Jesus disse:
“A cada um segundo suas obras”, ou seja, cada um receberá segundo o que tenha
feito. Esta frase fala de recompensa futura, nossos atos ditarão o que
colheremos na próxima encarnação. A lei divina não irá querer saber se erramos
porque fomos excluídos, desprezados, humilhados, porque fomos pobres, dessa ou
daquela raça, etc. Mas, como nos comportamos nestas situações. Então, deixemos
a condição de “coitadinho”, de “vítimas” e lutemos para mostrar que todos somos
capazes, inteligentes, dignos em qualquer situação... Ninguém veste um corpo
físico que seja alto ou baixo, com ou sem defeito, precisando usar óculos ou
não, dessa ou daquela raça ou posição social, etc., sem motivo. Tudo é teste e
aprendizado. Precisamos passar por certas situações para podermos dar valor,
para respeitarmos quem, talvez, desrespeitamos em outra encarnação, para
aprendermos a utilizar o dinheiro sem egoísmo, sem uso inadequado ou viver sem
ele sem revolta, sem buscá-lo de forma ilícita, etc. Se um teve mais recurso ou
oportunidade, é porque ele deveria estar ali recebendo aquilo. Deus não erra de
endereço. Observemos que muitos que nasceram com menos recursos e oportunidades
alcançaram o que muitos com recursos e oportunidades não conseguiram. Os que
tem menos, é lógico, terão que lutar mais, mas nada é por acaso. Muitos
pediram, antes de encarnar, para estar naquela situação (prova). Se não pediram
a lei divina os colocou ali (expiação). O que não devemos é sentir pena de nós
e escolhermos um caminho errado e colocarmos a culpa no Governo, na sociedade,
etc.
Texto de
Rudymara-Grupo Espírita Alan Kardec
O próprio
Jesus abordou de modo claro e sintético a questão do merecimento ao afirmar:
"A cada um, segundo tem que estar de acordo com a razão, não contrariar a
lógica e o bom senso. Em outras palavras, é inaceitável e perigosa a fé cega, alimentada
pela ignorância condutora ao distanciamento da verdade e ao fanatismo.
Assim, é
natural que o merecimento seja proporcional ao nosso trabalho no bem. E quando
digo isso não me refiro somente à caridade, à esmola. Qualquer atividade que
possa contribuir com o aperfeiçoamento do indivíduo, seja físico, intelectual,
social ou moral, traz como consequência novas oportunidades de construção de si
mesmo. Pela lei de Causa e Efeito, sempre recebemos o retorno de cada
pensamento, palavra, expressão de sentimento ou ato praticado. Porém, ela
funciona nas duas vias, isto é, tanto para o bem, paz e felicidade, como para o
mal, perturbação e desconforto. Resumindo: a semeadura é livre, mas a colheita
é obrigatória.
Os frutos
bons todos apreciamos. O difícil é deglutir os frutos amargos que as sábias e
perfeitas leis da vida se nos impõem por força de nossas escolhas infelizes
anteriores. Nessa situação, hora de expiações e provas, temos que apresentar
nosso testemunho de fé verdadeira e nos resignar graças à compreensão de que as
vicissitudes pelas quais estamos passando não representam determinismo divino
ou capricho do destino.
Não há
privilégios, boa estrela, sorte ou azar. A lei de justiça divina se distribui
no tempo mediante o mecanismo da reencarnação. Por isso, ao olhar em redor
temos a falsa impressão de que os bons e honestos sofrem enquanto os agentes da
maldade e corruptos prosperam impunemente. Mas, em algum ponto do futuro, todos
teremos que nos defrontar com as próprias consciências culpadas pelas agressões
perpetradas contra a natureza e todos os seres vivos, especialmente os humanos.
