1. DEFININDO OS TERMOS
Ressurreição - do lat. ressurrectione
- significa ato ou efeito de ressurgir, ressuscitar; regresso da morte à vida;
ato de reaparecer depois de haver morrido. Segundo o Catolicismo e o
Protestantismo, retorno à vida num mesmo corpo.
Encarnar - Do lat. incarnare -
significa penetrar (o Espírito em um corpo).
Reencarnar (de re + encarnar)
significa a volta do Espírito em um novo corpo físico, sem qualquer espécie de
ligação com o antigo.
Reencarnação (de re + encarnação) é a
doutrina da pluralidade e da unidade das existências corpóreas, isto é, do
nascimento ou renascimento de Espíritos tanto na esfera terrena como na de
outros planetas.
2. ASPECTOS TEOLÓGICOS DA
RESSURREIÇÃO
A Igreja ensina como verdade de fé a
realidade da ressurreição corporal para todos os homens e a identidade dos
corpos ressuscitados com os corpos que eles tiveram nesta vida. Assim foi
definido pelo 4.º concílio de Latrão: "Todos ressurgirão com os próprios
corpos que têm agora, para receberem segundo as suas boas ou más obras".
Esta fé na ressurreição corporal é um elemento da revelação judaico-cristã.
(Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
Nas escrituras, encontramos
referências a duas espécies de ressurreição:
a) Ressurreição temporal. Reanimação
de um cadáver, retorno de um morto à vida que antes tinha, retorno
necessariamente passageiro, e que voltará a terminar com a morte.
b) Ressurreição propriamente dita ou
"escatológica". Ao contrário da anterior – que consistia em voltar de
novo à vida temporal – a verdadeira ressurreição a que "vence"
realmente a morte, é considerada como uma vida nova, não terrena nem
"histórica", mas "eterna"; implica profunda transformação
psicossomática sem, no entanto, destruir a identidade da pessoa em questão (o
ressuscitado é o mesmo que morreu), nem a sua integridade (é o homem todo, e
não só uma parte dele que vive para sempre). (Verbo Enciclopédia
Luso-Brasileira de Cultura)
3. ELIAS OU JOÃO BATISTA?
"Entretanto Herodes, o Tetrarca,
ouvindo falar de tudo o que Jesus fazia, seu espírito estava em suspenso –
porque uns diziam que João ressuscitara de entre os mortos, outros que Elias
apareceu, e outros que um dos antigos profetas ressuscitara. – Então, Herodes
disse: Eu fiz cortar a cabeça de João, mas quem é este de quem ouvi falar tão grandes
coisas? E ele tinha vontade de o ver". (Marcos, 6, 14 e 15; Lucas, 9, 7 a
9)
"(Após a transfiguração). Seus
discípulos o interrogaram, dizendo: Por que, pois, os escribas dizem que é
preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias
deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio,
e não o conheceram; mas o trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão
sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João
Batista que lhes havia falado". (Mateus, 17, 10 a 13; Marcos, 9, 11 a 13)
Esta passagem evangélica revela a
confusão, que na época de Jesus, existia entre a ressurreição e a reencarnação.
Pergunta-se: como pode um espírito voltar num corpo diferente, se a crença da
ressurreição é que a volta deveria ser feita no mesmo corpo?
Allan Kardec, na Revista Espírita de
1863 (página 368), comenta a pergunta formulada por um cura: "Admitindo-se
que Elias e João Batista sejam a mesma pessoa, qual o corpo tomará o Espírito
Elias no juízo final, anunciado pela Igreja, para se apresentar ante Jesus
Cristo: será o primeiro ou o segundo?
Em seus comentários, relembra-nos o
tópico Os Saduceus e a Ressurreição, narrado por Mateus, nos seguintes termos:
"Naquele dia aproximaram-se dele
alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram: Mestre,
Moisés disse: se alguém morrer, não tendo filhos, seu irmão se casará com a
viúva e suscitará descendência ao falecido. Ora, havia entre nós sete irmãos: o
primeiro, tendo casado, morreu, e não tendo descendência, deixou sua mulher a
seu irmão: o mesmo sucedeu com o segundo, com o terceiro, até ao sétimo; depois
de todos eles, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos
sete será ela esposa? Porque todos a desposaram. Respondeu-lhes Jesus: Errais,
não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem
casam nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu. E quanto à
ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: Eu sou o Deus
de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus dos mortos, e,
sim, de vivos. (Mateus, 22, 23,32)
E prossegue:
Os anjos não têm corpo carnal, mas um
corpo etéreo e fluídico, então os homens não mais ressuscitarão em carne e
osso. Se João Batista foi Elias não é senão uma mesma alma, tendo tido duas
vestimenta deixadas em duas épocas diferentes na terra; e não se apresentará
com uma nem com outra, mas com o envoltório etéreo, próprio ao mundo invisível.
