A minha alegria por aqueles dias era
enorme, afinal após um ano de muito estudo eu consegui passar no vestibular,
sentia que todos os meus sonhos começavam a se realizar. Cursaria a faculdade
de medicina e já me imaginava trabalhando em hospitais, auxiliando doentes.
Desde bem pequena a minha vocação já se fazia notar pela minha família. Adorava
brincar com material de curativo, não podia ver um arranhão na mão de minha mãe
que lá ia eu com a minha maletinha de “médica” e a minha mãe me chamava
brincando: - Venha logo doutora preciso que me examine, sinto-me muito mal. Era
tudo uma festa, como gostava de tudo aquilo.
Há três semanas que as aulas já
haviam começado e eu me sentia no céu, tudo naquele ambiente me encantava,
mesmo sabendo que ainda demoraria para começar a praticar, eu sonhava e
sonhava.
Um final de tarde, era verão, um dia
lindo e quente, saía da faculdade cantarolando quando fui abordada abruptamente
por um homem de aspecto estranho e com um olhar ferino. Me perguntou as horas e
onde era o ponto de ônibus mais próximo, eu apesar do medo, mas muito mais a
piedade tomou conta de mim, que parei para com toda delicadeza costumeira em
mim, responder as perguntas daquele homem.
Nesse instante ele com uma arma
escondida de baixo da camisa, apontou para a minha barriga e disse para que
ficasse quieta e andasse ao seu lado, senão me mataria ali mesmo, senti que
fiquei congelada e um enorme pavor tomou conta de mim, fui caminhando ao lado
dele, depois de ter andado um pouco ele me arrastou para um terreno baldio, um
verdadeiro matagal.
Que medo senti, fui estuprada e
torturada de forma que nem me sinto encorajada a dizer, temo chocar demais aos
que lerem essa carta. Enfim foi horrível e pavoroso e fui ali mesmo deixada sem
vida.
Fui dada como desaparecida já que não
retornei ao lar, meus pais loucos de preocupação começaram então junto com a
polícia pelas buscas. Quatro dias depois de muita dor e angustia meu corpo foi
encontrado para desespero total da minha família. Meu corpo ainda estava ali
naquele local, mas meu espírito já havia sido recolhido dali logo após o
desencarne trágico.
Quando acordei rodeada de bons
espíritos fui gradativamente tomando consciência do que me houvera acontecido.
Quer dor senti, que desespero e um ódio enorme tomou conta do meu coração
amoroso e sensível, afinal aquela pessoa destruíra-me o corpo físico e com ele
todos os meus sonhos.
Por muito tempo fiquei amargando
aquele ódio e andava toda desgrenhada como uma louca sem rumo.
O tempo foi passando e comecei a me
lembrar de Deus, dos sonhos que eu tinha de curar enfermos, acabei chegando a
conclusão que aquele homem era doente, ninguém poderia ser tão cruel, e como
doente deveria ser tratado. Pedia a Deus por mim e por aquela alma cruel que
estava muito doente.
Após essa ligação com Deus através da
oração fui imediatamente socorrida e levada para um hospital, lá curaram as
minhas feridas, me lavaram, me deram roupas limpas e eu comecei a sentir enorme
bem-estar. Passei longo tempo sendo tratada, agora sou eu a cuidar dos outros.
Não consegui realizar meu sonho de me formar em medicina, mas consegui aqui o
prazeroso trabalho de ajudar aos enfermos, principalmente os que aqui chegam
como eu cheguei.
O tempo passou e o meu malfeitor
desencarnou, hoje ele vive nas trevas, anda como um louco e eu já tendo
conseguido perdoa-lhe estou sempre orando e procurando meios de ajuda-lo. Tenho
fé que conseguirei. O perdão é a melhor forma de vivermos feliz, sei que é
difícil, mas quando se consegue o bem que sentimos e inenarrável.
Obrigada Jesus amigo pelas
oportunidades que tenho.
Um espírito que conseguiu perdoar.
Muita luz.
Médium: Débora.
Antonio Carlos Piesigilli.
Fonte: Grupo Socorrista Obreiros do
Senhor Jerônimo Mendonça Ribeiro
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