O
ateísmo surge na Europa na Antiguidade e ganha força a partir do declínio do
feudalismo, e do surgimento da civilização humanista durante o Renascimento.
Está ligado ao racionalismo e à exaltação da ciência empírica no contexto de
uma nova economia, fruto dos interesses da burguesia emergente. Enfatiza o
ideal de autonomia da razão e a recusa de explicações de origem sobrenatural.
Identifica-se com o iluminismo e o processo de secularização da sociedade e do
estado em oposição ao antigo regime. O ateísmo é o inverso do Espiritismo,
pois, em sua doutrina nega a existência de Deus. Daí a sua perniciosidade para
a sociedade humana. Figurando a questão poderíamos dizer que o ateísmo é o
veneno e o espiritismo o remédio. Só o Espiritismo é capaz de rechaçar o
ateísmo, corroendo-o em suas próprias bases.
O
Espiritismo também prioriza a razão, não são apenas os materialistas e
ateístas. Kardec deixa claro essa questão na conclusão de “O Livro dos
Espíritos” no penúltimo parágrafo, quando declara que “o argumento supremo deve
ser a razão.”
Bem
sabemos das patuscadas das religiões que promovem o sobrenatural através dos
milagres, mas, religião e sobrenatural não são sinônimos; o Espiritismo deixa
claro isso quando fala de uma religião natural baseada nas leis naturais e na
consciência da própria criatura, que traz em sua casa mental a herança ou, como
diria René Descartes, “a marca do Criador”.
A
propagação do ateísmo e do materialismo é preocupante e nos dias atuais cresce
o número de pessoas que declaram-se sem religião. Até os anos 70, elas eram
menos de 1% da população. Nos anos 90, 5,1% e atualmente chegam a 7,3% segundo
dados do IBGE.
Segundo
dados da Enciclopédia Britânica, em 1994 cerca de 240 milhões de pessoas
declaravam-se ateístas (ativamente contrárias a qualquer religião) e mais de
900 milhões diziam-se não-religiosas (sem nenhum tipo de crença).
A
Doutrina Espírita é sem dúvida, a saída deste labirinto confuso e vazio em que
o homem se meteu; precisamos divulgar cada vez mais a Doutrina dos Espíritos
superiores. O vazio espiritual deve ser preenchido com fé raciocinada. A fé e a
razão são faces da mesma moeda.
Os
materialistas têm alergia ao sobrenatural, bem sabemos, mas, fiquem tranqüilos,
Kardec não foi um místico exaltado, como pensam alguns; foi, além de professor
e escritor, um pensador profundo que viveu intensamente sua época. Kardec
quando foi convidado pelo Sr. Fortier para assistir o fenômeno das “mesas
girantes”, que além de se moverem, também falavam quando magnetizadas; agiu da
mesma forma que agiria um incrédulo rigoroso: “Só acreditarei quando o vir e
quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se
sonâmbula. Até lá, permita que
eu não veja no caso mais do que um conto para fazer-nos dormir em pé.” Grifei algumas palavras para
melhor entendimento da questão em análise.
Depois
de muito estudo e observação o Codificador Espírita conclui:
“As
comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural
das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações
se acham vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se
generalizaram e tornaram patentes a todos.”
Kardec
que também era avesso as carolices da religião tem uma advertência para os
ateístas e materialistas:
“Com
efeito, a religião se funda na revelação e nos milagres. Ora, que é a
revelação, senão um conjunto de comunicações extraterrenas? Todos os autores
sagrados, desde Moisés, têm falado desse espécie de comunicações. Que são os
milagres, senão fatos maravilhosos e sobrenaturais, por excelência, visto que,
no sentido litúrgico, constituem derrogações das leis da Natureza? Logo,
rejeitando o maravilhoso e sobrenatural, eles rejeitam as bases mesmas da religião.
Não é deste ponto de vista, porém, que devemos encarar a questão.”
Depois
da advertência vem a orientação com a segurança de quem mergulhou nas águas
profundas do conhecimento espiritual:
“Somente
o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode remediar esse estado de
coisas e tornar-se, conforme disseram os Espíritos, a grande alavanca da
transformação da Humanidade. A experiência deve esclarecer-nos sobre o caminho
a seguir. Mostrando-nos os inconvenientes do passado, ela nos diz claramente que
o único meio deles serem evitados no futuro consiste em assentar o Espiritismo
sobre as bases sólidas de uma doutrina positiva que nada deixe ao arbítrio das
interpretações.”
Dito
isto conclui:
“A
doutrina materialista é, pois, a sanção do egoísmo, origem de todos os vícios;
a negação da caridade – origem de todas as virtudes e base da ordem social – e
seria ainda, a justificação do suicídio.”
Diante
das instruções arroladas pelo insigne Codificador Espírita, devemos cada vez
mais, estudar e divulgar a Doutrina Espírita, para não darmos motivos aos que
pensam que ela é estéril e vazia.
Bernardino da Silva Moreira
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