Uma questão
que sempre é levantada nas classes de estudos espíritas e mesmo em palestras
diz respeito à indagação seguinte:
“O Espírito evolui na erraticidade?”.
Antes da
resposta direta, é de todo oportuno definir o que seja erraticidade na
linguagem espírita, porquanto não são poucos os que pensam que tal situação do
Espírito seja a de “estar perdido”, “extraviado” etc.
Não é nem
mesmo necessária uma grande pesquisa na literatura espírita para encontrar-se o
conceito específico de “erraticidade”, vez que até mesmo os mais conhecidos
dicionários já contêm o conceito, tal a importância do termo e tal o alcance
dos conceitos espíritas no mundo moderno. Confira-se no Moderno Dicionário da
Língua Portuguesa (Michaelis)(1): “Espir. – Estado dos Espíritos não
encarnados, isto é, estado dos espíritos durante os intervalos das suas encarnações.
”.
Já no famoso
"Novo Aurélio"(2) nada consta. Embora a definição dicionarizada acima
seja bastante clara, nos permitimos explicar que se trata do estado dos
Espíritos depois de ter desencarnado, desenfeixado do corpo físico, mas com seu
perispírito, enquanto aguarda ou prepara outras encarnações.
O Livro dos
Espíritos (questão 225)(3) explica que “encarnação é um estado transitório”,
razão porque o estado do Espírito considerado "normal" (originário) é
exatamente aquele que ele está “quando liberto da matéria”.
Sabido isso,
passemos à resposta da questão propriamente dita: O Espírito evolui quando se
encontra entre uma encarnação e outra? Vejamos!
A questão nº
230 do Livro dos Espíritos(4) (esse repositório magnífico de teses básicas, que
serão ao depois desenvolvidas no resto da Codificação) trata diretamente do
assunto, atendendo à pergunta de Kardec:
"Na
erraticidade, o Espírito progride? - Resposta: Pode melhorar-se muito, tais
sejam a vontade e o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existência
corporal é que põe em prática as ideias que adquiriu."
E não
poderia ser diferente: a evolução é a única imposição obrigatória da Lei
Natural em todos os estágios do Espírito; e, na vida espiritual, ele tem uma
visão mais clara dos seus objetivos rumo à perfeição (questão 116)(5).
Atente-se
para a afirmação categórica: na existência corporal ele, Espírito, põe em
prática as ideias, os objetivos os ensinamentos que adquiriu. E onde os
adquiriu, senão na vida espiritual que antecede a corporal?
Já se deduz
que as vidas corporais têm um objetivo marcante nessa evolução: põem em prática
aquilo que se aprende na vida espiritual! Leia-se a questão 196(6), tanto a
pergunta quando a resposta clara dos Espíritos.
O mesmo na
questão 132(7), onde fica claro que a encarnação (vida corpórea, seja em que
mundo for) é um dos meios de fazer os Espíritos progredirem, pois que para
alcançarem a perfeição "têm que sofrer todas as vicissitudes da existência
corporal".
O mesmo se
encontra no cap. IV do Evangelho Segundo o Espiritismo, item 25(8): a
encarnação auxilia. o desenvolvimento do Espírito. E, afinal, sendo a
"matéria objeto do trabalho do Espírito para desenvolvimento de suas
faculdades, era necessário que ele pudesse atuar sobre ela, pelo que veio
habitá-la, como o lenhador habita a floresta" (A Gênese, cap. XI, item
10)(9).
Conclusão:
há progresso e evolução tanto na erraticidade, quanto na vida corpórea; ambas
são necessárias para tanto... pois que uma é continuação da outra, sem
interrupções ("Não há, portanto, solução de continuidade na vida
espiritual, sem embargo do esquecimento do passado", conforme ensino
taxativo de ´A Gênese´, cap. XI, nº 22)(10).
Francisco
Aranda Gabilan
(1) Ed.
Melhoramentos nº 5432, ano 2002
(2) Editora
Nova Fronteira, 3ª edição, 1999
(3) FEB, 68ª
edição, pg. 155
(4) Idem,
pg. 156
(5) Ib., pg.
96
(6) Ib., pg.
132
(7) Ib., pg.
103
(8) FEB, 64ª
edição, pg. 99
(9) FEB, 32ª
EDIÇÃO, PG. 210
(10) Idem,
pg. 216
FRATERLUZ -
Fraternidade Espírita Luz do Cristianismo
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