Os velórios e funerais são uma
prática da qual ninguém pode fugir, mas que variam conforme as culturas de cada
povo e, conforme o esclarecimento espiritual que tenhamos acerca da morte do
corpo carnal. O que o Espiritismo tem a dizer sobre isto?
José veio de Angola.
Lembra-se, na traquinice dos seus
então 10 anos de idade, que ir a um velório era uma alegria. Seguia os pais,
não havia capelas mortuárias, o corpo era velado na sala da casa dos
familiares, e ao lado, havia sempre uma mesa bem-posta, tipo aniversário, com
sumos, comidas, bolos, etc.
Joana, há pouco tempo viu o marido
com 30 anos de idade, fulminado pelo cancro. O velório e funeral foram uma
tortura, mil e um beijos, mil e uma vezes a repetir e a ouvir a mesma coisa.
Maria, conhecedora do espiritismo,
aproveitou a desencarnação (falecimento) da sua mãe, para fazer do velório e do
funeral, algo de nobre e digno: no velório, tinha música de fundo, música
clássica, ambiente calmo, tranquilo, vestidos normalmente, sem as cores negras
habituais. “Foi uma maravilha”, referia a própria, que ainda hoje sente
saudades (no bom sentido) da mãe.
Vera, viu a vida carnal do irmão,
ceifada, por um acidente rodoviário, sem que ninguém contasse. Eu fui ao
velório, e fiquei chocado com a falta de respeito pelo defunto, tamanha era a
balbúrdia no espaço do velório, com conversas, risos, anedotas, etc.
Julieta vive no Algarve, é espírita
conhecida. Já foi convidada para orientar vários funerais, onde, de uma forma
calma e lúcida, incentiva os presentes à oração sincera, a leitura de um trecho
espírita, a sua explicação, onde não falta a música suave, seja gravada ou ao
vivo, com viola ou outro instrumento.
Mas, o que é que a Doutrina Espírita
(ou Espiritismo) tem a ver com isto?
A Doutrina Espírita, ou Espiritismo (que
não é mais uma religião nem mais uma seita) provou em 1857, que a imortalidade
do Espírito é uma realidade, e desde então, inúmeros cientistas e
pesquisadores, espíritas e não espíritas, têm comprovado as assertivas
espíritas de meados do século XIX.
A morte carnal é apenas o largar de
um corpo por parte do Espírito, corpo que já não lhe serve, tal como nós
largamos um par de calças, para substituir por outro, quando crescemos e as
calças já não servem. O corpo carnal é apenas o revestimento visível, para se
poder interagir neste planeta, sendo que, uma vez esgotado, o Espírito continua
a sua vida no mundo espiritual, reencarnando mais tarde num novo corpo carnal,
trazendo os conhecimentos e tendências adquiridas em vidas passadas.
O Espiritismo ensina-nos e
explica-nos o porquê da vida, de onde viemos e para onde vamos, numa lógica
assente em pressupostos científicos.
Uma coisa é a morte do corpo de carne
(falência dos órgãos vitais), outra, é a desencarnação (libertação do Espírito
do seu corpo carnal). Nem sempre uma coincide com a outra.
Quando o Espírito é muito
materialista ou muito apegado ao seres que estão na Terra ou em outras
situações, pode eventualmente ficar “ligado” mentalmente aos despojos carnais,
durante um tempo indefinível, variando de caso para caso.
Nesses casos, o Espírito sofre com o
que ouve no seu velório, no seu funeral, as anedotas, as histórias da sua vida,
as críticas que o atingem como lâminas, que avivam as feridas da alma.
Se queremos estar presente num
velório ou num funeral, devemos fazê-lo não por convenção social, mas sim por
solidariedade para com os familiares do defunto, bem como pelo respeito ao
mesmo.
Tal, implica que na presença do
féretro, que tenhamos uma atitude de respeito, normal, não necessitando de
tristezas ou choros desnecessários, que só afligem quer os que cá ficam, que os
que partem para o mundo espiritual.
A atitude de quem entende a morte
carnal com uma passagem para a outra margem do rio da vida, é serena,
tranquila, envolta em pensamentos nobres e espiritualizados, calando defeitos
do defunto, e relembrando apenas as coisas boas da sua vida, de modo a
facilitar a sua transição para o mundo espiritual.
Quanto ao resto, não deixam de ser
apenas rituais mais ou menos folclóricos, de acordo com os hábitos culturais de
cada nação.
Ensina-nos a doutrina espírita, que o
momento é difícil para quem parte, e cumpre-nos a caridade do silêncio, da
serenidade, da alegria contida, e essencialmente da oração sincera em prol do
ser humano que largou as vestimentas carnais, para adentrar mais uma vez a
pátria espiritual, nesse processo reencarnatório que terminará um dia, quando
formos espíritos puros.
Bibliografia:
Kardec, Allan: O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Fonte: ESPIRIT BOOK
Nenhum comentário:
Postar um comentário