Os corpos são compostos dos quatro
elementos básicos: oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono. Com a morte, esses
elementos se dispersam e entram na composição de outros corpos, tão bem que ao
cabo de um certo tempo o corpo inteiro é absorvido.
Como a terra absorve esses elementos
químicos, suponha que tenhamos plantado batata ao lado do cemitério; com a sua
colheita, tenhamos criado galinhas. Posteriormente, o homem acaba usando a
galinha para a sua alimentação. Ao ingerir as galinhas, o homem absorve,
indiretamente, todos os elementos químicos daqueles seres humanos que já
morreram. No dia do juízo, ele vai recobrar que corpo? O seu? Ou a soma de todos os outros?
4. RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
No Evangelho Segundo João, há uma
narrativa sobre um homem que estava doente (Lázaro, e que veio a falecer e foi
enterrado). Após 4 dias, Jesus é chamado para realizar um de seus milagres, ou
seja, restituir-lhe a vida. Jesus é conduzido ao túmulo do Lázaro. Jesus disse:
"Tirai a pedra. Disse-lhe Marta a irmão do morto: Senhor, ele já cheira
mal, porque está morto há quatro dias. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu
que, se creres, verás a glória de Deus? Tiraram então a pedra. E Jesus,
levantando os olhos disse: Pai, graças te dou que me ouviste. Eu sabia que sempre
me ouves, mas assim falei por causa desta multidão que me cerca, para que
creiam que tu me enviaste. Tendo assim falado, clamou em alta voz: Lázaro, sai
para fora!. Saiu aquele que estivera morto, ligados os pés e as mãos com
faixas, e envolto o seu rosto num lenço. Disse Jesus: desatai-o e deixai-o
ir". (João 11, 39, 44)
Explicação: Lázaro estava imerso no
fenômeno da letargia, ou seja, perda momentânea da sensibilidade e do
movimento, por uma causa fisiológica ainda inexplicada. A ciência atesta que um
corpo, nessas condições, pode durar até 8 dias. Ora, havia passado apenas 4
dias, de modo que é perfeitamente possível o seu retorno à vida. Sejam quais
forem as aparências exteriores, pode dizer-se que todas as vezes que houver
volta à vida é que não houve morte na acepção patológica do vocábulo. Quando a
morte é completa essas voltas são impossíveis, pois a isto se opõe a lei
fisiológica.
5. RESSURREIÇÃO E REENCARNAÇÃO:
EXTRAÍDO DO EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
A confusão entre o conceito de ressurreição
e o de reencarnação é porque os judeus tinham noções vagas e incompletas sobre
a alma e sua ligação com o corpo. Por isso, a reencarnação fazia parte dos
dogmas judaicos sob o nome de ressurreição. Eles acreditavam que um homem que
viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato
podia ocorrer. Eles designavam por ressurreição o que o Espiritismo, mais
judiciosamente chama reencarnação.
A ressurreição segundo a ideia vulgar
é rejeitada pela Ciência. Se os despojos do corpo humano permanecessem
homogêneos, embora dispersados e reduzidos a pó, ainda se conceberia a sua
reunião em determinado tempo; mas as coisas não se passam assim, uma vez que os
elementos desses corpos já estão dispersos e consumidos. Não se pode, portanto,
racionalmente admitir a ressurreição, senão como figura simbolizando o fenômeno
da reencarnação.
O princípio da reencarnação funda-se,
a seu turno, sobre a justiça divina e a revelação. Dessa forma, a lei de
reencarnação elucida todas as anomalias e faz-nos compreender que Deus deixa
sempre uma porta aberta ao arrependimento. E para isso, Deus, na sua infinita
bondade, permite-nos encarnar tantas vezes quantas forem necessárias ao nosso
aperfeiçoamento espiritual, utilizando-se deste e de outros orbes disseminados
no espaço. (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, it. 4.)
CONCLUSÃO: a palavra ressurreição
pode ser aplicada a Lázaro, mas não a Elias
Fonte: Centro Espirita Ismael
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