A
Hidra de Lerna, da mitologia grega, na sua insaciável sede de
sangue, ressurge, na atualidade, multiplicando-se em forma do
hediondo terrorismo.
Os
fantasmas do medo, da revolta, das lutas sem quartel, corporificam-se
nas massas alucinadas gritando por vingança, sem se importar com o
número de vidas que sejam estioladas, nem com as formas cruentas a
que sejam submetidas.
Os
direitos do homem e da mulher, dolorosamente conseguidos ao largo da
História, cedem lugar ao abuso do p oder desenfreado, da loucura
fanática de minorias infelizes, que acendem o estopim do barril de
pólvora dos ódios mal contidos.
Entre
as elevadas conquistas do desenvolvimento ético e moral da Terra,
destaca-se a liberdade, representada nas organizações políticas
pelos regimes democráticos, veladores da honra de bem viver e deixar
que os demais também o vivam. Dentre esses direitos inalienáveis, a
liberdade de expressão alcançou nível superior para o
comportamento humano.
Não
há, portanto, limite sagrado ou profano, proibido ou permitido,
dependendo, exclusivamente, do estágio intelecto-moral da sociedade
e dos seus cidadãos, que optarão pelo ético, pelo saudável e pelo
favorável ao desenvolvimento espiritual da Humanidade.
Sofista
por excelência e ético na sua essência, Sócrates defendia a
liberdade de expressão num período de intolerância e de sujeição,
de arbitrariedades, que ele condenava, havendo pago com a nobre
existência a elevada condição d e exaltar a beleza e a verdade.
Jesus,
na Sua ímpar condição, respeitou essa gloriosa conquista – a
liberdade de expressão – não se permitindo afetar pelos inditosos
comportamentos dos seus opositores contumazes… E fez-se vítima
espontânea da crueldade e do primarismo daqueles que O temiam e, por
consequência, O odiavam.
Legou-nos,
no entanto, no memorável discurso das bem-aventuranças as
diretrizes éticas para a conquista da existência feliz através da
aquisição da paz.
Em
momento algum limitou, excruciou ou lutou contra o amadurecimento
espiritual do ser humano.
Sua
doutrina, conforme previra, foi submetida ao talante dos poderes
temporais e transformada em arma terrorista esmagadora que dominou as
massas humanas por longos séculos de medo e de horror.
Há
pouco mais de duzentos anos, no entanto, a França e, logo depois, os
Estados Unidos da América do Norte desfraldaram a bandeira dos
direitos à liberdade, à igualdade e à frat ernidade. E houve,
desde então, avanços incontestes no comportamento dos povos,
diversas vezes afogados no sangue dos seus filhos em insurreições
internas, em guerras internacionais, embora muitos interesses
subalternos, para que lhes fossem preservados esses soberanos
direitos.
Os
temperamentos primários, porém, ainda predominantes em expressivo
número de Espíritos rebeldes, incapazes de compreender os valores
humanos, têm imposto a sua terrível e covarde adaga em atos de
terrorismo, tendo como pano de fundo as falsas e mórbidas confissões
políticas e religiosas, que dizem abraçar, espalhando o caos, o
terror, nos quais se comprazem.
A
força das suas armas destrutivas jamais fixará os seus postulados
hediondos, pois que sempre enfrentarão outros grupelhos mais
nefastos e sanguinários que os vencerão. Após o triunfo de um
bando de bárbaros por um tempo e ei-los desapeados da dominação
por dissidentes não menos cruéis…
Assim
tem sido na História em todos os tempos.
Os
mongóis, por exemplo, conquistaram a Índia, embelezaram-na,
realizaram esplendorosas construções como o Taj Mahal, pelo
imperador Shah Jahan, a fortaleza dita inexpugnável guardando a
cidade e as minas de diamantes da Golconda, enquanto se matavam para
manter-se ou para conquistar o trono – filhos que assassinaram os
pais ou os encarceraram, ou os enviaram para o exílio, como era
hábito em outras nações – para depois sucumbirem sob o guante de
outros voluptuosos dominadores mais hábeis e mais selvagens.
Criaram
armas terríveis, como os foguetes com lâminas aguçadas e os
imensos canhões, terminando vencidos, após algumas glórias, pelas
tropas inglesas que invadiram o país, submetendo-o por mais de um
século ao Reino Unido, desde o reinado de Vitória.
Mais
tarde, a grandeza moral do Mahatma Gandhi, com a sua misericordiosa
não violência, libertou-a, restituindo-a aos seus primitivos
filhos. Nada obstante, após o seu assassinato, a Índia continuou e
permanece até hoje vítima do terrorismo político e religioso
desenfreado, sem a bênção da paz, a dileta filha do amor.
Somente
quando o amor instalar-se no coração do ser humano é que o
terrorismo perverso desaparecerá e os cidadãos de todas as pátrias
e de todas as confissões religiosas se permitirão a vera liberdade
de pensamento, de palavra e de ação.
Com
efeito, esse sublime sentimento não usará da glória da liberdade
para denegrir ou punir pelo ridículo, porque respeitará todos os
direitos que a Vida concede àqueles que gera e mantém.
Para
que esse momento seja atingido, faz-se urgente que todos, mulheres e
homens de bem, religiosos ou não, mantenham-se em harmonia,
respeitem-se mutuamente e contribuam uns para a plenitude dos outros.
Infelizmente,
porém, na atualidade, em que predominam o individualismo, o
consumismo, o exibicionismo, espúrios descendentes do egoísmo,
facções terroristas degeneradas disseminarão na Terra o crime e o
pavor, até que seus comandantes e comandados sejam todos exilados
para mundos inferiores, compatíveis com o seu estágio de evolução.
Merece,
igualmente, neste grave momento, recordar a frase de Jesus: Eu venci
o mundo! (João, 16:33)
Todos
desejam, por ignorância, vencer no mundo.
Ele
não foi um vitorioso no cenário enganoso do mundo, mas o triunfador
sobre todas as suas ainda perversas injunções.
O
terrorismo passará como todas as vitórias da mentira, das paixões
inferiores e da violência, porque só o amor é portador de
perenidade.
Vianna
de Carvalho
Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica
da
noite de 7 de janeiro de 2015 (quando ocorreu o ataque terrorista
em
Paris), no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,
Bahia.
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