Vejamos
agora as consequências da doutrina anti-reencarcionista. Ela, necessariamente,
anula a preexistência da alma. Sendo estas criadas ao mesmo tempo que os
corpos, nenhum laço anterior há entre elas, que, nesse caso, serão
completamente estranhas umas às outras. O pai é estranho a seu filho. A
filiação das famílias fica assim reduzida à só filiação corporal, sem qualquer
laço espiritual. Não há então motivo algum para quem quer que seja
glorificar-se de haver tido por antepassados tais ou tais personagens ilustres.
Com a reencarnação, ascendentes e descendentes podem já se terem conhecido,
vivido juntos, amado, e podem reunir-se mais tarde, a fim de apertarem entre si
os laços de simpatia.
Isso quanto
ao passado. Quanto ao futuro, segundo um dos dogmas fundamentais que decorrem
da não-reencarnação, a sorte das almas se acha irrevogavelmente determinada,
após uma só existência. A fixação definitiva da sorte implica a cessação de
todo progresso, pois desde que haja qualquer progresso já não há sorte
definitiva. Conforme tenham vivido bem ou mal, elas vão imediatamente para a
mansão dos bem-aventurados, ou para o inferno eterno. Ficam assim,
imediatamente e para sempre, separadas e sem esperança de tornarem a juntar-se,
de forma que pais, mães e filhos, maridos e mulheres, irmãos, irmãs e amigos
jamais podem estar certos de se verem novamente; é a ruptura absoluta dos laços
de família.
Com a
reencarnação e progresso a que dá lugar, todos os que se amaram tornam a
encontrar-se na Terra e no espaço e juntos gravitam para Deus. Se alguns
fraquejam no caminho, esses retardam o seu adiantamento e a sua felicidade, mas
não há para eles perda de toda esperança. Ajudados, encorajados e amparados
pelos que os amam, um dia sairão do lodaçal em que se enterraram. Com a
reencarnação, finalmente, há perpétua solidariedade entre os encarnados e os
desencarnados, e, daí, estreitamento dos laços de afeição.
Em resumo,
quatro alternativas se apresentam ao homem, para o seu futuro de além-túmulo:
1ª, o nada, de acordo com a doutrina materialista; 2ª, a absorção no todo
universal, de acordo com a doutrina panteísta; 3ª, a individualidade, com
fixação definitiva da sorte, segundo a doutrina da Igreja; 4ª, a
individualidade, com progressão infinita, conforme a Doutrina Espírita. Segundo
as duas primeiras, os laços de família se rompem por ocasião da morte e nenhuma
esperança resta às almas de se encontrarem futuramente. Com a terceira, há para
elas a possibilidade de se tornarem a ver, desde que sigam para a mesma região,
que tanto pode ser o inferno como o paraíso. Com a pluralidade das existências,
inseparável da progressão gradativa, há a certeza na continuidade das relações
entre os que se amaram, e é isso o que constitui a verdadeira família.
Fontes:
O consolador.com.br;
O Evangelho
Segundo o Espiritismo, cap. IV, itens 21 a 23.
Nenhum comentário:
Postar um comentário