“Nascer, viver, morrer, renascer de
novo e progredir continuamente, tal é a lei.” Esta a máxima que resume o
Espiritismo, gravada no bordo frontal do monumento dolmênico erguido em
memória de Allan Kardec, no Cemitério
do Père -Lachaise, em Paris.
O primeiro conto épico de autoria do
babilônico Gilgamesh, datado de 8.000 anos atrás, falava sobre a morte, e o
primeiro conto lírico, de autoria de Safo, na Grécia, também tratava da morte,
que faz parte da vida. Onde há vida, há morte.
Há morte no mineral, no vegetal, no
animal, no hominal e nos seus reinos intermediários, como etapa necessária ao
processo de evolução da vida. O amoroso e sábio Emmanuel define essa escala
sublime de aprimoramento, no livro “O Consolador”, dessa forma: “O mineral é
atração. O vegetal é sensação. O animal é instinto. O homem é razão. O anjo é
divindade”, e, as Entidades Sublimadas responderam a Allan Kardec, em “O Livro
dos Espíritos”: “É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde
o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável
lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu
conjunto!”.
Tudo morre para renascer na
transformação da vida, como afirmou o químico Antoine Lavoisier, após descobrir
o oxigênio: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.
O Espiritismo veio, no tempo certo,
comprovar a imortalidade da alma, e os sábios mais ilustres do mundo, dentre
eles os mais distintos físicos, químicos, matemáticos, astrônomos,
fisiologistas, criminalistas, etc., pesquisaram os fenômenos espíritas e
atestaram a existência da alma e a imortalidade, não por dogma de fé, mas
porque puderam vê-la, tocá-la, conversar com ela e fotografá-la.
Todos iremos morrer. É só questão de
tempo. Mesmo assim, apesar dessa certeza, tememos a morte e ficamos apavorados
quando ela nos ronda os passos. Morre o corpo físico, mas o Espírito continua
vivo, preservando sua individualidade.
Hoje, quando os âncoras dos telejornais
noticiam a morte, dizem: Morreu o profissional fulano de tal; seu corpo está
sendo velado no lugar tal. Já é feita a distinção entre corpo e Espírito. O corpo está ali, porém a
individualidade, que é o Espírito, vive. Uma vitória! O Espiritismo já está se
tornando comum, fazendo parte do inconsciente da sociedade.
E por que tememos a morte? Porque não
sabemos como e quando ela se dará. É a expectativa do desconhecido. Vivemos tão
presos às ilusões materiais que passamos a gostar da existência, até esquecendo
os dissabores e obstáculos que ela nos oferece,
sem distinção. Ninguém escapa. Não há quem não sofra, quem não chore a
sua lágrima, ainda que seja secreta.
Tememos também, talvez ainda mais, a
morte dos nossos entes queridos. Tudo isso é natural. Porque a morte física é
realidade. E a dor da saudade dos que partira nos machuca o coração. É uma experiência muito dolorosa,
como diz Emmanuel, no livro Religião dos Espíritos: “Nenhum sofrimento, na
Terra, será talvez comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro
coração regelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio”.
Além da dor da partida, esse grande
silêncio deixa-nos um vazio, um espaço aberto para sempre em nossa alma, pela impossibilidade de tornar
a vê-los. A certeza da imortalidade que o Espiritismo nos dá, consola. Sabemos
que estão vivos, mas isso não é o bastante. Queríamos vê-los. Conviver com
eles. Entretanto, isto é impossível num planeta de expiações e provas. Temos
que aprender a conviver com a morte e aceitá-la como experiência evolutiva. A
morte ainda não foi vencida, e os habitantes da Terra, com rara exceção, podem
interagir com os entes queridos desencarnados.
Que nossas lágrimas não sejam de
remorso pela falta da boa convivência com os nossos familiares, amigos e todos
os que participam conosco, na vida de relação. Que nossa atitude seja de
solidariedade para com todos e, sobretudo, amor a Deus, aceitando os Seus
desígnios com submissão, como nos ensinou o Divino Mestre Jesus na prece dominical:
Seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus.
