Há um alarme
e um alarde geral!
No plano
físico do planeta: furacões, tufões, enchentes, maremotos, erupções,
terremotos, desastres e cataclismos em geral.
No plano humano: guerras, revoluções, drogas,
doenças promíscuas, sexo aviltado, agressões, assassinatos brutais individuais
e coletivos, comércio de pessoas e de órgãos, corrupção de valores morais e
intelectuais.
Será
o prenúncio do fim do mundo?!
Será que o
Terceiro Milênio vai suportar, ou é nele mesmo que se cumprirá o final dos
tempos, o Juízo final tão decantado?!
Em primeiro,
é imperioso que se realce que por “terceiro milênio” nós entendemos apenas a
contagem de uma época calendária. Com efeito, a contagem do tempo moderna é
feita a partir do nascimento de Jesus, como verdadeiro marco de novos tempos.
Entretanto, o calendário judaico, neste ano de 2014, está no ano 5.774,
portanto, iniciando com o nascimento de Adão e, assim, com mais de 3.760 anos
que o nosso calendário; diversamente, o calendário muçulmano está no ano 1.435,
iniciando a contagem do tempo a partir da fuga do profeta Maomé (Hégira) de
Meca para Medina, que ocorreu no ano 622 da nossa era cristã. Isso sem se falar
nos calendários chinês e egípcio… cuja simples memória registra o primeiro algo
como 4712 (sendo que ele data de 2637 a.C.!), e o segundo – que é o primeiro
calendário (conhecido) da história da humanidade – tendo surgido por volta de
4.200 a.C., logo, com mais de 6.200 anos!
Diante
disso, é incontornável a pergunta atônita: de quê Terceiro Milênio tão
conturbado estamos falando? O “mundo” nosso não tem 4,5 bilhões de anos? E os
seres hominais não têm milênios de existência? Há alguma razão logicamente
aceita para que “este” terceiro milênio calendário seja marcado para pôr fim a
tudo por aqui?
Entretanto,
os mais estudiosos dos textos bíblicos e dos textos evangélicos nos lembrarão:
consta que estando os discípulos diretos de Jesus mostrando a ele a estrutura
do templo de Jerusalém, disse inesperadamente que dele “não ficará aqui pedra
sobre pedra que não seja derribada” (Mt. 24:2). Deduz-se do desenvolvimento do
diálogo que foi tão incisiva e grave a previsão do Mestre, que os discípulos,
assustados, o interrogaram (24:3) sobre “quando serão essas coisas, e que sinal
haverá da tua vinda e do fim do mundo?”
E Ele
respondeu, como se do fim dos tempos estivesse falando mesmo (24:6-7-8): “E
ouvireis de guerras e de rumores de guerras, olhai, não vos assusteis, porque é
mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará
nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e
terremotos, em vários lugares. Mas, todas estas coisas são o princípio das
dores.” E acrescentou (24:29): “E, logo depois, da aflição daqueles dias, o sol
escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as
potências dos céus serão abaladas”; (24:34 e 36) “Em verdade vos digo que não
passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam” (…) “Porém daquele
dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu
Pai”.
Teria Jesus
errado ou faltado com a verdade? Teria sido meramente místico? Ou teria
simplesmente repetido inúmeras outras iguais previsões feitas pelos profetas
judeus, em especial Daniel?
Como
espíritas, vamos buscar a solução para o impasse em Kardec e nos Espíritos. E
lá no Livro dos Espíritos (observações de Kardec ao pé da questão 131)
encontramos o início do desvendamento do mistério. Eis as suas observações
textuais: “Não temos visto a Ciência contraditar a forma do texto bíblico, no
tocante à Criação e ao movimento da Terra? Não se dará o mesmo com algumas
figuras de que se serviu o Cristo, que tinha de falar ce acordo com os tempos e
os lugares? Não é possível que ele haja dito conscientemente uma falsidade.
Assim, pois, se nas suas palavras há coisas que parecem chocar a razão, é que
não as compreendemos bem, ou as interpretamos mal.”
Pura lógica!
Se escurecer o Sol e a Lua é cientificamente improvável; se caírem as estrelas
do céu é cientificamente impossível; e se “geração” não foi e não será uma
época restrita a um grupo de indivíduos (pois que, no caso, ela já teria
passado…), mas razoavelmente uma “era”, um período geológico ou coisa parecida
imensamente maior; se tudo se concatena assim, então ou não podemos compreender
do quê exatamente Jesus estava falando, ou interpretamos mal sua fala, quando
admitimos que ele estivesse falando do “fim de tudo”, do fim do mundo real.
