Elisabete
perdeu o filho Vinícius no acidente da TAM. Ele era piloto da companhia, mas
morreu a bordo como passageiro do voo 3054
Em um ano,
além da tragédia da TAM, que lhe tirou o filho mais velho, Elisabete também
perdeu a mãe. "A vida não nos diz assim: 'Tá, agora chega, parou de
sofrer'. Não é apertar um botão. Seis meses depois que meu filho partiu, a
minha mãe partiu. Eu era necessariamente obrigada a conseguir lidar com aquilo
que estava dentro de mim, que eram muitas perdas. Foi muito, muito
difícil",
desabafa.
A
psicoterapeuta parou de trabalhar, entrou em depressão e passou meses à base de
antidepressivos. "O dia do acidente foi horrível, horrível. Quando eu
cheguei do consultório em casa, larguei a bolsa no sofá e vi o rabo do avião na
televisão. Naquela hora eu levei uma paulada na cabeça", recorda.
"Eu
fiquei sentada num sofá por quase cinco anos".
Hoje
Vinícius teria 34 anos de idade. E já teria realizado sonhos, como o de ser
piloto, e isso conforta um pouco a mãe. "Ele nunca foi de brincar com
carrinho, o brinquedo dele sempre foi avião", frisa.
O
espiritismo, segundo ela, também ajudou a cicatrizar a ferida.
A doutrina a
fez compreender um pouco melhor a perda.
"Eu
sempre fui espírita. Meu filho foi criado na religião espírita, os dois. Isso
me ajudou, sim. Mas eu briguei com Deus. Eu culpei ele. Por que ele tinha que
levar o meu filho? Por que ele foi tão egoísta assim? Mas depois eu percebi que
a egoísta era eu, que queria que o
Vinícius
ficasse aqui", explica.
Através de
cartas psicografadas, Elisabete diz ter tido notícias do filho. Ela as recebeu
de 2007 a 2015. Ela afirma que as mensagens a fortaleceram para seguir adiante.
"Eu
busquei ouvir muito o Vinícius. Eu tenho mais de 300 cartas psicografadas dele
aqui. Ao longo desses anos todos, ele foi me mandando mensagens e eu fui
guardando. E isso me confortou", afirma.
Carta:
"Queridos
Elisabete e Carlos, podemos viver muitas e muitas vidas numa só, fazendo com
que cada dia seja um recomeço, talvez agindo assim os humanos fossem mais
felizes, se cada dia que começasse disséssemos: Minha vida esta começando agora
e vai terminar no final do dia, viver-se-ia uma vida por vez e seria
intensamente, mas não, quando estamos no corpo físico nos preocupamos com o
amanhã, o maldito amanhã, e depois da amanhã, e na semana que vem, e no mês que
vem, e o próximo ano, nosso pai criador, faz com que o sol nasça todos os dias
e todos os dias se ponha, para que possamos viver todos os dias da eternidade,
mas um dia por vez, somos eternos? Ah somos eternos, então não morremos e vamos
viver sempre, mas quando perdemos o corpo, saímos fora do alcance dos sentidos
do corpo, só do corpo, nosso sentimentos continuam, nossas relações continuam,
nosso relacionamento continua, tudo continua, tudo como era antes, menos nossas
percepções corporais, mas todas as percepções sentimentais e espirituais...
então porque não voltou antes, principalmente os de menos idade? Eu respondo...
E para os que ficam descubram a resposta dessa pergunta, não só descobrirem com
a razão mas com o coração, nesta busca irão desvendar os mistérios da
eternidade, nada é para sempre, muito menos a separação, inclusive neste caso,
no nosso caso, não há separação, mãe um grande beijo, Carlos, um grande abraço
bem apertado.
Vinícios
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