Os fenômenos mediúnicos ao lado do
magnetismo foram os precursores da Doutrina Espírita e Allan Kardec a partir
deles compôs todo o arcabouço teórico e prático do Espiritismo. A meta maior da
Doutrina Espírita é a cura do Espírito, com a elevação das pessoas em todos os
níveis: intelectual, moral e espiritual. O tratamento é mais uma técnica desse
conjunto harmônico.
O termo “passe” tem significados
distintos, mas pode ser entendido como uma terapia espírita, como uma parte do
magnetismo, como uma técnica de cura ou ainda como o sentido genérico da
“fluidoterapia”.
O uso do magnetismo como forma de
cura é bastante antigo, sendo utilizado desde a antiguidade e não surgiu com o
Espiritismo, não sendo uma criação da Doutrina Espírita. Esse meio de socorrer
os enfermos do corpo e da alma já era conhecido e empregado na antiguidade. Na
Caldéia e na Índia, os magos e brâmanes, respectivamente, curavam pela
aplicação do olhar.
Jesus o utilizou, “impondo as mãos”
sobre os enfermos e perturbados espiritualmente, para beneficiá-los e ensinou
essa prática aos seus discípulos e apóstolos, que também a empregaram,
largamente, como vemos em “Atos dos Apóstolos”.
André Luiz define que o passe “é o
equilibrante ideal da mente”, funcionando como coadjuvante em todos os
tratamentos, não só físicos, mas igualmente da alma. Com isso o objetivo de
passe fica categorizado como elementos a serem alcançados em dois campos:
materiais e espirituais.
Segundo Jacob Melo, “o passe é uma
transfusão objetiva de fluidos de um ser para o outro ou ainda a interferência
intencional do campo fluídico de alguém sobre idêntico campo de outro alguém,
tanto em termos físicos como espirituais.”
Ou ampliando a definição diz que “o
passe nada mais é do que a transmissão ou a manipulação de um fluido, de uma
energia curadora, de quem a possui para quem necessita.” E conclui dizendo que
“o passe atua diretamente sobre o corpo espiritual através dos campos vitais,
diretamente sobre o corpo orgânico, propiciando interações intermoleculares de
refazimento e recomposição, e diretamente sobre a mente, ensejando refrigérios
psíquicos e/ou atenuando envolvimentos espirituais negativos.”
O passe é uma transfusão de fluidos
de um ser para outro.
Emmanuel o define como uma
“transfusão de energias físiopsíquicas”. Beneficia a quem o recebe porque
oferece novo contingente de fluidos já existentes. Considera “equilibrante ideal
da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos” e compara sua ação à do
antibiótico e à assepsia, que servem ao corpo frustrando instalação de doenças.
O passe sempre se dirige da mente de
um Espírito para a mente de outro, independentemente da forma em que se
encontram, encarnada ou desencarnada. Por isso consideramos que o passe é
sempre uma ação espírita, que se desenvolve invariavelmente, de um para outro
Espírito.
A finalidade da reunião de
fluidoterapia é aliviar os companheiros quando se instalam doenças físicas, com
um tratamento de natureza essencialmente espiritual. (“Vinde a mim todos vós
que vos achais sobrecarregados e aflitos, que eu vos aliviarei.”) S. Mateus,
cap. XI, vv. 28 a 30.
Para as Casas Espíritas, Jacob Melo
acrescenta “a magnetização ou o passe é um serviço importante, pois a sua
simplicidade aliada ao seu reconfortante alcance, principalmente quando
utilizado de forma concomitante a doutrinação e a elucidação
evangélico-doutrinária, é de tamanha envergadura que não se deveria deixar
jamais de praticá-lo nas Instituições Espíritas”.
Como afirmou Jacob Melo “O passe
Espírita objetiva no consulente o reequilíbrio orgânico (físico), psíquico,
perispiritual e espiritual. Para os médiuns o passe é uma oportunidade sagrada
de praticar a caridade sem mesclas, desde que imbuídos do verdadeiro Espírito
cristão, sem falar na bênção de podermos estar em companhia de bons Espíritos
que, com carinho, diligência, amor, compreensão e humildade se utilizam de
nossas ainda limitadas potencialidades energéticas em benefício do próximo e de
nós mesmos”.
O paciente deve atentar para algumas
instruções para que o passe seja eficiente. O ideal é que esteja receptivo,
pois o passe será tanto mais eficiente quanto mais intensa a adesão da vontade
do paciente ao influxo recebido.
No dia do tratamento a alimentação
deve merecer atenção especial: ausência de qualquer tipo de carne (animais,
frango ou peixes). Não ingerir produtos ricos em proteínas (eles dificultam a
recepção dos fluidos que agem no corpo perispiritual, sede principal das
doenças físicas). Devem abster-se de alcoólicos de qualquer natureza, tabaco
(cigarro) e vícios gerais (jogo de cartas etc.), durante o tratamento da
fluidoterapia. Quando possível, manter um clima de tranquilidade íntima, com
preces, leituras e reflexões em que pese os compromissos diários (sem qualquer
envolvimento em condutas de agressividade, rebeldia, ódios etc.).
O paciente deve realizar todas as
recomendações solicitadas pelo passista, cultivando no lar, o Estudo do
Evangelho Segundo o Espiritismo (não sendo possível com a família, fazê-lo
individualmente) e aconselha-se a observância irrestrita da orientação médica,
pois o tratamento espiritual não atua no corpo físico e sim no Espírito e no
perispírito.
O tratamento por magnetização requer
assiduidade e perseverança e atendimento das recomendações indicadas, pois
sabemos que fluidificação não dura mais de uma semana e que faltar ao
tratamento interrompemos e não teremos os benefícios que queremos.
Fonte: ESPIRIT BOOK
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