Em nossos
atendimentos na pediatria do Hospital do Câncer de Goiânia (Hospital Araújo
Jorge) temos acompanhado de perto o sofrimento, muitas vezes, desesperador dos
pais cujos filhos são portadores de doenças graves. Realmente algumas doenças
são de muito difícil aceitação pelos pais. Muitos deles não se importariam em
sofrer várias vezes mais o que os filhos sofrem, mas se fecham de forma
dolorosa para a vida ao observar diariamente o avançar da doença.
É bastante
comum que os pais se percam em indagações do tipo : - O que eu fiz? Será que na
gestação prejudiquei meu filho? Foi algum remédio que tomei? Foi porque no
início nós rejeitamos a gravidez? É algum castigo para nossa família?
O problema
não é somente se perder nesses questionamentos, mas se deixar levar pela
tristeza e pela melancolia, vivendo quase como zumbi, sem conseguir se
emocionar com mais nada. E quando a evolução da doença leva ao desencarne da
criança, uma depressão profunda, longa e de difícil resolução pode acompanhar
os pais, em especial a mãe.
Dentro de
nossa Comunidade espírita, temos a oportunidade de observar diariamente que a
causa para as doenças graves nas crianças tem raízes profundas no psiquismo,
nas vivências passadas que hoje exigem reparação, disciplina, ensinamento e mudança
de vida. O mais interessante é perceber, que quando a espiritualidade permite a
regressão de vivências passadas até o ponto que chamamos de acordo
pré-encarnatório, os pais, sem exceção, se comprometeram a cuidar e enfrentar o
problema, baseados na vontade de acertar e reparar erros pretéritos.
Quando
desencarnamos, perdemos o corpo físico, essa roupagem transitória, e passamos a
habitar na espiritualidade, de acordo com a nossa "densidade"
espiritual. Já dizia o Cristo, há muitas moradas na casa de meu Pai. Durante
nossa estadia na erraticidade, aprendemos também e muito, sobre valorização da
vida, e podemos observar com outra ótica as dificuldades que passamos, e aí,
iniciamos nossa preparação para a volta, para o reencarne. Nesse momento
mentores amorosos reúnem nossa futura família e passam a traçar planos que
poderão nos levar a tão sonhada libertação espiritual.
Nesse
instante, imbuídos da melhor intenção, e vontade verdadeira de modificar nosso
passado através do amor, enxergamos nas dificuldades programadas em nossas
vidas, imensas oportunidades de mostrarmos ao Pai maior, o quanto o amamos e o
quanto já evoluímos. Aceitamos nossos antigos conhecidos como filhos e
prometemos auxiliá-los nessa nova roupagem, prometendo que tudo faremos para
que a fé e o amor nunca lhes falte. Juramos que vamos entender que eles não são
frágeis e inocentes seres desprotegidos, mas espíritos eternos que vem resgatar
pelo amor e pela dor, débitos do passado, porém com a diferença de que nós
estaremos lá, para ajudá-los.
O papel dos
pais nessa situação não é fácil, é lógico! Mas é necessário entender que somos
antes de tudo cuidadores dos filhos. Eles não são nossos, não são nossa
propriedade e não é nossa responsabilidade tudo o que acontece com eles. Eles
tem vida própria e assim devem viver, porém contando sempre com nossa
experiência e amor, que na maioria das vezes é incondicional. É preciso ter a
certeza absoluta e irrestrita que Deus a tudo governa e dirige, pelo amor. Não
há acasos. A doença na maioria das vezes é uma decisão amadurecida e pensada do
lado de lá, antes do reencarne, uma escolha consciente e de mão dupla, que dá
aos pais e aos filhos a oportunidade de libertação dos traumas e vivências
transatas.
Não podemos
mais desperdiçar as oportunidades que a vida nos trás para demonstrar nossa
capacidade de resignação ativa, lutando pela vida, mas tranquilos e com fé. Se
você é pai de uma criança com um problema grave, persista, ame, mas procure
ajuda na sua família, na sua religião, independente de qual ela seja, pois em
todas existem pessoas bem intencionadas e dispostas a te ajudar nesse momento
importante. Se você já vivenciou algum problema dessa monta, ajude quem
necessita e se vê sem saída, fale de suas dores, e dê seu testemunho e exemplo.
Se você tem
um filho saudável, não espere que ele adoeça para expressar a ele o quanto o
ama, e mostrar a Deus a sua gratidão. Faça isso agora mesmo.
Paz e luz!
Postado por
Sérgio Vencio –Blog-Medicina e Espiritualidade
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