Momentos
antes de morrer, muitas pessoas alegam ver junto de si seres conhecidos,
familiares e amigos, também já falecidos. Vamos hoje referir um caso no qual as
aparições de pessoas falecidas são percebidas unicamente pelos familiares do moribundo.
Encontrámos
um caso bem interessante, no livro «Fenómenos Psíquicos no Momento da Morte»,
de Ernesto Bozzano, editora FEB, 3ª ed., 1982, Brasil, caso este retirado do
«Journal of the Society for Psychical Research» (1908, pp. 308-311):
«O Dr.
Burges envia ao Dr. Hodgson o episódio seguinte, que se passou em presença do
Dr. Renz, especialista em moléstias nervosas. M. G., protagonista do episódio,
escreve:
“… Antes de
descrever os acontecimentos e no interesse daqueles que lerem estas páginas,
tenho a declarar que não faço uso de bebidas alcoólicas, nem de cocaína, nem de
morfina; que sou e fui sempre moderado em tudo, que não possuo um temperamento
nervoso; que minha mentalidade nada tem de imaginativa e que sempre fui
considerado como homem ponderado, calmo e resoluto. Acrescento que, não somente nunca acreditei no que se
chama – Espiritismo – com os fenómenos relativos de materializações mediúnicas
e do corpo astral visível, como fui sempre hostil a essas teorias.
Um caso
espantoso em que assistiu ao trabalho espiritual na morte da esposa.
A minha
mulher morreu às 11h45, da noite de Sexta-feira, 23 de Maio de 1902; e só às 4
horas da tarde desse mesmo dia foi que me persuadi que estava perdida toda a
esperança. Reunidos em torno do leito, na expectativa da hora fatal, estávamos
muitos amigos, o médico e duas enfermeiras… Assim se passaram duas horas, sem que se observasse nenhuma
alteração…às 6h45 (estou certo da hora porque havia um relógio colocado diante
de mim, sobre um móvel) aconteceu-me voltar o olhar para a porta de entrada e
percebi sobre o sólio, suspenso no ar, três pequenas nuvens muito distintas,
dispostas horizontalmente, parecendo cada uma do comprimento de cerca de 4 pés,
com 6 a 8 polegadas de volume… O meu primeiro pensamento foi que os amigos (e
peço-lhes perdão por esse injustificado juízo) se tinham posto a fumar, além da
porta, de maneira que o fumo dos seus
charutos penetrasse no quarto. Levantei-me de um salto para ir reprová-los e
notei que nas proximidades da porta, no corredor e no quarto, não havia
ninguém. Espantado, voltei-me para olhar as nuvenzinhas que, lentamente, mas
positivamente, se aproximavam da cama, até que a envolveram por completo.
Olhando
através dessa nebulosa, percebi que ao lado da moribunda se conservava uma figura
de mulher, de mais de 3 pés de altura, transparente, mas ao mesmo tempo
resplandecente de uma luz de reflexos dourados; o seu aspecto era tão glorioso,
que não há palavras capazes de descrevê-lo. Ela vestia um costume grego de
mangas grandes, largas, abertas; tinha uma coroa à cabeça. Essa forma
mantinha-se imóvel como uma estátua no esplendor de sua beleza; estendia as
mãos sobre a cabeça da minha mulher, na atitude de quem recebe um hóspede
alegremente, mas com serenidade.
Duas formas
vestidas de branco, detinham-se de joelhos, ao lado da cama, velando ternamente
a minha mulher, enquanto que outras formas, mais ou menos distintas, flutuavam
em torno. Acima da minha mulher estava suspensa, em posição horizontal, uma
forma branca e nua, ligada ao corpo da moribunda por um cordão que se lhe
prendia acima do olho esquerdo, como se fosse o “corpo astral”. Em certos
momentos, a forma suspensa ficava completamente imóvel; depois, contraía-se e
diminuía até reduzir-se a proporções minúsculas, não superiores a 18 polegadas
de comprimento, mas conservando sempre a sua forma exacta de mulher; a cabeça
era perfeita, perfeitos o corpo, os braços, as pernas.
Quando o
corpo astral se contraía e diminuía, entrava em luta violenta, com agitação e
movimento dos membros, com o fim evidente de se desprender e libertar do corpo
físico. E a luta persistia até que ele parecia cansar; sobrevinha, então, um
período de calma; depois o corpo astral começava a aumentar, mas para diminuir
de novo e recomeçar a luta.
Os familiares
e amigos falecidos, vêm, no momento do desenlace, ajudar-nos a entrar no outro
mundo.
Durante as
cinco últimas horas de vida da minha mulher, assisti, sem interrupção, a essa
visão pasmosa…Não havia maneira de fazê-la apagar dos meus olhos; se me distraía
conversando com os amigos, se fechava as pálpebras, se me achava de outro lado,
quando voltava a olhar o leito mortuário, revia inteiramente a mesma visão. No
correr das cinco horas experimentei estranha sensação de opressão na cabeça e
nos membros; sentia as minhas pálpebras pesadas como quando se está tomado pelo
sono, e as sensações experimentadas, unidas ao facto da persistência da visão,
faziam-me temer pelo meu equilíbrio mental, e então dizia ao médico muitas
vezes: – «Doutor, eu enlouqueço». Enfim,
chegou a hora fatal; depois de um último espasmo, a agonizante deixou de
respirar e vi, ao mesmo tempo, a forma astral redobrar de esforços para
libertar-se. Aparentemente, a minha mulher parecia morta, mas começava a
respirar alguns minutos depois, e assim aconteceu por duas ou três vezes.
Depois, tudo acabou. Com o último suspiro e o último espasmo, o cordão que a
ligava ao corpo astral quebrou-se e eu vi esse corpo apagar-se. As outras
formas espirituais, também, assim como a nebulosidade de que fora invadido o
quarto, desapareceram subitamente; e, o que é estranho, a própria opressão que
eu sentia sumiu-se como por encanto e permaneci de novo como fui sempre, calmo,
ponderado, resoluto; dessa forma fiquei em condições de distribuir ordens e
dirigir os tristes preparativos exigidos pelas circunstâncias…”
Afirma o Dr.
Renz: “Desde que a doente se extinguiu, M. G., que durante cinco horas havia
ficado à sua cabeceira, sem dali sair, levantou-se e deu ordens que as
circunstâncias requeriam, com expressão tão calma, de homem de negócios, que os
assistentes ficaram surpresos. Se ele tivesse sido submetido, durante cinco
horas, a um acesso de alucinação, o espírito não se lhe teria tornado claro e
normal de um momento para o outro. Dezessete dias já se passaram depois da
visão e da morte da sua mulher; M. G. continua a mostrar-se perfeitamente são e
normal de corpo e de espírito. (Assinado: Dr. C. Renz)”.»
José Lucas- Portal
do Espírito.
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