essa teoria
de que o chip é a marca da Besta tem fundamento ou não.
Em
Apocalipse 7:1-3 nós encontramos o seguinte:
“Depois
disto, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, conservando seguros os
quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre
o mar, nem sobre árvore alguma.
Vi outro
anjo que subia do nascente do sol, tendo o selo do Deus vivo, e clamou em
grande voz aos quatro anjos, aqueles aos quais fora dado fazer dano à terra e
ao mar, dizendo: Não danifiqueis nem a terra, nem o mar, nem as árvores, até
selarmos na fronte os servos do nosso Deus.”
Nós
encontramos nesta passagem duas vezes a palavra “selo”: o selo do Deus vivo e
depois “até selarmos na fronte os servos do nosso Deus”.
Nós sabemos
que todo o Novo Testamento foi escrito originalmente em grego. “Selo” é a
tradução da palavra grega sphragis (σφραγίς), que se refere exatamente a um
selo, um anel de sinete, a impressão de um selo. Antigamente a assinatura era
executada por meio de um selo – uma espécie de pequeno carimbo, às vezes usado
como um anel, que era impresso em argila ou cera quente para registrar a sua
marca.
No capítulo
13, em que fala sobre a marca da besta, a palavra “marca” é a tradução da
palavra grega xaragma (χάραγμα). Embora sejam palavras diferentes, o sentido
das duas palavras, no texto, é exatamente o mesmo: xaragma quer dizer gravura,
selo, sinal, uma marca de identificação.
Isso era
comum no tempo em que o Apocalipse foi escrito. E a Bíblia fala, aqui mesmo, no
Apocalipse, do selo de Deus, ou seja, da marca de Deus.
Para nós não
ficarmos só no Apocalipse, nós vemos que na carta de Paulo aos Efésios, também
é mencionado o selo de Deus:
“(…) em quem
também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa.” Efésios 1:13
Aqui na
carta aos Efésios o selo de Deus é o Espírito Santo – o selo ou a marca de Deus
é uma coisa absolutamente espiritual, não tem nada de material.
Mas a Bíblia
está cheia de referências a marcas. Preste atenção nessa passagem de Ezequiel:
“(…) e lhe
disse: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal
a testa dos homens que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que
se cometem no meio dela.
Aos outros
disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele; e, sem que os vossos olhos
poupem e sem que vos compadeçais, matai; matai a velhos, a moços e a virgens, a
crianças e a mulheres, até exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal
não vos chegueis; começai pelo meu santuário.” Ezequiel 9:4-6
Veja a
imagem de Deus que se tinha no Antigo Testamento – por isso que a Bíblia não
pode ser levada ao pé da letra. Aqui nós vemos Deus mandando matar todo mundo,
até as crianças. E ainda diz: – Não vos compadeçais! – era para matar sem pena!
Só não seria morto, aqui, quem tivesse a marca na testa (ou na “fronte”).
Essas marcas
eram comuns na Antiguidade. Os soldados eram marcados, os escravos eram
marcados e muitos seguidores de religiões pagãs eram marcados. Hoje nós
marcamos o gado e os cavalos como um sinal de propriedade.
Em 3
Macabeus, um livro considerado apócrifo pelos católicos e protestantes, mas
aceito pela Igreja Ortodoxa, nós vemos que os judeus foram perseguidos pelo rei
egípcio Ptolomeu IV. Os judeus que se submetiam ao cadastramento imposto pelo
rei eram marcados com o desenho de uma folha de trevo. Esse desenho
identificava esses judeus como submissos ao deus Dionísio (3 Macabeus 2:29).
No tempo de
Moisés, quando foi estabelecida a lei mosaica (que era tida como Lei de Deus),
Deus ordena ao povo israelita:
“Ponde,
pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por
sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.”
Deuteronômio 11:18
Na mão e
entre os olhos, ou seja, na fronte. A ideia era que os israelitas tivessem a
Lei de Deus sempre em suas mentes e em suas ações. Esse é o sentido.
A marca na
mão e na fronte, então, não é nenhuma novidade do Apocalipse. Essas marcas
fazem parte do contexto bíblico. O autor do Apocalipse está justamente se
utilizando desse contexto para falar do que ele chama de “Besta”.
Mas a
passagem do Apocalipse que fala da marca da Besta diz que quem não tiver a
marca não poderá comprar ou vender.
No capítulo
9 do Evangelho de João, quando Jesus curou o cego de nascença, é dito que os
fariseus expulsariam da sinagoga qualquer um que confessasse que Jesus era o
Cristo, ou seja, o messias esperado pelos judeus. A expulsão da sinagoga era
uma coisa muito temida pelos judeus.
– Por que a
expulsão da sinagoga era tão temida?
Porque,
entre outras coisas, quem fosse expulso da sinagoga era excluído da sociedade,
e não podia comprar ou vender nada. Isso era comum no tempo em que o Apocalipse
foi escrito. O autor do Apocalipse não está fazendo previsões com quase dois
milênios de antecedência. Não! Ele está se utilizando de usos e costumes comuns
na sua época.
O Apocalipse
não é um livro profético. A linguagem obscura do Apocalipse se presta a
incontáveis interpretações diferentes. Algumas totalmente absurdas, outras,
como a passagem que fala da marca da Besta, podem levar ao engano as pessoas
que não são dadas ao estudo.
Mesmo
sabendo disso, algumas pessoas podem se questionar a respeito do chip que será
implantado nas pessoas. Não sabemos se será implantado em todo mundo.
Possivelmente, sim.
Não podemos
negar que é um avanço tecnológico que vem facilitar a vida. Não podemos negar,
também, que seremos cada vez mais controlados pelos detentores do capital
internacional.
A
tecnologia, na verdade, vem imitando a capacidade mental do ser humano – ou
melhor, a mente humana está se manifestando através da tecnologia. Nas
profundezas da nossa mente não há segredos para nós. No plano astral (que ainda
é muito distante do plano mental), espíritos mentalmente desenvolvidos podem
ler pensamentos e tomar conhecimento de fatos à distância. São capacidades que
todos nós temos, mas que não conseguimos desenvolver plenamente por causa da
densidade do plano material em que vivemos.
A tecnologia
vem implantando, aos poucos, inovações que são características comuns a todos
nós.
Particularmente,
acredito que o implante do chip será uma realidade em breve. Vai começar por
pessoas consideradas importantes, e aos poucos algumas classes irão adotar essa
tecnologia. Com o tempo, se essa prática se generalizar, haverá o surgimento de
pequenas comunidades alternativas que viverão fora do sistema.
Isso não é
profecia – É para onde os fatos apontam nesse momento – evidentemente, na minha
visão.
Morel Felipe
Wilkon
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