A espiritualidade conta um caso de um
presidente de casa Espírita muito bondoso e solidário com todos. Conjugava o
verbo amar de forma impecável. Devoto do Dr. Bezerra de Menezes, tinha-o como
protetor daquela casa de fraternidade
e oração.
Jonas de Vega, todos os dias, desde o
despertar, tinha como roteiro levar a todos, no trabalho, na casa espírita e no
relacionamento, seu carinho, sua paciência e
sua ajuda material, emocional, espiritual, com espontânea dedicação.
Viúvo, preenchia a existência no
atendimento aos frequentadores do centro espírita, que se transformara num
albergue aos cansados viajores da estrada que não possuíam um teto para abrigo,
tampouco o alimento necessário para a
sobrevivência.
Ester, sua filha, de dez anos, era a
alegria da sua vida. Fazia parte do seu roteiro. Ele dizia sempre: – Ela é a
luz dos meus olhos!
Certo dia, quando distribuíam a
refeição, notou uma palidez de cera em sua face, que era naturalmente rosada.
Orou, pedindo ao Dr. Bezerra, com a permissão de Jesus, que lhe restituísse a
saúde. Entretanto, ela se deitou e foi definhando. As bordas dos seus olhos
incharam e arroxearam numa rapidez espantosa.
Naquela noite, Jonas passou em claro, ministrando chás e unguentos
em sua filha querida, conforme o seu conhecimento fitoterápico e homeopático,
adquirido no tratamento diário aos necessitados.
Dias depois, apesar da luta
incessante para debelar a doença e das
orações contínuas, Ester piorara, e os diagnósticos médicos não eram
favoráveis. Uma virose desconhecida vencia os antibióticos.
Desesperado, o amoroso Jonas implorou
ao Dr. Bezerra, dizendo-lhe que sua vida não mais teria sentido se Ester
morresse. Ela era a sua luz. O Dr. Bezerra apareceu para ele, que possuía uma
mediunidade ostensiva e lhe disse: – É necessário que ela desencarne para
seu próprio bem; entretanto, devido aos seus créditos, pedirei à
Providência Divina que atenda seu
insistente pedido. Mas, devo preveni-lo: você será responsável com o que
vier a acontecer.
Sem atentar para o que ouvia do
sublimado Espírito, Jonas só queria uma coisa: ter a filha curada para
acompanhá-lo em sua vida.
Agradeceu, de joelhos, ao Dr. Bezerra
e, na cabeceira de sua filha, viu-a, aos poucos, abrir os olhos, que brilharam
numa demonstração de vida em abundância.
Com explosão de alegria, Jonas
agradeceu a Deus, a Jesus e ao Dr. Bezerra, prometendo fazer ainda mais para aplacar a dor alheia.
O tempo correu célere e o incansável
Jonas era um campeão de bondade. Nada havia que o desagradasse, junto de Ester,
agora já moça, mas sempre a seu lado, numa jornada de amor. Filha amorosa e
dedicada aos estudos, facilmente entrou para a faculdade dando muita alegria ao
pai.
Na faculdade, conheceu um rapaz, e,
numa atração irresistível, engravidou.
Ele, que era tão apaixonado, quando soube da gravidez, desapareceu, sem
jamais ser encontrado.
Ester, tomada de aflição, com receio
de aborrecer o pai, ingeriu veneno e, em poucos minutos, a morte a arrebatara.
O que a Espiritualidade queria era
evitar o encontro dela com seu afeto, devido à seus compromissos e às tramas do
passado.
Jonas, tardiamente, entendeu o recado
da Espiritualidade. A falta de submissão a Deus apenas adiou a dor da
separação, adquirindo ainda um
compromisso maior com sua filha.
Muita paz!
Desconheço o autor
Dignificante,consoladora e esclarecedora mensagem.
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