Realmente,
existem regiões espirituais próximas à Crosta cuja paisagem é desoladora,
regiões onde prevalece a sombra , como projeção mental do remorsos dos irmãos
desencarnados que habitam transitoriamente... São regiões de penumbra, onde
prevalece o sofrimento e onde os
espíritos libertos do corpo vagueiam , á procura de si mesmos... . Regiões
inóspitas, arenosas por vezes, pantanosas outras tantas, onde os companheiros
desencarnados expiam as suas faltas entre lamentações e recriminações que não
cessam...
Homens e
mulheres que deixaram o corpo, desnorteados, praticaram crimes, fizeram sofrei,
foram injustos, espezinharam, comprometeram a felicidade do semelhante...
Homens e mulheres fora do corpo que se recusam a subir, porque o arrependimento
lhes pesa de maneira excessiva e os prende à retaguarda, como se ansiassem por
voltar atrás para reparar os males praticados...
Espíritos
que se tornam prisioneiros de mentes poderosas porém desprovidas de qualquer
impulso generoso...Espíritos intelectualizados que caíram sucessivas vezes por
suas artimanhas inconfessáveis e que lutam nas paragens espirituais para se
manterem como estão; fogem à reencarnação, não desejam esclarecimento,
porquanto o esclarecimento os colocaria diante de si mesmos para indispensável
reparação; inutilmente lutam contra os Desígnios Superiores e permanecem em
situação estacionária por longo tempo.
Muitos
desses irmãos, aos quais nos referimos, se arrastam nas regiões de sofrimento
que interpenetram a Terra, não claro, por dezenas de anos, ocultam-se na noite
ou fogem à claridade solar, não conseguindo fitar nada que lhes lembre uma
réstia de luz; não ousam pronunciar o nome de Deus, balbuciam palavras de
desespero entrecortadas de blasfêmias e gritos de revolta, erguem os punhos,
socando o ar, como se estivessem desafiando a Divindade, cospem para o alto,
como se ansiassem, de novo, por cuspir na face imaculada do Senhor, qual
outrora os homens fizeram antes de sentenciá-Lo à morte ignominiosa na cruz.
São regiões extensas, nebulosas, regiões e muitos relâmpagos e trovoes mas
nenhuma chuva, solo estéril por vezes, charcos habituados por aves de rapina e
outros espíritos, praticamente sepultados vivos em lama até o pescoço, como se
estivessem se debatendo numa luta infindável, para não serem tragados de vez...
Evidentemente,
a região espiritual que descrevemos não é uma criação de Deus, que apenas criou
o belo, de Deus, que tão somente disse;” Faça-se a luz, e a luz se
fez....”Essas regiões purgatoriais, que começam aqui mesmo , nas vizinhanças do
solo terrestre, são criadas pelas mentes enfermiças no corpo e, principalmente,
fora do corpo, que se agrupam por afinidade, que naturalmente as atrai pelo
remorso, pela revolta, pela cólera, pelos sentimentos subalternos e paixões
exacerbadas.
Não
acreditamos, todavia, que esses nossos irmãos estejam assim relegados à própria
sorte. Grupos missionários, falanges iluminadas periodicamente descem às
entranhas das obscuras dimensões espirituais, resgatando espíritos perturbados,
assim como habitualmente os nossos companheiros visitam as favelas, os bairros
da periferia, os casebres nos morros, aqueles que habitam palhoças ou
verdadeiras ruínas; os devotados Benfeitores da Vida Maior organizam excursões
socorristas e adentram as trevas com o Evangelho nas mãos, à semelhança de
sublime archote desfazendo a escuridão...
Oremos por
todos eles e por todos nós, que, quase sempre, na intimidade de nós mesmos, nos
situamos, ainda mourejando no corpo de carne, em regiões espirituais idênticas,
pela invigilância, pelo sentimento de orgulho e de ambição, pelos
desequilíbrios que albergamos, pelas nossas aflições e pensamentos contra os
nossos irmãos em Humanidade
Livro :
Falando a Mediunidade
Carlos A.
Baccelli-Odilon Fernandes
Fonte: Blog
Alvorada do Reino
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