Há alguns
anos, conversando com uma senhora de nossas relações de amizade, ouvimos o seu
relato acerca das inúmeras vezes em que ela via, pela vidência mediúnica, o seu
marido, em espírito, visitando o lar enquanto se encontrava a quilômetros em
viagem profissional.
As visões
aconteciam durante as madrugadas, quando acordada ela via o espírito do marido
circulando pela casa, porém sem travar conversação, e sem ele ter consciência
do fato quando questionado a respeito.
A Doutrina
Espírita explica, detalhadamente, a ocorrência, já que é um acontecimento muito
comum entre os encarnados, como nos ensinam os Espíritos Superiores:
O Espírito
encarnado permanece espontaneamente no corpo?
– É como
perguntar se o prisioneiro se alegra com a prisão. O Espírito encarnado aspira
sem cessar à libertação, e quanto mais o corpo for grosseiro, mais deseja
desembaraçar-se dele. (1)
Durante o
sono, a alma repousa como o corpo?
– Não, o
Espírito nunca fica inativo. Durante o sono, os laços que o prendem ao corpo se
relaxam e, como o corpo não precisa do Espírito, ele percorre o espaço e entra
em relação mais direta com outros Espíritos. (2)
Mas é no
capítulo oito da segunda parte de O Livro dos Espíritos, sob o título “Da
Emancipação da Alma”, que encontramos as explicações detalhadas sobre o
assunto. (3)
Na
oportunidade Allan Kardec questiona a Espiritualidade Superior se é caso de “dupla
existência simultânea: a do corpo, que nos dá a vida de relação exterior, e a
da alma, que nos dá a vida de relação oculta”, obtendo como resposta que “no
estado de liberdade, a vida do corpo cede lugar à vida da alma. Porém, não são,
propriamente falando, duas existências; são, antes, duas fases da mesma
existência, uma vez que o homem não vive duplamente”.
Esclarecem
os Espíritos que “duas pessoas que se conhecem podem se visitar durante o sono,
e muitas outras que acreditam não se conhecerem também se reúnem e conversam.
Podeis ter, sem dúvida, amigos num outro país. O fato de ir se encontrar,
durante o sono, com amigos, parentes, conhecidos, pessoas que podem ser úteis,
é tão frequente que o fazeis todas as noites”, e a “utilidade dessas visitas noturnas,
uma vez que não fica lembrança de nada, é muito comum disso ficar uma intuição,
ao despertar, e é frequentemente a origem de certas ideias que surgem
espontaneamente”.
Sobre a
possibilidade do homem poder provocar essas visitas espirituais por sua vontade
dizendo ao dormir: “esta noite quero me encontrar em Espírito com tal pessoa,
falar com ela e dizer-lhe alguma coisa”, o esclarecimento que se segue é que “o
homem dorme, o Espírito se liberta e o que o homem tinha programado, o Espírito
está bem longe de seguir, porque os desejos e vontades do homem nem sempre são
os mesmos do Espírito, quando desligado da matéria. Isso acontece com os homens
espiritualmente bastante elevados. Há os que passam de outra forma essa sua
existência espiritual: entregam-se às suas paixões ou permanecem na
inatividade. Pode acontecer que, considerando a razão da visita, o Espírito vá
mesmo visitar as pessoas que deseja; mas a simples vontade do homem, acordado,
não é razão para que o faça”.
Outra
possibilidade que se apresenta é que vários “espíritos encarnados podem se
reunir” porque “os laços de amizade, antigos ou novos, fazem com que se reúnam,
frequentemente, diversos Espíritos, felizes de estarem juntos”.
A questão se
volta para a necessidade de dominarmos nossas paixões e vícios, trabalhando
para eliminá-los, e também de revermos quais são nossos interesses, mundanos ou
espirituais, para podermos aproveitar ao máximo as oportunidades dos momentos
de liberdade que o nosso espírito tem durante o sono físico, preparando-nos,
paulatinamente, para o retorno definitivo à Pátria Maior, que é de onde viemos
e mais uma vez para onde retornaremos após o término desta vida física.
Pensemos
nisso.
Fonte-
KARDEC RIO PRETO-Antônio Carlos Navarro
Referências
Bibliográficas:
(1) O Livro
dos Espíritos, Allan Kardec, item 400;
(2) O Livro
dos Espíritos, Allan Kardec, item 401;
(3) O Livro
dos Espíritos, Allan Kardec, itens 413 a 418.
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