Como podemos compreender os
resultados de nossas existências anteriores? – Para compreender os resultados
das existências anteriores, baste que o homem observe as próprias tendências,
oportunidades, lutas e provas. (1)
No presente, e melhor se agiria em relação
às situações e pessoas.
Ouçamos os Benfeitores Espirituais
que trouxeram o Consolador prometido por Jesus à Terra:
“Por que perde o Espírito encarnado a
lembrança do seu passado?
“Não pode o homem, nem deve saber
tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta certas
coisas, ficaria ofuscado, como quem, sem transição, saísse do escuro para o
claro. Esquecido de seu passado, o homem é mais senhor de si”.
A resposta nos remete à necessidade
de se tomar decisões fundamentadas não no conhecimento do passado, mas
sustentadas em valores morais que se deve incrustar na consciência, por livre
vontade, e não por obrigação causal.
Continuemos estudando com os
Benfeitores:
“Em cada nova existência, o homem
dispõe de mais inteligência e melhor pode distinguir o bem do mal. Onde o seu
mérito se se lembrasse de todo o passado? Quando o Espírito volta à vida
espírita, diante dos olhos se lhe estende toda a sua vida pretérita. Vê as
faltas que cometeu e que deram causa ao seu sofrer, assim como de que modo as
teria evitado.
Reconhece justa a situação em que se
acha e busca então uma existência capaz de reparar a que vem de transcorrer.
Escolhe provas análogas às de que não soube aproveitar, ou as lutas que
considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são
superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o
Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará por
levá-lo a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que
incorreu.
Tendes essa intuição no pensamento,
no desejo criminoso que frequentemente vos assalta e a que instintivamente
resistis, atribuindo, as mais das vezes, essa resistência aos princípios que
recebestes de vossos pais, quando é a voz da consciência que vos fala. Essa
voz, que é a lembrança do passado, vos adverte para não recairdes nas faltas de
que já vos fizestes culpados. Na nova existência, se sofre com coragem aquelas
provas e resiste, o Espírito se eleva e ascende na hierarquia dos Espíritos, ao
voltar para o meio deles.
Não temos, é certo, durante a vida
corpórea, lembrança exata do que fomos e do que fizemos em anteriores
existências; mas temos de tudo isso a intuição, sendo as nossas tendências
instintivas uma reminiscência do passado. E a nossa consciência, que é o desejo
que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, nos concita à
resistência àqueles pendores”. (3)
Lidar com o conhecimento do passado
não é tarefa fácil. Na atual encarnação, com o conhecimento que possuímos,
ainda temos dificuldades de perdoar e conviver com determinadas pessoas,
imaginemos, portanto, se soubermos o que deu causa ao que vivemos agora.
Também temos dificuldades com
situações complicadas que se apresentam ao nosso espírito, e via de regra as
justificamos como vinculadas às existências anteriores, o que nem sempre é
verdade, mas, por viciação mental, evitamos raciocinar em termos de serem
frutos de negligência atual.
Claro está, nas orientações acima,
que a situação atual é decorrente das necessidades do Espírito, seja por
expiações relativas às faltas cometidas em existências anteriores, seja por
provas solicitadas antes da atual reencarnação e, em tese, não haveria necessidade
de se saber, no detalhe, as causas que as geraram. Bastaria que descansássemos
nossa fé no conhecimento que nos é dado pela Doutrina Espírita, para termos paz
de espírito e predisposição para enfrentarmos a vida, exatamente como
planejamos fazer antes de reencarnarmos.
Pensemos nisso.
AGENDA ESPÍRITA BRASIL | Antônio
Carlos Navarro
Fonte: Chico de Minas Xavier
Referências:
(1) Emmanuel e Francisco C. Xavier,
Livro Leis de Amor, Cap. VI, Consequências do Passado;
(2) Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, item 392;
(3) Allan Kardec, O Livro dos
Espíritos, item 393.
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