A vida é uma passagem tão efêmera e
muitos de nós nos apegamos a pensamentos mesquinhos, mágoas e ressentimentos quando
na verdade somos todos culpados.
Nada acontece por acaso. Quando
reencarnamos nessa terra de expiações, chegamos com a missão muitas vezes do
resgate de dividas com muitos que fazem parte do nosso círculo de afinidades. Essa dívida vem como um
resgate e podem ser na mesma família como no círculo de amizades e trabalho.
Nenhuma pessoa entra em nossa vida por acaso. Temos com elas a oportunidade de crescimento
individual e coletivo.
Existe uma história sobre Chico
Xavier que conta a passagem do seu sobrinho por essa terra. Nela a cunhada de
Chico teve um filho deformado que tinha dificuldades múltiplas e não conseguia deglutir
o alimento então Chico fazia bolos de alimento e colocava em sua garganta para
ajudá-lo a engolir. Com o tempo ele desenvolveu um sentimento de amor pelo
sobrinho como de um pai e pedia a Deus para que a criança não partisse.
Emanuel o orientou que isso só
aconteceria quando os pulmões crescessem, pois não encontrariam espaço e
qualquer gripe o levaria. Próximo de completar doze anos a criança teve uma
gripe que se agravou.
Próximo do seu desenlace a criança
voltou a enxergar e Chico pode ver em seus olhos toda a gratidão pelo amor
recebido. Ela não disse uma palavra, mas seus olhos disseram tudo. Emanuel esclareceu
que depois de 150 anos esse irmão se voltou novamente para a Luz.
Quanto amor e oportunidade de resgate
para ambos. Quantos ensinamentos podemos tirar dessa história. No entanto nem
tudo é falta e resgate. Allan Kardec diz no Evangelho Segundo o Espiritismo que
“Não podemos crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote
a existência sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação de uma determinada
falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a
sua depuração e ativar o seu progresso.
Assim, a expiação serve de prova, mas
nem sempre a prova é uma expiação. (...) sem dúvida, o sofrimento que não
provoca queixumes pode ser uma expiação; mas, é indício de que foi
buscada voluntariamente, antes que
imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso”.
Para que o culpado sinta a
necessidade do ressarcimento ele precisa sentir a necessidade de quitação da
dívida adquirida. O mal praticado precisa ser ressarcido não como punição, mas
como resgate, como aprendizado, correção para a evolução espiritual.
Mesmo com o perdão do ofendido, o
indivíduo que incorreu no erro necessitara com o tempo da reparação do erro
para evoluir com tranquilidade e sentir paz.
Então, o sofrimento não é um castigo,
mas faz parte da lei de Ação e Reação. O livre arbítrio nos possibilita a
escolha, a semeadura e, portanto, escolhemos também a colheita.
No entanto não devemos aceitar a dor
com passividade e sim com resignação que é algo totalmente diferente. Para
muitos espíritas a dor não é fonte de salvação como muitos equivocadamente acreditam, mas sim a
“pedagogia divina” que vem nos ensinar a reconhecer e entender a sua ação como benefício
à evolução espiritual. Assim, se estamos unidos a alguém pelos laços do matrimonio ou
familiares e não temos uma convivência pacifica, o ato de separar-se ou
afastar-se dessas pessoas não resolverá o problema. Se a vida nos uniu nessa existência devemos procurar entender
quais os resgates mesmo que apenas um dos lados entenda e perdoe já estará
contribuindo para a evolução espiritual e assim reparando as arestas da falta.
Isso não impede que se a relação
familiar for insustentável assim como a vida conjugal por conta de fatores como
a violência o afastamento da convivência se faz necessária para evitar a
aquisição de novas dívidas.
“Quantas vezes perdoarei ao meu
irmão? Perdoá-lo-eis, não sete, mas setenta vezes sete. Eis um desses ensinos
de Jesus que devem calar em vossa inteligência e falar bem alto ao vosso
coração. Comparei essas palavras
misericordiosas com a oração tão simples, tão resumida, e ao mesmo tempo tão
grande nas suas aspirações, que Jesus ensinou a seus discípulos, e encontrareis
sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro:
Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas elas
vos for feita; ensinaras a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos
torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e as injúrias, serás doce e
humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os
outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar
sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas
faltas?”.
Não é fácil, sabemos e quem disse que
seria? No entanto, devemos nos por a prova dos ensinamentos de Cristo na busca incessante
de evolução moral. Nós somos devedores tanto quanto nosso próximo e cada um só
pode oferecer aquilo que tem. Não julgue o comportamento e as atitudes do seu
irmão sem antes colocar-se no lugar dele. O caminho e os sapatos do seu irmão
podem ser insustentáveis para você.
Quando sentir-se perder a cabeça e
sentir que irá falar algo que possa machucar a si e a outrem, silencia. O
silêncio nos auxilia na organização de nossos pensamentos bem como nos
proporciona um momento de conexão com
o astral. Mas vigiai seu silêncio procurando sintonia com os bons espíritos
através da oração e dos bons pensamentos. Aprendi a muito tempo atrás assistindo
a um vídeo do Luiz Gasparetto a brigar comigo mesma quando começar com
pensamentos destrutivos, de medo, de angustia e ansiedade. Como ele diz,
“brigue consigo mesma, grite se o lugar permitir, chame a sua atenção.”. Parece
loucura, mas funciona horrores. Nos colocar no
lugar de vítimas constantemente dificulta o entendimento e o respeito ao outro
e suas escolhas.
Nós somos responsáveis inclusive
sobre as expectativas que colocamos nos outros, pois a frustração advém dessa
mania que temos de esperar demais dos outros. Como já disse, as pessoas só podem
dar aquilo que tem. Costumamos com nossa percepção da realidade achar que as
pessoas nos devem algo ou a falsa impressão que poderemos salvar os outros,
corrigir os outros, muitas vezes nos colocando na posição de mártires. Tudo
isso é ilusão. Cada um tem a sua parcela de culpa e primeiramente devemos nos
perdoar e aprender a perdoar o outro.
Podemos ter um relacionamento difícil
com os pais, com uma madrasta ou padrasto, mas a vida pode se encarregar de nos
oferecer situações para que esse perdão aconteça mais cedo ou mais tarde e ele
pode vir pela dor ou pelo amor. Aproveite as oportunidades que a vida lhe
oferece. Perdoar não é fácil, pois está muito ligado ao nosso sentimento de
orgulho, porém é uma lição que depois de aprendida liberta.
E a cima de tudo, agradeça. O ato de
agradecer a vida, a oportunidade, ao amanhecer e entardecer, a um sorriso
espontâneo, é libertador e nos coloca em uma sintonia vibracional que nos faz bem fisicamente. Estudos
afirmam que nosso corpo não consegue sentir gratidão e sofrimento ao mesmo
tempo.
Então, apesar de tudo, agradeça. Essa
lição simples te levará a conseguir as mais difíceis.
Siga em paz.
Que sejamos luz.
Que o Senhor Jesus esteja conosco.
A felicidade é o caminho e caminhando
estou.
Juliana Procópio Christe- Fonte:
Letra Espírita
Bibliografia:
Chico, de Francisco, de Adelino da
Silveira
O livro dos espíritos questão 1000
O Evangelho Segundo o Espiritismo
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