No
espiritismo costuma se usar o termo “Desencarnar” quando uma pessoa morre,
porém no caso do suicídio as coisas ocorrem de forma mais lentas.
Em diversas
obras encontramos trechos em que os espíritos afirmam que ficam presos ao corpo
até sua completa extinção, Allan Kardec
nos revela isso com propriedade na entrevista publicada na Revista Espírita de junho de 1858 com o título “ O suicida de
Samaritana”
“5. Qual foi
o motivo que vos levou ao suicídio? - R. Estou morto?... Não...
Habito meu
corpo.... Não sabeis o quanto sofro! ... Eu estufo... Que mão compassiva
procure me matar!
13. Que
reflexões fizestes no momento em que sentistes a vida se extinguir em vós? - R.
Não refleti; senti... Minha vida não está extinta... minha alma está ligada ao
meu corpo... Sinto os vermes que me roem. ”
No livro
“Depois do Suicídio” de Cleonice Orlandi de Lima, temos o depoimento de Jacinto[1]
: “
Continuei com o corpo morto, mas sem poder me separar do cadáver. Assim
paralisado assisti aos funerais, ouvi os lamentos e as recriminações dos
presentes pelo meu ato. Horrorizado, vi fecharem o caixão sobre mim.
Fui
conduzido, assistindo a tudo e sempre sentindo a dor do ferimento na boca.
Carregaram-me ao cemitério, enterraram-me e me deixaram sozinho. Senti a
sufocação do fundo da cova, mas não podia fazer o mais leve movimento. Estava
colado ao corpo morto! As dores que sentia eram fabulosamente insuportáveis. E,
logo a seguir, passei a sentir o cheiro do corpo apodrecendo. Senti a mordedura
dos vermes, milhões de mordidas ao mesmo tempo, por todo o corpo. Dores
incríveis!
Muito tempo
depois a carne foi se separando dos ossos, foi se acabando e eu sempre ali,
sentindo as dores e assistindo a tudo. A sede, a fome e o frio me torturavam. A
dor do ferimento da boca nunca me abandonou. Jamais tive um único minuto de
descanso, em que pudesse dormir.”
Emmanuel no
livro “O Consolador” confirma :
“Suicidas há
que continuam experimentando os padecimentos físicos da última hora terrestre,
em seu corpo somático, indefinidamente. (...) a pior emoção do suicida é a de
acompanhar, minuto a minuto, o processo da decomposição do corpo abandonado no
seio da terra, verminado e apodrecido."[2]
Yvone
Pereira no livro “Memória de um Suicida” nos traz uma visão do que ocorre
quando finalmente o espírito se desliga do corpo contando a história de Camilo
Castelo Branco que desencarnado, foi
para o "Vale dos Suicidas", onde
sofreu horrores, , durante 12
anos até ser resgatado em 1903.
Devemos
ainda levar em conta que o suicídio não é só aquele brutal e relativamente
rápido, tem também os fumantes, alcoólatras, e/ou viciados de maneira geral.
“O suicídio
brutal, violento, é crueldade para com o próprio ser. No entanto, há também o
indireto, que ocorre pelo desgastar das forças morais e emocionais, das
resistências físicas no jogo das paixões dissolventes, na ingestão de alimentos
em excesso, de bebidas alcoólicas, do fumo pernicioso, das drogas adictícias,
das reações emocionais rebeldes e agressivas, do comportamento mental
extravagante, do sexo em uso exagerado, que geram sobrecargas destrutivas nos
equipamentos físicos, psicológicos e psíquicos...”[3]
Kardec é bem claro sobre a questão do suicídio no
Livro dos espíritos entre as questões 944 até 946.
“Na morte
violenta as sensações não são precisamente as mesmas. Nenhuma desagregação
inicial há começado previamente a separação do perispírito; a vida orgânica em
plena exuberância de força é subitamente aniquilada. Nestas condições, o
desprendimento se começa depois da morte e não pode completar-se rapidamente.
No suicídio, principalmente, excede a toda expectativa. Preso ao corpo por
todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações
daquele. Com sofrimentos
cruciantes.”[4]
Muitos podem
questionar se o suicídio pode ser induzido por um obsessor, Yone Pereira novamente nos brinda com a resposta :
“Não obstante, homens comuns ou inferiores poderão cair nos mesmos transes,
conviver com entidades espirituais inferiores como eles e retornar obsidiados,
predispostos aos maus atos e até inclinados ao homicídio e ao suicídio. Um
distúrbio vibratório poderá ter várias causas, e uma delas será o próprio
suicídio em passada existência. ”[5]
A doutrina
espírita nos ensina que a morte não é o fim; e que de outra forma a vida continua. Que muitas vezes somos
influenciados por obsessores, porem esses só agem devido ao nosso
desiquilíbrio, e que precisamos ter consciência do que ocorre, caso desistamos
da vida a qual tivemos o privilegio de
através da reencarnação buscar compreender e superar as provas e expiações.
“A certeza
da vida futura, com todas as suas consequências, transforma completamente a
ordem de suas ideias, fazendo-lhe ver as coisas por outro prisma: é um véu que
se ergue e lhe desvenda um horizonte imenso e esplêndido. Diante da infinidade e da grandeza da vida
além da morte, a existência terrena desaparece, como um segundo na contagem dos
séculos, como um grão de areia ao lado da montanha. Tudo se torna pequeno e
mesquinho e nos admiramos por havermos dado tanta importância às coisas
efêmeras e infantis. Daí, em meio às vicissitudes da existência, uma calma e
uma tranquilidade que constituem uma felicidade, comparados com as desordens e
os tormentos a que nos sujeitamos, ao buscarmos nos elevar acima dos outros;
daí, também, ante as vicissitudes e as decepções, uma indiferença, que tira
quaisquer motivos de desespero, afasta os mais numerosos casos de loucura e
remove, automaticamente, a ideia de suicídio.”[6]
Marcos
Paterra
Marcos
Paterra (João Pessoa/PB)-é articulista e membro do movimento espírita
paraibano,
colaborador
de diversos sites e jornais espíritas marcos.paterra@gmail.com
Dignificante e esclarecedora mensagem.
ResponderExcluirMuito boa matéria!enriquecedora!parabéns!perfeita!
ResponderExcluirExcelente publicação para entendermos a passagem quando fora da programação reencarnatoria,usamos do livre arbítrio indevidamente!
ResponderExcluirHorrorizada em saber desse sofrimento.
ResponderExcluirSempre que alguém comete o suicídio, chego a conclusão quê é assassinar uma parte de Deus.
ResponderExcluirEu fico triste demais ,apesar de saber disso e sempre falei sobre mas a maioria não quer saber disso,pois dizem que a vida acaba com a morte... e meu irmão fez isso!! Nós oramos por eles,pedimos ajuda aos anjos que cuidam dos desencarnados mas quando é assim..será que eles ajudam ou nem adianta?
ResponderExcluirA oração conforta o espírito em sofrimento, ele recebe esse carinho, mas ele precisa expurgar no umbral toda a energia que ele deveria ter vivido na terra durante anos.
ExcluirExcelente publicação
ResponderExcluirPerdi um ente da família por suicídio mas eu tenho por mim que ele não estava no seu normal nem sabia o que estava fazendo será que Jesus tem misericórdia pelo acontecido inpensado essa é minha dúvida
ResponderExcluirO sofrimento do suicida não é uma punição divina e sim uma consequência, Deus tem misericórdia porém ele sofre as consequências do ato cometido.
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