A conclusão
racional de tal colocação de Kardec foi lançada mais detalhadamente no livro A
Gênese, cap. XVII (Predições do Evangelho), em especial nos itens denominados
“Sinais Precursores” (47 a 58) e “Juízo Final” (62 a 67).
1“É
evidentemente alegórico este quadro do fim dos tempos, como a maioria dos que
Jesus compunha”. Sem dúvida alguma, as mentes a quem o Mestre se dirigia àquela
época eram rudes e ainda incapazes de compreender raciocínios diretos
(“falo-lhes por parábolas, porque…”), assim impressionando-as fortemente com
figuras também fortes, em especial aquelas já utilizadas pelos seus predecessores.
E estes usaram de todos os recursos para impressionar o povo, com discursos e
relatos escatológicos (= que falam do fim do mundo), tais como: Daniel,
Zacarias, Isaías, Moisés e outros posteriores como João no Apocalipse, muito
especialmente Daniel.
Kardec
suplementa que para “tocar fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram
necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. Ele se dirigia
principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender
as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. A fim de
atingir o coração, fazia-se lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de sinais
materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem” (…) “por meio de
fatos extraordinários, sobrenaturais; quanto mais impossíveis fossem esses
fatos, tanto mais facilmente aceita era a probabilidade deles.”
Mas, é
óbvio, como antes dissemos, que Jesus não falaria deliberadamente uma mentira,
daí deduzirmos que sob essas figuras alegóricas estavam ocultas grandes
verdades: a luta entre o Bem e o Mal resta clara na predição das calamidades
que viriam a assolar e dizimar a humanidade; em segundo, a previsão da difusão
do Evangelho por toda a Terra (“depois dos dias de aflição, virão os de
alegria”), em sua plenitude.
Mas, quando
sucederão tais coisas? Todos nós formulamos a mesma pergunta que foi feita
pelos discípulos que ouviam Jesus naquele momento. Não adianta ficar esmiuçando
hipóteses (em especial essa de que o Terceiro Milênio é que trará as desgraças
e o fim dos tempos), formulando raciocínios mirabolantes, que só fazem incutir
o medo, como se faz com as crianças desobedientes. Jesus respondeu e o disse
com todas as letras: Ninguém tem conhecimento, nem mesmo ele: “daquele dia e
hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai”,
ou seja, o Criador!
E Kardec,
com proficiência, aclara: “Mas, quando chegar o momento, os homens serão
advertidos por meios de sinais precursores. Esses indícios, porém, não estarão
nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos
mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas
alusões.” Não haverá destruição inopinada do mundo como querem os místicos.
Pois, não será crível, dentro dos conhecimentos hoje detidos pela razão, nem se
pode supor que Deus possa vir a destruir o mundo “precisamente quando ele entre
no caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos. Nada,
aliás, nas palavras do Cristo, indica uma destruição universal que, em tais
condições, não se justificaria.”
O mais
lógico é concluirmos com ele, Kardec, de que, se algum fim do mundo houver,
esse será o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo
orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por
todas as paixões rasteiras, escudando-nos no próprio Jesus: “Quando o Evangelho
for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim.”
Para os
Espíritos que aqui habitam, aqui permanecerão se estiverem evoluídos no Bem, ou
então serão excluídos (movimentos migratórios necessários) para mundos
compatíveis, a fim de evitar perturbações, vez que o globo por certo irá
ascender na hierarquia dos mundos.
“A doutrina
de um juízo final, único e universal, pondo fim para sempre à Humanidade,
repugna à razão, por implicar a inatividade de Deus, durante a eternidade que
precedeu à criação da Terra e durante a eternidade que se seguirá à sua
destruição hipotética.” Quanto ao Juízo Final, se ocorrer, será para aqueles
que passarem “pelo processo da emigração dos Espíritos renitentes e
recalcitrantes em não progredir.” As aspas são para Kardec.
Conclusão
lógica que com ele concordamos: os Espíritos passam por análogas fieiras a cada
renovação dos mundos por eles habitados, até que atinjam certo grau de
perfeição. Com a terra não é diferente; basta que se consulte a resposta dos Espíritos,
no Livro dos Espíritos, questão 783 (“…quando, porém, um povo não progride tão
depressa quando devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico
ou moral que o transforma”). Logo, “não há, portanto, juízo final propriamente
dito, mas juízos gerais em todas as épocas de renovação parcial ou total da
população dos mundos.”
É a lei
natural do Progresso!
Francisco
Aranda Gabilan
Nenhum comentário:
Postar um comentário