O retorno a um novo corpo, através da
reencarnação, se dá para o crescimento do espírito. É um processo educativo, e
não punitivo. Encarado dessa forma, não há um número definido de encarnações
para um espírito. Sobre a chamada “lei” de causa e efeito atua a lei de
misericórdia, que é uma das variantes da lei de Amor. Os processos não se dão
de forma linear, isto é, não se passa pelo que se causou a outrem na mesma
proporção e na mesma intensidade. As circunstâncias a que um espírito está
sujeito numa encarnação expiatória são sempre atenuadas pela Misericórdia
Divina. Achamada “lei” de causa e efeito não é como a pena de Talião. Não é
“olho por olho dente por dente”. Às vezes, no período de intermissão, o
espírito atravessa sofrimentos, resultantes de suas atitudes quando no corpo
físico. Ao reencarnar para aprender, os processos a que estará sujeito não
poderão ser idênticos aos que proporcionou aos outros, em face do que aprendeu
no período de intermissão, bem como em função da necessidade de educar-se a partir
de estratégias amorosas das leis de Deus..
Em geral, as reencarnações são
planejadas com antecipação, cujo tempo de preparo será proporcional às
necessidades educativas do espírito. Quanto mais evoluído o espírito, maior seu
tempo de intermissão, consequentemente mais tempo terá ele para seu
planejamento. O planejamento exigirá o concurso de muitos espíritos, os quais
participarão, direta ou indiretamente, das relações futuras do reencarnante.
Tais preparativos vão desde a escolha dos pais ao tipo e detalhes do corpo que
se utilizará o espírito. Escolhe-se o gênero de provas que se atravessará, o
tipo de morte que se terá, as principais experiências que deverão ocorrer após
o nascimento, que reencontros se darão, que doenças se terá, qual a época mais
propícia para se reencarnar, etc.
Tais experiências planejadas se dão
no nível de probabilidades, podendo haver alterações, a depender das
necessidades do espírito, bem como de seu livre arbítrio e de terceiros.
Fundamental é perceber que, embora planejado o destino e a existência da
pressão interna das experiências pregressas, o livre arbítrio é soberano,
podendo alterar quaisquer daqueles fatores. As escolhas havidas que sejam
diferentes do planejado, levarão a consequências - positivas ou negativas - para
o espírito. O espírito, após a reencarnação , poderá alterar seu planejamento.
Poderá ele, adquirir novos compromissos, como fugir de outros. Poderá ampliar
suas realizações previstas, tanto quanto diminuí-las.
A vida na Terra deixa de ser um acaso
para ter um objetivo. Cada ação humana tem implicações, pois nada ocorre por
acaso. Não se volta à Terra como a uma colônia de férias. A Terra não é uma
instância de lazer. Viver é construir para o espírito. Estar no corpo físico é
conscientizar-se da responsabilidade por vários processos de aprendizagem que o
Universo faculta.
Aqui se está para algo aprender. Não
se deve desprezar o mundo social ou o corpo, pois, mesmo sendo a realidade
espiritual matriz geradora, não é exclusiva e nem deve contribuir para alienação
ao mundo dos ditos vivos. Há uma complementaridade entre a vida material e a
espiritual. Viver fora do mundo físico é saber viver nele.
Viver bem na Terra, aspirando a uma
vida melhor após a morte, é legítimo, porém não deve ser um fim em si. O espírito
não pode esquecer que, além de almejar seu progresso, deve tornar o mundo
material um local bom de se viver. O reino dos céus, pregado nos meios
cristãos, é tão “além” quanto aqui, isto é, na Terra deve-se implantá-lo, pois
ela faz parte do “reino”. A localização desse reino é uma questão de
consciência e responsabilidade.
É claro que as escolhas feitas nem
sempre obedecem aos compromissos havidos em encarnações anteriores. Tais
escolhas podem levar à compulsoriedade, que impõe, ao espírito, determinado
processo educativo, independente de seu arbítrio. Há encarnações compulsórias
para muitos espíritos que acumulam compromissos, principalmente quando envolvem
terceiros. O seu passado espiritual tem influência decisiva nesse processo de
escolha. As ligações com desafetos são geradoras de reencontros para que se
desfaçam os laços de inimizade e ódio. Os desafetos geralmente nascem juntos
para transformarem seus sentimentos aversivos em amor, aprendendo, dessa forma,
o real significado do viver. As provas e expiações a que estão submetidos os
espíritos, decorrem desses compromissos pregressos. Tais compromissos são
vulgarmente chamados de dívidas, cujos correspondentes processos de resgates,
chamo de educativos.
O processo de escolha que o espírito
faz, guarda relação direta com seu livre arbítrio. O planejamento é um
balizador para o espírito. Existe apenas um único determinismo imposto ao
espírito. Tal determinismo inexorável é a evolução. Evoluir sempre. O ser
humano pode se desenvolver muito nos diversos campos do saber, porém jamais
poderá alterar as leis de Deus, e uma delas é a lei de Progresso. Progredir
sempre, na direção do Bem, do
Belo e do Amor, para que alcance a
felicidade, essa é a lei. Nos processos de escolha não se deve prescindir do
bem coletivo.
Cada escolha do espírito tem
implicações com o direito dos outros.
Nas mudanças de planejamento que
visem auxiliar maior número de pessoas, os resultados serão sempre benéficos
para o espírito. Essas mudanças ocorrem, geralmente a pedido do espírito que,
desejando continuar encarnado para completar alguma tarefa relevante, conta com
auxílio espiritual para a alteração de seu planejamento anterior.
Os conflitos e problemas atuais,
antes de serem creditados às existências passadas, devem ser analisados, como
faz a Psicologia, a partir da vida atual. Será que a origem de tais conflitos
não está na infância problemática? Será que a relação materna e paterna não
provoca traumas que eclodem adiante? Certamente que tais fatores influenciam. O
retorno de um espírito a uma nova família é sempre uma novidade cheia de
receios e carregada de expectativas.
A sociedade muda. Os costumes e
regras sociais não são os mesmos para o espírito que esteve ausente da
sociedade dos encarnados durante muito tempo. Ele tem que reaprender muito.
Há métodos educativos coletivos, os
quais visam alcançar grupos de espíritos necessitados de um mesmo aprendizado.
A humanidade, por vezes, atravessa processos educativos coletivos, cujo
planejamento pertence a instâncias superiores e visam dar novo ritmo ao
planeta. São planejados num nível superior às encarnações individuais. Pela sua
interferência nos destinos de uma coletividade, suas particularidades merecem a
atenção de espíritos mais elevados.
O suicídio é um exemplo do algo não
planejado antes da encarnação e que é uma forma (in)voluntária de alterar o
planejamento.
A negligência de alguém que, como consequência
leve à sua desencarnação, promove alteração no planejamento reencarnatório.
Alguns acidentes se encaixam nessa situação, por ocorrerem fora dos processos
educativos do espírito e por vontade (negligente) de seu autor. Como exemplo,
cito os casos de adolescentes que correm em ruas das grandes cidades, de forma
alucinada, sem a mínima segurança, em brincadeiras conhecidas pelo nome de
“pegas”.
Há filhos não planejados antes da
reencarnação, que conseguem realizá-la por intercessão de espíritos que obtêm a
concordância do casal.
Trechos do livro: Reencarnação:
Processo Educativo
Adenáuer Novaes
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