Deus é a
suprema inteligência do Universo e causa primária de todas as coisas, conforme
a pergunta n° 1 de O Livro dos Espíritos. Desta forma, ele concede ao homem
agir pelo seu livre-arbítrio para que o mesmo desenvolva-se espiritualmente até
atingir estágios superiores de perfeição relativa em confirmação às palavras do
Cristo "sois deuses" que refletem toda a potencialidade do espírito
imortal. Portanto, pertencerá a cada indivíduo tanto o mérito pelas vitórias
adquiridas sobre seus instintos inferiores como também os resultados
desastrosos de seus descontroles.
Os frutos
bons todos apreciamos. O difícil é deglutir os frutos amargos que as sábias e
perfeitas leis da vida nos impõem pelas nossas escolhas infelizes anteriores...
Não há privilégios, boa estrela, sorte ou azar.
O homem
deveria ter sempre em vista a transitoriedade da vida material em que se
encontra. Ele não é um corpo equipado com a lucidez de uma mente ou alma, mas
uma alma ou espírito temporariamente revestido de um corpo físico que lhe serve
de instrumento enquanto atua no palco da vida terrestre. Enquanto não aceitar
isso, permanece em equívoco grave sobre si mesmo e seu futuro. Por conta dos
interesses materiais distorce sua escala de valores privilegiando sempre
justamente aquilo que menos lhe pode ser útil. Como nos alerta também o
Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVI, ao falar sobre "A
verdadeira propriedade", no momento de acerto de contas, após a
desencarnação e chegada no mundo espiritual, não nos perguntarão quantos bens
possuíamos ou que posição social ocupávamos. Simplesmente nos indagarão o que
temos nas mãos, a soma de virtudes, os tesouros a que Jesus se referiu, aqueles
"imunes à ação dos ladrões, das traças e da ferrugem".
Antes de
mais nada é preciso seguir o ensinamento socrático "Conhece-te a ti
mesmo". Na verdade, a imensa maioria de nós comporta-se de modo inadequado
na ilusão quanto ao que somos, nossa natureza íntima. E, mais importante ainda
que nos reconhecermos como espíritos imortais e responsáveis pelo próprio
destino, é aprendermos a descobrir nossas qualidades e defeitos,
potencialidades e imperfeições, primeiro passo para a correção de rota em
nossas vidas. Vidas, assim mesmo, no plural, pois todo esforço positivo carrega
em si a energia capaz de alterar o presente e o futuro, desta reencarnação e
das próximas, além do tempo de permanência na dimensão espiritual.
A reforma
íntima exige esforço e perseverança, o que significa acrescentar também muito
tempo. Prazo este que nem sempre é suficiente o que temos disponível nesta
etapa reencarnatória. Afinal, ainda que por caminhos tortuosos, nós estamos
tentando fazer isso há milênios. Por tentativas e erros, a duras penas, estamos
aprendendo que o mal não compensa, que só nos faz sofrer e torna cada vez mais
distante a felicidade. Cada existência é um novo curso que frequentamos. Alguns
poucos são diplomados com louvor; muitos são aprovados nos limites da avaliação
e tantos outros são reprovados e terão que recomeçar na próxima vida letiva.
Nada que
seja legítimo e duradouro para o espírito é alcançado sem muito trabalho, lutas
e renúncias. É o preço a ser pago por aqueles que já se conscientizaram que a
vida material é passageira e que, embora seja justo vivê-la bem, o mais
importante é o patrimônio espiritual. Riqueza, fama, poder, beleza, nada disso
tem valor para o espírito.
E por que as
pessoas não mudam seu foco, então? Por que insistem em agir como se só
existisse o "aqui" e o "agora"? Por que há escassez de
informação consistente e racional sobre a nossa origem, natureza e destino. Por
desconhecimento ou má fé, por fanatismo ou interesses espúrios, aqueles que
deveriam orientar e preencher as lacunas de dúvidas angustiantes e sombras
intelectuais das pessoas, acabam por criar mundos de fantasias, bons demais ou
maus demais, irreais ambos. Fórmula perfeita de contornar esse problema foi
enunciado pelo Espírito Verdade "Amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instrui-vos, este o segundo".
Por Wilson
Czerski
Fonte
ADE-PR-Jornal Comunica Ação Espírita | 80ª edição | 07 de 2010.
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