"As
motivações para o espírito ficar próximo ao plano material logo após a morte do
corpo são todas negativas, pois o caminho natural do espírito é se afastar, distanciar.
Portanto, a escolha da proximidade corresponde a um uso intensivo dos recursos
negativos que um espírito cultivou ao longo do tempo. Este uso maciço de
negatividades geralmente gera confusão mental, percepção fantasiosa da
realidade e um grande número de sentimentos negativos. É um mergulho no “fundo
do poço” que cobrará um grande esforço para o espírito se reerguer. (Este
raciocínio não vale para os espíritos mais evoluídos.)"
O fluir
natural dos acontecimentos que se sucedem à morte do corpo é o desligamento do
perispírito e do espírito deste corpo. Esta separação física é seguida de uma
separação espacial. Ou seja, o espírito desloca-se para outros lugares.
O encarnar é
um momento especial, o desencarnar também o é. Em condições normais, o espírito
aceita o auxílio de outros espíritos, o que facilita sua adaptação à realidade
de espírito desencarnado. Esta readaptação inclui a retomada de memórias que
estavam isoladas e sem ação no período encarnado. Esta retomada de memórias
afeta profundamente sua identidade, ou seja, (em condições ideais) o espírito
deixa de se identificar com a última encarnação e passa a se identificar com
sua única vida, a vida do espírito.
Um espírito
pode ter tido centenas de encarnações, com qual delas irá se identificar no
plano espiritual? Com nenhuma. Ele irá identificar-se com a vida do espírito, a
menos que esteja patologicamente apegado à uma encarnação qualquer. O espírito
não é pai, não é irmão, não é homem, nem mulher. Não é rico ou pobre, feio ou
bonito. Com o desencarne (morte) e a retomada das memórias muito amplas do
espírito, a vida encarnada passa a ser como um barco que aos poucos vai sumindo
no horizonte.
Portanto, o
fluir de um desencarne é o desapego e a desidentificação. A vida continua em
outras condições e com outras necessidades evolutivas imediatas. A vida do
espírito torna a experiência encarnada recente uma entre centenas de outras
encarnações. (Para o espírito a vida encarnada atual é importante; mas, é
importante como as outras centenas.)
Quanto menos
evoluído é o espírito mais difícil é ele se desapegar e se desidentificar.
Espíritos atormentados, dominados pelas emoções e pelos traumas, costumam se
agarrar ao máximo à vida que existia antes do fim do corpo. Chegam a viver uma
vida de delírio, mantendo-se próximos fisicamente ou energeticamente e, ao
mesmo tempo, delirando uma realidade que não existe.
Um pai que
falece pode ter a necessidade compulsiva de proteger seus filhos. Seu esforço
será por manter o máximo de proximidade, procurando influenciar suas vidas. O
apego pode torná-lo um obsessor de sua família. Irá prejudicar seus familiares
e pouco ajudará. Com o tempo terá que aprender a necessidade do desapego e a
importância de deixá-los seguir suas próprias vidas.
Espíritos de
luz costumam ajudar estes espíritos. Tentam resgatá-los para um bom caminho.
Quando aceitam ajuda tudo fica mais fácil. Por outro lado, quando se revoltam,
não aceitam e não se adaptam à nova realidade, tudo fica mais difícil.
A morte é,
portanto, acompanhada de descobertas e desafios. A nova vida do espírito deve
se impor. Esta vida continua em outras condições e em outros locais. Todos nós
já fizemos esta transição do desencarne centenas de vezes. Não há porque ter
medo. Somente não lembramos, pois estas lembranças estão protegidas e só devem
ser acessadas através da ampliação da consciência ou como terapia.
Na
realidade, quando o espírito encarnado evolui as memórias de encarnações
passadas ficam MENOS protegidas. Milhões de pessoas, que estão evoluindo
espiritualmente, estão tomando consciência de várias encarnações e de vários
desencarnes. Sabemos mais sobre nós mesmos à medida que a consciência é
ampliada.
Devemos nos
preparar psicologicamente para aceitar o falecimento, seja nosso, seja de um
membro querido. O processo de vida encarnada finalizou e não aceitar o que é
real somente aumenta o sofrimento e dificulta a retomada/evolução da vida.
Deve-se
cultivar a gratidão à todos os antepassados desencarnados. Ser grato facilita a
transmissão de energia entre encarnados e desencarnados. Isto torna mais
agradável a vida de todos.
Autor: Regis
Mesquita
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