Kardec,
em sua época era reconhecido pelos seus contemporâneos como
autoridade no tocante aos temas da novas descobertas entre a relação
dos mundos visível e invisível. Tanto sim que frequentemente
buscavam-no a fim de receber sua opinião relacionada aos inúmeros
fenômenos além matéria. Foi assim quanto ao poder de objetos,
talismãs e adereços. Teriam, eles, poder de descortinar o passado
de alguém ou prever o futuro, ou, ainda, atrair os Espíritos? Há,
nesses objetos, algo que possa denominá-los, assim na forma vulgar,
como objetos mágicos?
Dentre
as muitas vezes que Kardec abordou o tema medalhas, símbolos e
demais, trago para reflexão um texto que consta na Revista Espírita,
novembro de 1858, com o título: Os talismãs – medalha
cabalística.
Uma
senhora, médium sonâmbula, havia informado que determinada medalha
tinha poderes especiais de atrair os Espíritos. Pediram a opinião
de Kardec a respeito. Kardec, logo de início, já explica que os
Espíritos são atraídos pelo pensamento e não pelo objeto em si.
Espíritos
que se apegam a esses objetos são, ainda, inferiores mesmo que
estejam agindo de forma honesta. É que conservam, mais ou menos, as
manias e ideias que tinham enquanto encarnados. Portanto, nada fora
do esquadro que repitam este modelo mental no mundo dos Espíritos.
Por outro lado há, também, os Espíritos zombeteiros, ou no
linguajar atual, gaiatos, que gostam de divertirem-se á custa da
ingenuidade alheia. O foco, portanto, é o pensamento e é este que
acaba por atrair os Espíritos.
Imagine
que você deposita uma fé inabalável de que um copo qualquer pode
atrair um bom Espírito. E todos os dias você reserva um tempo para
olhar no interior deste copo a fim de atrair os bons Espíritos para
um contato. Você ora com fervor e sinceridade e os Espíritos
comparecem, serenam teu coração, sugerem-te bons conselhos,
ajudam-te a responder as mais intrincadas questões íntimas e por ai
vai. Você pode achar que o poder está no copo. Contudo, a realidade
é que a força está relacionada ao teu pensamento e sentimentos
para que tragam os bons Espíritos em teu benefício. O copo é
apenas um amuleto e, caso seja descartado nenhuma alteração haverá
se você prosseguir na busca dos bons Espíritos com sinceridade e
fervor.
A
ideia de Kardec é tornar o contato com os Espíritos uma coisa mais
espiritual do que material. Se antes havia uma suposta “necessidade”
do material para interagir com o espiritual, Kardec a retira e mostra
que isto é desnecessário. O contato com os Espíritos é feito de
coração para coração, de mente à mente. Não é a matéria, ou
seja, o objeto que atrai os Espíritos, mas o pensamento, o coração
conectado e a vontade do indivíduo.
Há,
todavia, uma observação a ser feita. Os objetos podem ser
magnetizados e, com isso, “adquirirem” algumas propriedades
especiais, mas de forma passageira. Imagine alguém dotado de grande
poder magnético, daqueles em que o olhar é penetrante e traz uma
força indescritível. Este indivíduo direciona seu olhar a uma
medalha, seu pensamento naquele objeto é firme e forte no intuito de
magnetizá-lo. Pois bem, é possível, sim, que alguém ao tocar este
objeto, agora já impregnado com o fluido a ele direcionado, sinta
sensação diferente, ou mesmo entre em transe por conta da “força”
que contém, momentaneamente, o material.
Perceba,
todavia, que o poder não está no objeto em si, mas na força do
pensamento que a ele foi direcionada.
Kardec,
como trabalhava com evocação, na Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas, evocou São Luís e pediu que este manifestasse sua
opinião relacionada ao assunto.
Parece-me
que o benfeitor considerou o tema já amplamente debatido e questão
encerrada, pois após algumas diretrizes, bem semelhantes ao
pensamento de Kardec, sugeriu que ele – Kardec – se
ocupasse de coisas mais sérias.
Em
todo caso, o tema em questão pode desdobrar-se e dar origem aos mais
diversos questionamentos como, por exemplo, se há objetos com mais
ou menos condições de absorver os fluidos magnéticos e ficarem
mais ou menos tempo impregnados com estes.
Há
muita coisa interessante a pesquisar.
Quê
tal?
Autor:
Wellington Balbo
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