"Não se
turbe o vosso coração. Credes em Deus e também em mim. Há muitas moradas na
casa de meu Pai; se não fosse assim, já vos teria dito, pois vou vos preparar
lugar, e depois que me tenha ido, e preparado o lugar, voltarei e vos retirarei
para mim, a fim de que onde eu estiver também vós estejais" (Jesus -
Evangelho São João, Cap. 14; Vers. de 1 a 3).
Um dos
assuntos que mais intrigam os adeptos das Doutrinas Espiritualistas é o assunto
que trata do local onde as almas, retiradas do mundo físico depois da
"morte", irão estacionar. A maioria das religiões, seitas e doutrinas
diversas, falam em moradas celestes, como o céu, o paraíso, ou lugares
venturosos, onde os eleitos de Deus ou de Jesus ficariam felizes numa espécie
de adoração beatífica, sem nada fazer, e aí, encontraria a felicidade que não
estaria na Terra.
Do mesmo
modo, essas Instituições Religiosas indicam lugares tenebrosos, sombrios e de
grande sofrimento, como: o inferno, purgatório, umbral, trevas, abismo e outras
denominações de locais circunscritos, em que as almas penadas sofreriam por
muito tempo, até resgatar os pecados que contraíram junto aos companheiros e
companheiras de jornada evolutiva aqui na Terra. A Doutrina Espírita não aceita
a ideia de lugares fixos ou circunscritos, em nenhuma hipótese, do bem ou do
mal, e sim, adverte, que cada ser humano, ao desencarnar, leva para o outro
lado da vida, o Céu ou o Inferno que construiu dentro de si mesmo.
O Papa João
Paulo II, já desencarnado, afirmou antes de morrer em um Jornal de Roma, e que
foi republicado no Jornal O Globo, um texto sobre esse assunto, em que ele
disse o seguinte: “O Céu, o Inferno e o Purgatório, não existem como lugares
fixos ou circunscritos, e sim, são ‘estados da alma’, demonstrando de uma forma
cabal e completa, que passamos a vivenciar no além, o nosso estado mental
íntimo, obedecendo sempre os valores conquistados por cada um de nós”.
Na mesma
entrevista, o Papa afirma categoricamente que: “A morte não representa o fim e
não separa as pessoas, pois aqueles que atravessam as águas enigmáticas do rio
da ‘morte’, não estão perdidos no espaço, e sim em algum lugar; recebendo com
muita alegria e felicidade, nossos pensamentos e sentimentos de bondade em
relação a eles”, deixando uma ideia clara e precisa de que "ninguém
morre". Outro ponto importante desse assunto, é que muitas religiões e
crenças acreditam que as almas permanecem nesses lugares em posição
estacionária, o que contraria a Lei da Evolução, que faz com que todos os seres
caminhem sempre para frente e para cima, mesmo quando estão em condições
desfavoráveis.
É claro que
o avanço mais rápido vai depender do esforço de cada um; do desejo intenso de
crescer, superar e transcender, utilizando para isso o corpo físico,
instrumento divino de apresentação externa, mas que, se bem utilizado,
certamente dará ao espírito imortal, esse viajor da eternidade, esse nômade do
espaço, esse andarilho do infinito, as condições ideais para o seu aprendizado
durante a jornada terrena. O importante para o ser humano é saber de antemão
que nunca estará sozinho ou desamparado, tendo sempre ao seu lado seu guia
espiritual, e também membros de sua parentela familiar, independente de sua
condição moral ou intelectual. As moradas da casa do pai estão disseminadas no
espaço infinito e, com certeza, teremos acesso a todas elas dependendo apenas
do nosso avanço moral e intelectual, galgando sempre aos poucos, a escada
infinita que separa esses mundos do Universo de Deus.
Ainda
segundo muitos filósofos, pensadores, e escritores, o céu seria habitado por
espíritos bons, ditosos e celestiais, enquanto o inferno seria habitado pelos
espíritos maus, invejosos, cruéis, vaidosos e assassinos, que ali sofreriam
todo tipo de castigo jamais imaginado pela mente humana; até que cansados e
arrependidos, pudessem voltar à normalidade evolutiva. O espiritismo rejeita
essa premissa, e diz que o castigo é a dor da consciência culpada, que pode
desaparecer, se forem usados os antídotos do perdão, do remorso e do
arrependimento; e o empreendimento num trabalho incessante em benefício dos
outros. Quando conseguimos plantar nos corações daqueles que nos cercam a
alegria e a felicidade, a felicidade dos outros nos buscará, aonde quer que
possamos estar, aqui ou no além, a fim de implantar em definitivo, a nossa
suprema ventura.
Djalma
Santos-Correio Espírita
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