Quando eu era criança, minha família
era católica, minha mãe nos levava na missa de domingo e fiz a comunhão, como
era a tradição da família. Para mim a religião era isso, rezar um Pai Nosso e uma
Ave Maria quando estava aflita e pronto. Caridade e ação no bem era coisa para
padre e freira, ou similares de outras religiões; as pessoas normais só iam à
missa. Essa foi a minha fase de católica não praticante.
Na fase adulta, aos poucos, fui me interessando
por reflexões mais profundas sobre a vida. Os assuntos exotéricos começaram a
me chamar a atenção e li alguns livros sobre o assunto. Depois fui fazer yoga e
estudávamos com a professora, na fase mais aprofundada, livros de autores
hindus, suas leis morais e Os Upanishads, que era a parte final dos Vedas.
Aquilo tudo fazia muito sentido para mim, mas não me completava.
Notei a existência do Espiritismo
porque um casal de tios meus paternos eram espíritas. Depois, num belo dia, eu
procurava um livro que me interessasse na livraria, quando olhei para uma cesta
cheia de livros em oferta. Bem à vista, li “O Livro dos Médiuns, de Allan
Kardec”. Pensei: “Vai que sou médium e estou sendo convidada por espíritos a
ler!”. Levei e quando abri, achei muito complicado. Guardei na prateleira de
livros e lá ficou por um bom tempo parado.
A partir daí, o Espiritismo começou a
entrar devagarinho em minha vida e comecei a ler os livros espíritas, a
frequentar uma casa espírita e rapidamente entrei no Estudo da Doutrina e lia
feito uma sedenta que encontra água no deserto. Finalmente tinha encontrado
algo que fazia sentido, que me completava.
Existem muitas sendas para se chegar
a Deus, mas a minha era essa.
No Espiritismo aprendemos que não
somos “eu” mais, somos “nós”, portanto, a partir de agora não uso mais “eu”
neste ensaio.
Aprendemos que a caridade é que nos
salva, pois quando ajudamos os outros espontaneamente, já é uma evidência que
evoluímos espiritualmente e, pela lei da ação e reação, o bem volta para nós,
logo, ao fazermos os outros felizes, ficamos mais felizes. Todas as células do
corpo sorriem e uma pálida luzinha se acende em nós. Não é mais só dever dos
padres e das freiras ajudarem os outros. Nós somos os instrumentos de Jesus
para que todos se sintam felizes. Somos médiuns dos Espíritos parecidos
conosco, ou pouco mais ou menos evoluídos. Vamos viver várias vidas até que os
nossos sentimentos sejam humanos de verdade, então não precisaremos viver num
corpo denso de carne.
Aprendemos que um verdadeiro Espírita
é o que atua, age no bem e tenta não falar mal dos outros, não julgá-los, não
criticá-los, ser menos orgulhoso, menos vaidoso e menos egoísta. Mas todos nós
sabemos o quanto é difícil. Jesus disse: “Sedes perfeitos”, mas sabemos que não
é fácil. Custa muito caro o trabalho de “conhecer-se a si mesmo” e descobrir as
sombras que não queremos enxergar, vida após vida.
Assumimos um compromisso com a casa
espírita onde trabalhamos o que para os outros é fanatismo, é coisa de padre,
pastor, freira etc. Aliás, lá aprendemos na prática que os maiores necessitados
somos nós mesmos. Lá é onde compreendemos que a nossa cura está em nossas mãos,
mas que podemos ser instrumentos de ajuda na cura das pessoas que vão pedir
ajuda e dos espíritos desencarnados trazidos pelos bons espíritos da casa. Lá é
o nosso ensaio de como ser com a família e com todas as pessoas. Tentamos ser
igual com todos sempre, mas são tentativas, ainda erramos, muito. Aceitamos
qualquer pessoa nas casas espíritas, independente do credo, cor ou sexo.
Aprendemos que precisamos ser muito
resolutos e disciplinados para treinar o nosso teimoso cérebro, que se
acostumou a fazer tudo automaticamente de acordo com o ego, não com o bom
senso. Descobrimos que somos totalmente responsáveis por absolutamente tudo que
nos acontece. Isso nos dói, por isso muitos fogem.
O ideal do Espírita é ser bom,
melhorar-se, conhecer-se, assim aprimorando a mediunidade para sintonizar-se
com espíritos bons.
E sobre a humildade? Emmanuel, o
Espírito mentor de Chico Xavier, nos orientou: “Seja humilde para evitar o
orgulho, mas voe alto para alcançar a sabedoria”. Isso implica o uso da razão.
Precisamos saber mais, crescer intelecto e moralmente, mas não precisamos sair
por aí nos jactando, pois somos espíritos endividados e com muito a crescer e
não somos melhor que ninguém, se temos o que temos foi pura misericórdia
divina, recebemos muito mais do que merecemos.
Jesus nos ensina que se conhece a
árvore pelos frutos que dá. Graças a Deus, o Espiritismo tem dado bons frutos.
É só fazer uma busca no google e ver as obras de caridade do espiritismo pelo
Brasil e pelo mundo. Existem outras organizações no planeta que fazem muita
caridade, pois são vários os caminhos a Deus. Qualquer um pode ser bom e
conquistar o Reino do Céu que Jesus falava, é só se esforçar e agir, pois temos
Deus na nossa consciência. Isso, aprendemos no Espiritismo também. E muito mais
que está na Codificação de Kardec e em muitas outras obras psicografadas por
grandes espíritas.
Aprenderemos também que o Espiritismo
avança lado a lado com a ciência, explicando sobre forças imateriais sensíveis
pelos sentidos humanos, não pelos olhos que vêm a matéria. E mostra que vamos
evoluindo até ser um espírito de Luz; qualquer um pode, é só querer curar-se.
As pessoas normais a que me referi no
primeiro parágrafo são as sem religião, materialistas, com a consciência
adormecida, centrados em si mesmos, mas agora, o planeta está numa
transformação e todos os “normais” estão sendo convidados por Jesus a serem
anormais, ou seja, aceitarem Deus e acordar para a vida verdadeira. Ele nos
fala no Seu Evangelho que o Espiritismo é a terceira tentativa para alertar os
que dormem. Estamos na undécima hora, mas tem vaga ainda para merecer herdar a
terra, mas precisamos ser mansos de coração, bem com Jesus mostrou e mostra,
porque Ele nunca nos deixou e quem nunca foi não precisa voltar.
A descoberta disso tudo é uma
salvação. Agradeçamos a Jesus, a Espiritualidade Maior, a Deus, que nos enviou
Kardec e todos os outros que o sucederam e solidificaram o Espiritismo que tem
salvado muitas vidas encarnadas e desencarnadas no Planeta Terra. Agradeçamos
por sempre estarem conosco. Que bom ser anormal!
Maria Lúcia Garbini Gonçalves
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