Qual o homem que, nas horas de silêncio e
recolhimento, já deixou de interrogar a natureza e o seu próprio coração,
pedindo-lhe o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do Universo?
Onde está aquele que jamais procurou conhecer
seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma
realidade?
Não seria um ser humano, por mais
descuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes, esses
tremendos problemas.
A dificuldade de os resolver, a incoerência
e a multiplicidade das teorias que têm sido feitas, as deploráveis conseqüências
que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto
confuso, fatigando o Espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao
ceticismo.
Portanto, o homem tem necessidade do
saber, da luz que esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e
sustente.
Mas tem também os meios para conhecer, a
possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua
benfazeja luz.
Para isso, deve se desligar dos sistemas
preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a
todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da
consciência. * *
Quando encontra a Inteligência Suprema,
Causa primeira de todas as coisas, e reconhece nela uma gerência grandiosa de
todas as Leis do Universo, o coração do homem se acalma.
Não estamos abandonados neste planeta. Não
estamos sendo geridos por leis frias, mecânicas apenas, mas por algo que é
soberanamente justo e bom.
Ao chamar essa Inteligência de Pai, o
Mestre dos mestres, Jesus, revelou um aspecto até então pouco conhecido do
Criador: o aspecto amoroso de um progenitor que cuida de Seus filhos com todo
carinho possível.
Quando encontra a si mesmo, como um ser
imortal, incorpóreo, que teve início e nunca terá fim, o homem passa a enxergar
tudo de forma diversa.
O ser que se vê e se sente imortal, não
pode viver da mesma forma que antes.
O que valoriza, o que anela, o que escolhe
para seus dias é diferente. Tem menos a ver com prazeres passageiros e mais a
ver com as semeaduras duradouras.
Quem se vê imortal cuida melhor dos seus
amores, sem tanto apego, sem desespero e ansiedade, pois sabe que nunca os irá
perder.
Vislumbra na pluralidade das existências
novas chances de se reinventar, de reescrever sua história, aprimorando
continuadamente a si mesmo, sem culpa e sem medo.
A verdade, os porquês da vida, nunca
estiveram distantes de nós. Foi nossa ignorância e sonolência moral que nos
apartaram das respostas.
Chegou o tempo de entender a vida como
nunca antes fizemos.
Chegou o tempo de despertar, de
compreender e compreender-se.
Redação do Momento Espírita com base no
cap. 1, do livro O porquê da vida, de Léon Denis.
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