Explica
Richard Simonetti : Seriam casuais os flagelos devastadores, como tufões,
tempestades, nevascas, secas, enchentes, etc? Para o materialista, certamente.
Mas o religioso, que concebe a onisciência e onipotência de Deus, não pode
desenvolver semelhante raciocínio, que equivaleria ao reconhecimento de que a
Natureza escapa ao comando divino. Ele controla os fenômenos naturais, contando
com a participação de seus prepostos. Como explica os espíritos na questão 737
do O livro dos Espíritos, os flagelos destruidores beneficiam fisicamente o
planeta, principalmente na renovação de sua atmosfera, mas, sobretudo, impõem
um agitar das consciências humanas, tanto para aqueles que desencarnam em
circunstâncias dolorosas e traumáticas, quanto para os que colhem as
consequências da devastação ocasionada. Experiências assim representam a
oportunidade de resgate de seus débitos do pretérito, ao mesmo tempo em que
fazem sua iniciação nos domínios da solidariedade. As vítimas das grandes
calamidades tornam-se menos envolvidas com as ilusões, mais dispostas a ajudar
o semelhante, após sentirem na própria carne a dor que aflige seus irmãos. A
Lei de Destruição funciona, também, para conter os impulsos desajustados da
criatura humana (com a Natureza, com o corpo físico, etc.). Oportuno recordar
que determinados surtos de progresso para a humanidade são marcados por
flagelos terríveis que dizimam populações imensas. (...) Exemplo típico foi a
Peste Negra, no século XIV, enfermidade mortal provocada por um bacilo que se
instalava nos aparelhos digestivo e circulatório, eliminando suas vítimas em
poucos dias. Disseminada pelo Oriente e pela Europa, exterminou perto de vinte
e cinco milhões de pessoas, em plena Idade Média, um período de obscurantismo,
em que a civilização ocidental parecia imersa em trevas. No entanto, após a
Peste Negra floresceu o Renascimento, um abençoado sopro de renovação cultural
e artística, como o alvorecer de radioso dia precedido de devastadora
tempestade noturna.
Observação
de Rudymara: Há tragédia que não há quem culpar diretamente. Os terremotos, por
exemplo, são fenômenos naturais. As chuvas abundantes no Brasil também são
naturais, entretanto, o impedimento da água ir embora quando chega ao solo
ocorre pelo erro humano de juntar lixo nos bueiros, além da gestão pública não
planejar o escoamento de grandes cidades como São Paulo.
No caso de
Angra dos Reis em 2010, e no Rio de Janeiro em 2011, a situação era evitável. O
homem, por não ter onde morar arrisca construir nas encostas e morros. Outros
constroem pousadas e restaurantes explorando a bela visão dos morros ou da
beira do mar. Qualquer um sabe que esses locais são inapropriados para a
habitação humana. Com o excesso de chuvas e o desmatamento o morro não aguenta
a água acumulada então os desmoronamentos ocorrem sem piedade.
A cidade
histórica de São Luiz do Paraitinga também foi castigada em 2010. Além de
mortes, vários documentos históricos foram perdidos e a igreja central veio
abaixo. Os especialistas do Vale do Paraíba disseram que não era possível
evitar a tragédia e a região faz planos para o futuro próximo como a instalação
de um sistema de telemetria, para monitorar os níveis do Rio Paraitinga e
também a implantação de bacias de detenção nos afluentes dos rios. A palavra
certa para isso é Planejamento.
Nessas
tragédias observamos quem se solidariza com a dor de quem perdeu entes
queridos, casas ou outros bens materiais e, quem explora a dor dessas pessoas.
Há quem arrecade donativos para quem perdeu tudo e há quem desvie donativos
arrecadados, quem suba o preço dos alimentos, água e outros itens de
necessidade para quem precisa repor o que perdeu.
Então, estas
tragédias devem servir para despertar a obrigação de cada um com este mundo.
Exemplo: não jogar lixo nos rios, córregos e bueiros; não construir em áreas de
risco; não devastar a Natureza; ter vontade política para prevenir a morte de
muitas pessoas, ser solidário com a dor do próximo, etc. Serve também para
observarmos que não temos nada, apenas utilizamos o que Deus nos empresta. Se
hoje temos algo "para utilizarmos", amanhã o vento, o tremor de
terra, etc., pode levar tudo. Ensina a sermos mais humildes, pois muitos só
vestem roupas de marca, exigem a melhor comida e não ajudam ninguém e nenhuma instituição,
mas, quando precisam comer e vestir o que ganham das doações, passam a dar
valor às coisas, e observam a importância de doar coisas para quem tem menos
que eles. Enfim, a dor e o sofrimento obrigam a fazermos reflexões, mudanças de
comportamento e a observarmos que, nascemos para evoluir. E quem não busca
evoluir pelo amor será impulsionado a evoluir pela dor. Pensemos nisso!
Grupo de
Estudo Allan kardec
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