Uns não
acreditam nas comunicações dos espíritos, outros acreditam demais e querem
obtê-las com a facilidade de uma ligação telefônica. Nem tanto ao céu, nem
tanto à terra! Se as comunicações entre as criaturas terrenas nem sempre são
fáceis, que dizer das que se processam entre os espíritos e os homens? Muita
gente procura o médium como se ele fosse uma espécie de cabina telefônica. Mas
nem sempre o circuito está livre e muitas vezes o espírito chamado não pode
atender.
Não há
dúvida que estamos na época profetizada por Joel, em que as manifestações se
intensificam por toda parte. Nem todos os espíritos, porém, estão em condições
de comunicar-se com facilidade. Além desazo, a manifestação solicitada pode ser
inconveniente no momento, tanto para o espírito quanto para o encarnado.
A morte é um
fenômeno psicobiológico que ocorre de várias maneiras de acordo com as
condições ídeo-emotivas de cada caso, envolvendo o que parte e os que ficam. A
questão 155 de O Livro dos Espíritos explica de maneira clara a complexidade do
processo de desencarnação. Alguns espíritos se libertam rapidamente do corpo,
outros demoram a fazê-lo e isso retarda a sua possibilidade de comunicar-se.
Devemos
lembrar ainda que os espíritos são criaturas livres e conscientes. Não estão ao
sabor dos nossos caprichos e nenhum médium ou diretor de sessões tem o poder de
fazê-los atender aos nossos chamados. Quando querem manifestar-se, eles o fazem
espontaneamente, e não raro de maneira inesperada. Enganam-se os que pensam que
podem dominá-los. Já ensinava Jesus, como vemos nos Evangelhos: o espírito
sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai.
É natural
que os familiares aflitos procurem obter a comunicação de um ente querido. Mas
convém que se lembrem da necessidade de respeitar as leis que regem as
condições do espírito na vida e na morte. O intercâmbio mediúnico é um ato de
amor que só deve realizar-se quando conveniente para os dois lados. O
Espiritismo nos ensina a respeitar a morte como respeitamos a vida, confiando
nos desígnios de Deus. Só a misericórdia divina pode regular o diálogo entre os
vivos da Terra e os vivos do Além. Façamos nossas preces em favor dos que
partiram e esperemos em Deus a graça do reencontro que só Ele nos pode
conceder.
Muitos
religiosos condenam as comunicações mediúnicas, alegando que elas violam o
mistério da morte e perturbam o repouso dos mortos. Esquecem-se de que os
próprios espíritos de pessoas falecidas procuram comunicar-se com os vivos. Foi
dessa procura de comunicação dos mortos, tão insistente no mundo inteiro, que
se iniciaram de maneira natural as relações mediúnicas entre o mundo visível e
o invisível. O conceito errôneo da morte, como aniquilamento ou transformação
total da criatura humana, gera e sustenta essas formas de superstição. O
Espiritismo, revivendo os fundamentos esquecidos do Cristianismo puro,
mostra-nos que a comunicação mediúnica é lei da vida a nos libertar de erros e
temores supersticiosos do passado.
Por Irmão
Saulo
Do livro
Diálogo dos Vivos
Médium:
Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires
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