Este adágio
popular, embora simples, reflete a mais pura verdade. Analisado apenas por uma
visão materialista, não faria nenhum sentido. A própria história revela
inúmeros casos de figuras que cometeram crimes terríveis, nunca foram punidos e
nem regressaram a estes locais. Entretanto, na visão Espírita, as leis que regem
o universo seguem a justiça Divina, que sempre coloca frente a frente o
criminoso com o seu passado cruel.
Ao
compreendermos um dos principais postulados espíritas, a reencarnação,
passaremos a entender que voltamos ao teatro dos acontecimentos aqui na Terra,
apenas revestidos de nova roupagem, o corpo humano perecível, mas revivendo
situações onde muitas vezes apenas trocamos de papel. Por exemplo, o rico frio
e cruel, pode reencarnar como um pobre operário, trabalhando de sol a sol para
o seu sustento. Ele terá de aprender nas amargas lutas da vida, a respeitar
melhor o ser humano, por saber-se muitas vezes, explorado e desrespeitado.
Poderá, entretanto amenizar a sua experiência difícil, se souber sofrer com
resignação, e procurar de forma digna e honesta mudar a própria situação em que
se encontra. Ou então, optar pela revolta ou criminalidade, mantendo-se por
muito tempo em um ciclo de reencarnações compulsórias (sem direito de escolha),
repetindo as mesmas experiências amargas e dolorosas até que mude de
comportamento. Temos o livre arbítrio, as escolhas são nossas. Embora o
Espírito nunca retrograde, pode estacionar ou mesmo se endividar, contraindo
débitos pesados perante a justiça Divina, que saberá encaminha-lo para as
experiências dolorosas, mas educativas e reparadoras.
Nesta
compreensão da justiça Divina, passamos a entender que na verdade toda a
humanidade, em um grau variável conforme o nível evolutivo é criminoso no
aspecto moral. Ao desrespeitarmos as Leis de Deus, passamos a fazer jus reencarnar
em um planeta como a Terra, situado na escala de aferição moral como de “provas
e expiação”. Qualquer dor ou sofrimento que possamos estar vivenciando nada
mais é que um reencontro com o nosso passado culposo, onde o criminoso sempre
regressa ao local onde cometeu o crime. Mesmo que hoje possamos ter uma vida
pautada pela moral e pela ética, nas experiências pregressas, nem sempre
soubemos nos comportar de forma digna. Uma reencarnação apenas na maioria das
vezes não é suficiente para quitar todos os nossos débitos, conforme a natureza
e grau de agressão que proporcionamos a sociedade. Em uma guerra, o criminoso
não é apenas o soldado cruel que desrespeitou os códigos morais da vida e se
excedeu nas suas ações. O jornalista e aqueles que apoiaram a ação bélica são
igualmente culpados. Um político corrupto, não causa apenas prejuízo ao erário
público, mas é igualmente culpado por ter lesado a educação de crianças, sem
escolas, privando-as de um futuro promissor, e também de ter provocado à morte
de inúmeras pessoas que não tiveram um tratamento médico adequado, pois os
hospitais não tiveram os recursos financeiros disponíveis, já que estes foram
desviados para fins escusos.
Assim, esta
bagagem de iniquidades ainda nos acompanha como uma sombra maligna, que temos
de compreender, e saber elimina-la. O apostolo Paulo nos fala em deixar morrer
o homem o velho (Efésios, 4:20), ou seja, eliminar de nossa alma todas as
tendências para o mal (ciúme, inveja, egoísmo, violência, etc.) e deixar nascer
em nós o homem novo, repleto de virtudes cristãs. Não é uma tarefa fácil, pois
ainda trazemos em nosso subconsciente profundo todo este lixo moral, mas é
possível de eliminá-lo, desde que tenhamos perseverança, estudo e disciplina. A
fórmula sugerida pelo apóstolo Pedro, é de termos a sabedoria suficiente para
procurar sofrer menos na Terra. O pescador de Cafarnaum nos ensina que o amor
lava uma multidão de pecados (1 Pedro 4:8). Em outras palavras, ao modificarmos
o nosso comportamento, eliminamos da nossa alma os estigmas dos erros que
provocam lições dolorosas ocasionadas pela Lei de Ação e Reação que rege o
universo. Nosso carma então se torna mais brando, devido às ações cristãs agora
praticadas, não havendo então a necessidade de um processo de reeducação doloroso.
Neste adágio
simples então, devemos refletir de forma a despertar em nos a humildade, a
compreensão de que temos muito a fazer em termos de reforma íntima. Se
quisermos viver uma sociedade mais justa e cristã, importante que nós mesmos
mudemos o nosso comportamento, passando a nos conduzir na vida dentro da mais
perfeita moral conforme ensinada por Jesus.
Álvaro
Augusto Vargas- União Espírita de Piracicaba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário